Entrevista com Tavares

11/05/2010

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

11/05/2010

Tavares ou Esteban, Abril, Fresno ou projeto solo: nascido no interior do Rio Grande do Sul, Rodrigo Tavares não consegue se apegar a apenas um nome, uma atividade ou uma sonoridade. Prestes a entrar em estúdio para gravar “Adiós, Esteban“, o músico concilia a carreira solo com sua banda, a Fresno, que se prepara para lançar CD e clipe novos em julho.

Ao falar sobre música, mostra que gosta do que faz mas pretende ir mais longe. Aceita sugestões de produtores e companheiros, mas tem sua opinião clara. Na entrevista que deu para NOIZE, Tavares mostra que entende como poucos a cena musical (tanto a brasileira quanto a internacional), mas que não consegue se dar por satisfeito e segue em busca de mais.

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Texto: Gustavo Foster

Fotos: Gustavo Vara

NOIZE: Tu sempre citas Paul McCartney, Humberto Gessinger nas tuas influências. São artistas que tocam rock mas conseguiram se tornar pop. É essa a tua intenção?

Rodrigo Tavares (Esteban): Eu acho que eles se tornaram populares por serem realmente muito bons. O Paul McCartney inventou a música pop, sabe? Ele juntou o rock n’ roll (que até então era muito baseado numa sequência harmônica muito característica) com todas as possibilidades que o jazz e o R&B proporcionavam. Ele começou a fazer música fora dos moldes, isso é ser um gênio.
O Humberto é um grande letrista e sempre foi ousado. É um cara inteligente, que sempre deu risada de quem não gosta dele.
Ele é o tipo de cara que nunca vai ser esquecido, ou ter que tocar num boteco e alguém dizer “coitado”. Ele é influência pra muita gente, tem muito fã de verdade. Comparado a eles, eu sou um cara normal, que faço umas músicas aí. É engraçado, porque a maioria das influências desse trabalho vem de banda indie, mas o trabalho é considerado pop. Não sei, quem sabe eu tenha virado popular, mas até que alguém entenda realmente meu trabalho, vou ser visto como um ídolo pop teen. Minha intenção é envelhecer meu público, mostrar minhas canções, cantar. Sem além do “baixista da Fresno”. Tem muita coisa que eu escrevo que não se encaixa na Fresno. E tem vezes que eu quero cantar… essa coisa de alimentar o ego.

Tu achas que o Brasil aprendeu a aceitar artistas pop? E os artistas brasileiros conseguem fazer pop como gringos?

T: Não sei, cara. A gente tem uma concepção de pop, que a maioria do povo não tem. Para a massa, pop é o Calypso, o sertanejo universitário, o Luan Santana. Quem faz rock no Brasil é considerado estrangeiro. E isso é muito louco. A gente pensa que o Titãs é pop, que o Capital é Pop. Não, o Leonardo é pop! Eu, sinceramente, acho uma vitória eu ter uma carreira tocando numa banda que não tenha apelado pra bunda, pra maconha, pra política. E eu falo sério. Eu sinto o “Esteban” como o trabalho mais indie do mundo, quando comparo com o que tem que ser “pop” nesse país.

Qual a ligação do teu trabalho na Fresno e tudo que tu fez na Abril com a música que tu faz no projeto solo?

T: Acho que tem muita ligação com o trabalho que eu escrevi na Abril, por ser uma coisa muito pessoal. Na Fresno, eu tenho que dividir as composições com o Lucas, e a música acaba com a visão de duas pessoas. Eu falo do que eu penso, é muito sobre o que se passa na minha cabeça. Me espanta a boa aceitação, pois – na verdade – as canções só fazem sentido pra mim.

Tu considera a tua saída da Abril, a ida para a Fresno e o projeto solo uma evolução, uma sequência natural ou fases independentes umas das outras?

T: Foram fases diferentes. Hoje, depois de muito trabalho, eu não tenho vergonha nenhuma de dizer que eu fui a melhor escolha que a Fresno fez. Eu sei, o Lucas e o Vavo sabem o quanto eu me envolvi nisso. Foi a oportunidade perfeita, o Lucas é o melhor parceiro de composição que alguém pode querer. A gente sempre se deu muito bem. Para mim, foi a melhor oportunidade, pois eu não seria 10% do que eu sou se não tivesse entrado na Fresno. Sair da Abril foi ruim, mas foi uma escolha a ser feita, em nome da minha carreira. O Esteban vem pra mostrar meu lado compositor. O que eu vejo da vida enquanto vou ficando mais velho, como eu me sinto com todas essas mudanças.

Quais as tuas principais inspirações para as composições?

T: É a minha vida mesmo. Esse disco que vai sair foi (quase) todo feito em cima de UM fato, que eu resolvi contar de diversas maneiras. O disco poderia se chamar “2009”, devido a ser de uma época muito específica da minha vida. Eu me baseio em minhas experiências, e tento contar com boas melodias.

No disco tu toca todos os instrumentos, certo? Como isso ajuda e como atrapalha o processo de composição?

T: É bom, porque eu já sei exatamente o que eu quero passar. Vou lá e gravo, sem interferência. Eu sempre tenho alguma plataforma pra gravar, então vou fazendo demos e pensando o que pode melhorar. Eu mando em tudo, ninguém fala nada (risos). No disco, o Rick Bonadio vai mixar tudo isso, e – ao contrário do que pensam – ele respeita muito o que o artista quer.

Tu pretendes atingir o público da Fresno? Ou tua ideia é chegar a um outro público? (Ou não há ideia nenhuma, só vontade de gravar algo novo?)

T: Eu quero chegar a outro público, sim. Até porque eu não gosto somente de rock. Acho que minha música pode ser ouvida por muita gente diferente, acho que eu tô apostando numa coisa nova. Tem pouca guitarra, tem piano liderando tudo (mesmo eu não sabendo tocar muito bem). Eu arrisquei, mas acho que deu certo, até agora. Provocar faz parte, e eu não me contento em viver sem adrenalina. A Fresno é uma banda com o jogo ganho. Temos muitos fãs, shows pra milhares de pessoas etc. Quero ter o gosto de poder realizar mais um trabalho positivo. Chamam por aí de “ambição”.

Quais são os teus projetos em andamento? CD e clipe novo da Fresno, CD solo. Fala um pouco sobre eles.

T: O clipe está pronto, o disco novo da Fresno também. Ele sai em julho, e eu nunca gravei nada tão bom. O Rick entendeu muito bem o que queríamos e mixou de uma maneira espetacular. Logo o single novo estará nas rádios e a galera poderá ter uma idéia de como a Fresno vem. O “Adiós, Esteban” sai em Outubro. Começo a gravar durante a Copa do Mundo. Já gravei uma versão de “Muda”, no estúdio Midas, pois sairá um clipe antes do disco. Vou trabalhar para lançar o clipe em agosto.

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11/05/2010

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