Acabou de começar o Rock in Rio e um dos shows mais interessantes (e inusitados) tá rolando agora no Palco Sunset. Após um hiato de sete anos, o Ira! se apresentará no festival trazendo como convidados o rapper Rappin Hood e o mestre da soul music Tony Tornado. Ontem à noite, todos eles estavam juntos ensaiando para o show e a NOIZE conseguiu trocar uma palavrinha com eles no estúdio. Foi tudo muito rápido, mas foi legal.
Confira abaixo:
De onde surgiu a ideia de tocar junto com o Tony e o Rappin?
Nasi: Quando o pessoal do Palco Sunset nos convidou, deixou aberta a sugestão de convidados e a gente, de cara, teve a ideia de chamar alguém do rap e chamar o Tony Tornado, que nós somos muito fãs dele, né? Apesar de a gente fazer rock, veja bem, gostamos muito da soul music brasileira. Até nossa própria formação de música inglesa, com The Who, Small Faces, o chamado movimento mod, eram tudo caras que bebiam na fonte da soul music americana. E no caso do rap, o rap já tem uma ligação com o rock muito grande, desde o Run DMC, mas até com o próprio rock nacional foi muito alimentado pelo rap. Eu tive experiência na produção de alguns dos primeiros disco de rap do Brasil, sou um dos produtores do Cultura de Rua, também fui produtor dos dois primeiros álbuns do Thaíde e DJ Hum. Então sou muito fã do rap brasiileiro. Nós chegamos com a sugestão de fazer o show com um deles dois, mas aí o pessoal do Palco Sunset perguntou: por que não fazer com os dois? Aí o que a gente vai fazer é um passeio pela música negra brasileira, o soul, o rap, tudo isso misturado com a energia do nosso rock.
E como é tocar ao lado do Tony Tornado, esse monumento da música brasileira?
Cara… É incrível. Ah, eu comparo com a vez que os Stones ficaram emocionados porque chamaram o Muddy Waters pra tocar, a gente tá com um sentimento parecido. Cada ensaio é uma aula de música. A gente tocava uma música e ele contava várias histórias da cena da época dele. E ele é um cara que é um exemplo pra gente, é um cara que tem 85 anos e é um touro! O cara é de uma força, tanto na voz, quanto na disposição física. E ele tem uma simpatia, parece que a gente se conhece de outras encarnações, só pode ser isso! E o Rappin também, eu já conhecia ele há muito tempo, sempre nos damos muito bem. Então tudo isso é maravilhoso, eu espero até que esse show, quem sabe, vire futuramente uma mini-turnê depois do Rock in Rio e a gente possa executar isso em outras capitais. Porque realmente o show tá muito legal.
Vocês tocaram lá em 2001 no Rock in Rio com o Ultraje a Rigor e, agora, tão voltando pro festival pela primeira vez depois da volta do Ira!. Como vocês se sentem voltando ao Rock in Rio?
Porra, essa volta do Ira! tá espetacular. Nós voltamos abrindo a Virada paulistana pra 50 mil pessoas, nesse ano nós encerramos a Virada Cultural no Teatro Municipal, o palco máximo de São Paulo. Tocamos em todas capitais… Tá sendo muito acima das nossas melhores expectativas. Nós vivemos um dos melhores momentos da história da banda com esse retorno.
Rappin Hood: Salve!
Salve! Tudo bem? Cara, como você se sentindo estreando no Rock In Rio ao lado desses caras?
Po, tô bem feliz, cara. Poder tocar Nasi, Edgar Scandurra, Tony Tornado… São mestres! Tô muito feliz de ter essa oportunidade, é uma oportunidade de ouro! Tô felizão.
E como foi o trampo de juntar os sons de vocês?
Ah, foi bem legal. A junção foi bem legal, vai ser um momento mágico, Ira! tocando “BR-3” com o Tony Tornado, a gente vai tocar também uns raps, “Rap Du Bom” e “Us Guerreiro”, com Edgar Scandurra fazendo uns solos… Pô, vai ser foda. Vai ser pesado!
O que você acha que a galera vai sentir quando ver vocês todos no palco?
Ah, eu acho que vai ser uma adrenalina monstra. Tomara que a adrenalina que a gente tá sentindo a gente passe pro público!
Tony Tornado: Fala aí, bom! Tony Tornado na área, se derrubar é penalti! Nós estamos aqui no ensaio e amanhã é o grande dia!
E como é que você se sente tocando com essas gerações mais novas?
A ideia é essa mesma, no Rock In Rio de 2013 teve Sepultura e Zé Ramalho, esse ano é Tony Tornado e Ira!. É uma diferença maravilhosa, tô me sentindo até lisonjeado de ser convidado pelo Ira! porque é um grupo que eu vejo como um dos melhores do rock n’ roll nesse país. Eu fiquei muito entusiasmado e prontamente aceitei o convite deles. Amanhã vamos quebrar tudo lá! É muito bom, tô curtindo muito o som deles. E pra mim isso é de grande valia porque eu tô aprendendo alguma coisa com eles, isso é muito bom pra mim.
Tem suas diferenças, mas o rock, o rap, o funk, saem todos de uma mesma raiz que é a música negra, né?
Com certeza, tá tudo ali. A gente tá curtindo muito aqui, o som tá bem ‘enfronhado’, tá muito legal mesmo. Eu espero que amanhã a gente faça um espetáculo maravilhoso!
E como foi revisitar seu repertório pro show? Você vai cantar o clássico “BR-3″…
É, mas são só três músicas porque eu sou convidado, o show é deles, não é meu, eu sou o convidado do Ira!, isso é importante. Eu vou cantar uma música do Tim Maia, “Festa de Santo Reis”, “Pode crê amizade” e “BR-3”.