Quase três anos após entrevista dada para a NOIZE, em 2019, Luccas Carlos, 28, cedeu uma conversa, via chamada de vídeo, comentando sobre o álbum recém lançado jovemCARLOS (2022), pelo selo slap, da Som Livre, em parceria com a produtora We4 Music. “Caralho, eu lembro da entrevista, é muito maneiro isso. Eu lembro que eu vi uma entrevista da Billie Eilish que ela tipo dá uma resposta em um ano, depois no outro ano, e depois visualiza as duas respostas nos anos anteriores.”, brinca o carioca.
Lançando as dez faixas, o artista já tinha o nome de seu disco desde 2019, como foi citado em entrevista passada, porém aguardou esse intervalo para um amadurecimento musical. Versátil, o projeto aponta para referências que vão do samba ao trap. “Eu me vejo como uma artista de R&B, mas acho que é pegar a sua realidade musical e levar ela para outros lugares. Porque eu posso fazer um samba, garage, voz e violão. Com o disco a galera me abraçou muito, mas eu acho que os artistas deviam ser mais livres para explorar, quem quer também.”
Seguindo o rumo de suas últimas divulgações, onde o artista lançou o EP Um (2017) há cinco anos, e os álbuns Solar (2020), Luccas Carlos ao vivo (2019) e Um milhão de sonho$ (2018), o disco ganha forma com colaborações de peso: “No contexto geral, o disco inteiro é feito de feats. Se a pessoa não está cantando, ela me ajudou a escrever, como foi o caso do Vitão e do Hodari, que me ajudaram em vários momentos cruciais, eu diria. O Breder, Gee Rocha e o Scalercio, que fez a faixa ‘Incomum’ comigo, enfim, são muitos nomes que me ajudaram.”, explica Luccas Carlos.
+ Entrevista | A trajetória e os próximos passos de Luccas Carlos
Lulu Santos, 69, surge na ficha técnica como um dos compositores da gravação de “Opção”, ao lado de Luccas, Pedro Dash e Luciano Scalercio. Já Nave e WillsBife se mostram na música título, enquanto Chris MC se apresenta na faixa “Mais que isso”.
Em breve homenagem para o cantor e compositor, Lulu Santos publicou nas redes falando que Luccas Carlos é um dos artistas mais interessantes de sua geração. Quando questionado como foi ter tido colaboração do cantor, que tem 40 anos de carreira, em seu disco, Luccas respondeu: “Ter o Lulu ali é um sonho acontecendo, ele já gravou essa música tem um tempo e ele pirou muito em fazer parte do projeto, acreditou em mim, na minha causa e na minha parada, isso foi muito maneiro e muito foda. Para mim ele é um cara gigantesco, ter ele no disco, com uma música, e mais do que qualquer coisa, é uma música do zero, não é nenhuma regravação. Eu não fiz a parte dele, eu não mexi em nada do que ele escreveu, então para mim é um marco para minha história.”
Falando sobre suas vivências tanto na vida pessoal quanto na profissional, o álbum trilha para o caminho percorrido pelo artista, começando na Tijuca, onde escutava o samba de Zeca Pagodinho com seu pai, e se instaurando em São Paulo, pelo rap e trap. “Eu gosto de viver certas coisas [para compor], e esse disco me trouxe muito essa parada. Por exemplo, eu escuto muito Drake e Kendrick Lamar, e são caras que falam de questões que eu acabo passando, não pelo dinheiro, mas pelas questões de relacionamento, de como as pessoas olham para você e isso me inspira muito. Hoje em dia, são coisas que eu entendo o valor, e mais ainda quando isso conecta pessoas, mesmo sendo uma experiência individual, uma ou outra pessoa no mundo pode estar passando por isso, ou já ter passado, e aí ela vai ouvir aquilo ali e vai se identificar de alguma forma. Então acho que hoje em dia eu tenho tentado ser mais pessoal na caneta, porque antes eu dava uma inventada [ri].”, reflete.
Com aparições mais constantes em seu perfil no Tik Tok, o cantor e compositor comenta que esse é um território que ainda está conhecendo e que não julga artistas que fazem dancinhas para o aplicativo: “Eu tava falando disso semana passada, é muito doido ver o que está acontecendo. Eu entendo assim, que eu nunca vou dizer ‘não, vou fazer uma música muito direcionada para isso’, porque eu realmente não consigo; e todo gênero tem uma dancinha, é outra parada. Mas eu tô ali, vendo qual que é, tô me divertindo. Eu não preciso estourar lá, hoje, às 17h30 da tarde. Eu vejo muita coisa de fora, me interessa muito os filtros, mas eu vejo esse lance que hoje, quando você liga a rádio e você quer ouvir algo diferente, na maioria das vezes você está escutando só as músicas do Tik Tok, na versão inteira. Sinto que todo mundo está meio perdido, ainda estão entendendo. Eu não julgo ninguém, eu não vou ficar apontando, porque eu acho maneiro e faço dancinhas. É se adaptar, porque lembrando que isso não é uma plataforma só de dancinhas.”
Relembrando sua fala sobre seu som na conversa de três anos atrás, com o repórter Peu Araújo, ele diz: “Eu acho que eu cheguei nesse resultado, porque eu gosto muito do samba, eu gosto muito de garage. Nesse sentido, eu sinto que mirei num lugar e fui bem onde eu queria. Eu acho que isso rolou muito, eu gosto muito dessas músicas e acho que elas mostram isso, tipo, exatamente o que eu queria mostrar lá atrás mesmo. Talvez até por um preciosismo gigantesco, mas eu consegui chegar nisso, tá ligado?”, finaliza Luccas Carlos.
Confirmado para o dia 5 de novembro no Primavera Sound São Paulo, o artista irá se apresentar com show de lançamento do disco no dia 15 de julho na Audio, em São Paulo, com participações de BK’, trio Tuyo, Chris MC, a dupla Deekapz, Hodari, Rashid e Dj Tago. Outras apresentações marcam o momento de estreia do disco, como no dia 23 de julho, no Circo Voador, no Rio de Janeiro e 11 de agosto, no Bar Opinião, em Porto Alegre.
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