“Eu quero coisas muito grandes, eu acho que sonhar muito grande foi o que me trouxe até aqui”, afirmou DJ Carola durante papo com a NOIZE. Determinação e autoconfiança foram dois dos principais elementos para Carolina Alcântara, 29, também conhecida como DJ Carola, não renunciar ao seu sonho de viver da música eletrônica. Prestes a subir no palco da 16ª edição do festival Tomorrowland, na Bélgica, Carola despertou o interesse pelo tipo de música, ainda quando era promoter de festas no interior do Rio Grande do Sul.
Natural de Porto Alegre, a DJ foi criada no bairro de Vila Jardim e começou a enxergar importância na arte e na música ainda em casa, por conta da mãe: “Eu tive contato com música de uma maneira muito natural, ainda criança, porque minha mãe gostava muito de bandas de rock e MPB. Então eu me desenvolvi dentro de um ambiente onde eu tinha boas frentes musicais, o que acho que fez com que eu despertasse interesse pela arte e música”, assume Carola.
Na dúvida, ainda na adolescência, sobre qual curso deveria prestar vestibular, Carola recebeu o convite de um primo para frequentar uma festa de música eletrônica: “Foi bizarro, porque o que eu vivia de música naquela época era muito funk do Rio de Janeiro, tipo MC Marcinho e quando eu vi, eu me apaixonei por aquele universo [da música eletrônica]. Ali eu me sentia muito pertencente. Incluída assim na parada, sabe?”.
A inclusão de Carola nas festas fez com que ainda jovem montasse excursão para os amigos e conhecidos conseguirem ir para as festas: “Como as festas eram no interior do estado, a galera não tinha como ir e voltar das festas, então eu alugava um ônibus e vendia os lugares do banco. Minha maior preocupação naquela época era tipo fazer com que as pessoas consigam ir pro rolê se divertir”, diz Carola.
Autodisciplina primordial
Movida pela paixão dos bpms acelerados, a porto alegrense se viu sozinha tendo que aprender do zero, seguindo uma disciplina para conquistar novos locais através da música. “Eu não tinha dinheiro nenhum na época, e o que eu fiz pra aprender na época foi ler muito em blogs. Eu aprendi muita coisa, assim tipo coisas que eu aprenderia em uma escola especializada. Quando eu estava em casa e queria entender como é que funcionava uma controladora CDJ, eu ia no YouTube pesquisava algum vídeo ou assistia os vídeos do Boiler Room, porque demonstrava o CDJ ligado com os DJs tocando”.
De início na carreira, Carola tocava em festas que apareciam no seu antigo emprego, em uma produtora de eventos. Pegando mais experiência, a DJ ainda sentia o espaço na música difícil de ser adentrado: “A galera não olhava pra mim, não tinha o perfil da artista que fazia sucesso na época, a gente tinha um ambiente de música eletrônica aqui no Brasil que estava uma parada virada tipo uma Ibiza, tá ligado? Com modelos e playboys, e eu lá totalmente avessa àquilo, querendo entrar nesse universo.”
Sabedoria para alcançar
Visando o mercado internacional, porém sem se definir num único estilo musical, a DJ começou a estudar sobre produção musical em 2015 e mais recente assinou com a Armada Music, gravadora holandesa cofundada por Armin van Buuren. Igualmente passou a integrar o catálogo da gravadora Atlantic e coleciona parcerias com selos nacionais como a HUB Records.
“Eu gosto de me desafiar dentro do estúdio, eu acho que eu tenho que entregar a arte independente do gênero, do estilo. Se alguém que faz som, me chamar pra me fazer uma música e eu me interessar pelo trabalho, eu vou fazer”, afirma a artista sem pestanejar.
Com datas marcadas nas apresentações do Só Track Boa, em Porto Alegre, no sábado (30) e em Belo Horizonte, no dia 4 de junho, a artista desembarca na Bélgica, para apresentação no dia 29 de julho. “Todas essas coisas que acontecem comigo hoje são fruto de todas as pessoas trabalhando juntas, em prol de uma parada muito maior que é um sonho que não é só meu, sabe? Eu estou muito feliz com isso que está rolando foi uma surpresa muito positiva pra mim”, finaliza Carola que segue mostrando que sonho que se sonha junto, vira realidade.
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