Fernando Magalhães instrumental

07/01/2014

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Por: Revista NOIZE

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07/01/2014

Os fãs do Barão Vermelho devem reconhecer de longe os riffs de Fernando Magalhães. O guitarrista, que é um dos responsáveis por dar o tom rock da banda, aproveitou o segundo hiato do grupo para gravar mais um disco solo. Como o seu antecessor, lançado em 2007, “Rock It” é um disco instrumental, só que bem mais direto e mais simples.

O recente trabalho de Magalhães, que saiu em versão digital pela Agência Digital e em formato físico pelo selo Toca Discos, é uma espécie de retorno ao passado e às influências básicas do guitarrista, que se espalham por grupos pioneiros do estilo, como os Beatles e os Stones. “O disco é uma homenagem para toda a galera que estava junto nos anos 70”, adianta o músico.

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E foi para falar sobre “Rock It” que Fernando Magalhães atendeu a nossa ligação. Os melhores momentos da conversa a gente reproduz aqui:

“Rock It” foi coproduzido e também composto, em algumas partes, pelo Roberto Lee. Como nasceu essa parceria, que vem desde o seu primeiro solo?

Eu conheço o Roberto há bastante tempo, desde a década de 80. Quando teve a primeira parada do Barão, em 2001, eu toquei com o Gabriel o Pensador, com a Blitz, e também com o Vinny, aquele do “Heloísa, Mexe a Cadeira”, sabe? Então, o Roberto era produtor do Vinny na época da música, e a gente começou a tocar juntos. Quando eu fui gravar o meu primeiro disco solo e instrumental, em 2007, eu fui fazendo ele tranquilo, sem pressa. Mas, no meio do caminho, ele entrou para fazer a produção. A parceira foi tão legal que estamos juntos até hoje.

“Rock It” não teve pré-produção. O disco foi escrito no momento em que foi gravado?

Isso, nós fizemos ele na hora. Eu não levei nenhuma ideia para o estúdio, diferente de como fiz com o primeiro disco, anos atrás. Naquela vez, eu tinha muita coisa pronta, muita sobra do Barão e ideias antigas, que eu só concretizei ali. Nesse não, no “Rock It” a gente só sabia que queria fazer um disco de rock, mais direto e mais simples que o primeiro.

Há alguma relação entre o disco e os anos 70, época em que você começou a tocar guitarra?

Tem sim. O disco é, na verdade, uma homenagem para todo mundo que está começando a tocar, ou está começando a fazer alguma coisa (risos). Eu sou de 1964 e a minha adolescência foi toda durante a década de 70. Eu sou o caçula da família e os meus irmãos já ouviam rock’n’roll desde os anos 60. Então, eu peguei uma herança de música. A minha adolescência foi muito bacana, eu tinha muitos amigos e a gente foi descobrindo tudo dentro da música. O disco é uma homenagem para toda essa galera que estava junto.

Como foi começar a tocar guitarra? Você se lembra quais os discos que ouviu e que serviram de inspiração naquela época?

Eu sempre gostei muito dos Stones, do The Who, do Led Zeppelin, dos Beatles – os clássicos mesmo. Na década de 70, eu gostava bastante do Kiss, do Nazareth, do Peter Frampton e do Wishbone Ash. Eu aprendi a tocar guitarra com o meu irmão, que me ensinou os primeiros acordes, lá por volta de 1975, quando eu tinha onze anos. Com doze, eu já estava tocando um pouquinho mais e continuo assim até hoje (risos). A verdade é que eu comecei novo, bem moleque. O legal é que hoje tem gente que começa ainda mais cedo.

A capa do disco meio que traduz isso mesmo, dos amigos e da descoberta da guitarra.

Exatamente. A capa tem esse negócio de descobrir a música, descobrir o lance de tocar rock’n’roll, de você estar ali no quarto e ensaiar, incomodar o vizinho e seus pais sendo bem pacientes para aguentar aquilo até tarde (risos). O meu pai, por exemplo, chegava à tardinha do trabalho e sempre acabava com tudo. Foi uma época muito bacana.

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“Rock It” não é um disco com aquilo que se espera de um trabalho instrumental. Você também acha isso?

Eu acho que ele poderia ser, muito bem, um disco cantado. “Rock It” foi feito sem essa mentalidade de criar algo para quem gosta de virtuose, sem esse conceito de ser um álbum de músico para músico, entendeu? Eu acho que daria muito bem para cantar as músicas dele. Quando eu mostrei o disco pro Luiz Carlini, outro guitarrista que é meu amigo, ele me disse exatamente isso, que o meu disco não era instrumental, que ele era cantado com as melodias da guitarra. Eu achei isso muito bacana. O “Rock It” é um disco sem muita curva. Ele é bem papo reto, bem direcionado para a base mesmo, sem muita confusão de arranjo.

Qual é a diferença entre o instrumental do blues, do jazz e o instrumental do seu disco, que é de rock?

Quando você toca jazz, você fica muito mais aberto a outras coisas. Não que o rock não seja assim, mas a música instrumental também possibilita fazer mais coisas. Você não precisa tocar no rádio, você não necessita um disco que seja popular. O meu não é, não no mal sentido. Ele é, simplesmente, um disco para quem gosta daquilo ali.

Fernando, Rodrigo Santos e Frejat: Barão Vermelho ao vivo em 1993. Foto: Arquivo Pessoal

Fernando, Rodrigo Santos e Frejat: Barão Vermelho ao vivo em 1993. Foto: Arquivo Pessoal

Tem uma frase do Frejat que eu acho muito bacana, “a gente faz o disco para a gente”. Eu só espero que os outros gostem, a verdade é essa. O legal é isso, quando você não faz o disco para os outros e eles acabam gostando. Mas respondendo a sua pergunta, o jazz e o blues são mais rebuscados. O jazz é mais técnico, o blues é mais feeling. O rock é puro feeling, sem tantos recursos. Usamos no “Rock It” só guitarra, baixo, bateria e teclado. Ele não tem mais nenhuma outra coisa.

As linhas de guitarra que você compôs para o “Rock It” são muito diferentes daquelas que você escreve para o Barão Vermelho?

Eu acho que sim. O Barão é o Barão, tem uma identidade própria e é uma soma daquelas cinco pessoas ali. Isso proporciona algo bastante único, que é o mesmo que acontece com os Titãs, com os Paralamas. Eu acho que esse disco pega um lado que é só meu. Eu coloquei coisas ali que, de repente, eu não colocaria no Barão, até porque na banda você precisa dar espaço para as outras pessoas. O Roberto Lee nesse ponto é muito bacana, porque se eu fizesse o disco sozinho, faltaria um termômetro, alguém falando o que está achando do trabalho para você. No Barão, você tem esse termômetro o tempo todo.

A música tem um estado de permanente movimento. Levando em consideração isso, o que você faz para se atualizar e se reciclar, musicalmente falando?

Primeiro, eu pergunto para a minha filha o que está acontecendo (risos). Ela tem quatorze anos e ouve muita coisa nova, o que é interessante. E também é importante estar sempre ligado. A gente precisa estar sempre antenado, sempre em movimento também, já que tem muita coisa boa e ruim por aí. Se você me perguntar o que a minha filha tem me mostrado de interessante, eu vou dizer que quase nada. O Arctic Monkeys eu acho legal e algumas bandas norte-americanas também, que sempre fazem um som bacana. Eu adorei o Mumford & Sons, muito legal o último trabalho deles. Não precisa ser nenhuma novidade, só precisa fazer música boa já é uma grande novidade.

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