O que começou como uma curiosidade pela cultura latina, permanece até hoje como um amor que não consegue explicar. Assim, a cantora londrina Jesuton foi fincando sua morada no Brasil, amadurecendo e espalhando a seu som para quem quisesse ouvir. Seja onde for o palco, Jesuton inunda o ambiente com a força da emoção cantada, onde cada palavra – pronunciada em inglês – significa muito.
Lançado no final de março, o primeiro álbum com músicas autorais da artista – denominado Home– mescla a viagem em busca de um lar com a sensação de transformação constante. Produzido por Mario Caldato Jr., Jesuton afirma que este é o trabalho em que ela conseguiu mostrar mais de si mesma. E essas verdades múltiplas e caminhos alternativos se tornam palpáveis de maneira belíssima no clipe da música “Man Of My Life”. Aperte o play e prepare-se para essa jornada:
Disco novo na rua, parabéns! Como foi o processo criativo com a produção de Mario Caldato Jr.?
Detalhado. Feito aos poucos, pensando tanto no som quanto no visual.
Home é seu primeiro trabalho com repertório 100% inédito e de músicas autorais, qual é a sensação de ver a concretização de tanto trabalho? Em relação às letras, da onde veio as inspirações?
As letras vêm do que eu gostaria de poder falar mais diretamente no meu dia a dia. São expressões que vêm do meu mundo interior e comentários sobre momentos da vida. A sensação de ver a concretização de tanto trabalho é libertadora.
Qual é a sua faixa favorita do álbum?
Não tenho, são todas necessárias, expressões de momentos reais e distintos. Mas fiquei bem feliz com o resultado de ‘Belonging’.
O disco conta com 12 tracks e algumas participações. Como aconteceram esses encontros?
Tudo naturalmente. O Seu Jorge admirei desde antes da minha chegada ao Brasil. O Luciano Huck nos apresentou inicialmente e, desde então, sempre gostamos de nos encontrar. Mario Caldato Jr e Seu Jorge são parceiros de longa data, então a participação sugerida por ele fluiu muito bem. Dani Black é um amigo desde que cheguei no Brasil e sempre tive uma vontade de trabalhar com ele. Dani topou na hora e veio para o projeto com coração aberto. Foi demais trabalharmos juntos. Salvatore Cafiero conheci completamente por acaso durante minhas férias na Itália. Mas quando eu gosto de uma pessoa e um som, já era! Peguei ele logo pra minha vida, e escrevemos ‘Vultures’ em seguida.
O clipe de “Man Of My Life” traz um pouco da dualidade entre o eterno e o efêmero. Como surgiu o conceito do vídeo?
Esse conceito do vídeo faz parte do conceito central do disco, que sempre, em cada um dos momentos, existe uma verdade múltipla e um mundo paralelo de possibilidades. Muitas vezes é difícil saber em qual direção partir. E estamos escolhendo mesmo, destinados a simplesmente repetir ciclos velhos?
Você foi uma das integrantes do espetáculo Canções da Liberdade ao lado de Liniker, Luciana Oliveira e Maíra Freitas, não é mesmo? Como foi a experiência de dividir o palco com esses outros cantores em prol de questões tão relevantes que contribuem a reflexão sobre racismo e as desigualdades sociais?
Uma responsabilidade bem grande. Mas tão necessário e importante. O mundo tá em crise e está precisando urgentemente dessas palavras, dessas música e dessa destaque. A hora não é pra arte estar em serviço a coisas superficiais.
Home traz uma faceta diferente sua em relação Show Me Your Soul, a que você atribui essa mudança? Como está sendo a recepção do público?
Sinceramente a recepção está me surpreendendo. Esse disco Home tem letras e composições minhas, mostra quem eu sempre fui. Mas externamente pode aparecer uma mudança bem grande para o meu público, que até agora só conseguiu me ver por partes. Porém, desde que apareci cantando músicas em inglês nas ruas, percebi que meus fãs sempre fizeram questão de me demonstrar que eles estão interessados só nas minhas verdades. Talvez por isso, esteja rolando uma aceitação bem bonita.
O seu 1º single deste álbum, de nome homônimo, faz parte da trilha sonora da novela da Globo Rock Story. Mas não é a sua primeira música que é trilha de novela, não é mesmo?
Houve várias sim. Recebi muitos convites e sou muita grata por essa confiança. Músicas minhas apareceram em: Flor do Caribe, Sangue Bom, Império, Salve Jorge e agora em Rock Story.
Você começou cantando na rua, onde boa parte da apresentação acaba sendo de improviso, pois está exposta a qualquer coisa. Como você traz essa experiência em sua carreira musical?
Minha arte sempre vai ser um improviso porque é um reflexo da vida como ela é. No palco exalo isso, independente se o palco for um teatro ou uma rua.