Exclusivo | Musa Híbrida em nova fase com single duplo “Meu Km” ⇿ “Grudadinhos”

23/10/2017

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Ariel Fagundes

Por: Ariel Fagundes

Fotos: Divulgação

23/10/2017

Pegue doses de trip hop, adicione trechos de “A Sagração da Primavera”, do Stravinsky, algumas pitadas do desenho animado Irmão do Jorel, mexa bem esse caldo experimental temperado pela vida na estrada e sirva tudo em uma travessa orgânica de pop sintético.

Prontinho, agora é só se deliciar com o novo single duplo da Musa Híbrida. A NOIZE lança com exclusividade as faixas “Meu Km” e “Grudadinhos”, ouça abaixo:

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Essas músicas representam um “momento de transição” para a banda de Pelotas, conforme conta Alércio, que divide vocais, violão e baixo nesse single. “Os dois sons vêm pra fazer uma transição suave entre todo nosso trabalho até aqui e o que está por vir ano que vem. É uma pequenininha ponte que aponta um novo caminho ainda desconhecido”, diz.

“O single traz um caminho que ainda não tinha sido desenvolvido, especificamente na parte do arranjo”, explica Vini Albernaz, que toca guitarras, sintetizadores, mellotron, fez as colagens sonoras, batidas eletrônicas e ainda produziu as novas faixas. Segundo Vini, a banda se permitiu explorar mais, aqui, batidas vazias e espaços abertos, criando silêncios que falam muito. Além disso, foi decisivo o reconhecimento de que eles poderiam compor seu som criando um mosaico feito de colagens de elementos sonoros já gravados. A ideia é tão simples quanto poderosa: “Recortar e transformar em arranjos nossos”, conta Vini.

– “Grudadinhos” construí com sucata de orquestra, tudo baixado de vídeos e sons na internet. Fiz um banco recortando notas, instrumentos e trechos de melodias, foram uns dois dias preparando isso. Depois, montei as frases encaixadas na música. São colas organizadas em alguns momentos, mas em total caos em outros. Já “Meu Km” é truncada, ela muda, interrompe, volta (de outro modo), para, pesa, fica leve por um tempo e se dilui. Penso nisso como o que vem antes do amor, que pode virar amor ou outra coisa. O trip hop sempre foi uma escola, mas eu sentia dificuldade em abusar dessa roupagem. Nesse caso, ela vem, bastante até, acho que não me importo – diz Vini.

Cuqui, que canta, toca violão e escreveu “Meu Km”, conta que essa composição “veio de um desabafo, de um vômito de arco-íris”: “É um som que une a paixão e o desespero num letreiro neon, com graves metáforas lésbicas e confusões e falhas que se refletem no arranjo”. Já “Grudadinhos” foi feita como um presente de aniversário de Alércio para sua companheira:

– Era aquela situação de não ter muita grana pra comprar um presente. Mas na semana do aniversário, fui fazer e só consegui as primeiras duas estrofes. E em seguida, viajamos na que seria nossa primeira grande turnê de carro [que passou por Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais]. Depois do primeiro show, no alto da madruga, apareceu um violão e a gente começou uma roda de troca de composições. A Cuqui tocou “Meu Km”, eu resolvi tocar essa música e foi aquela piração no som. O resto da viagem foi tipo: “Isso vai ser nosso single, essas duas, vai ficar lindo, etc”, por horas e horas. E eu pensando: “Sim, claro, mas peraí preciso terminar!”. Em SP, consegui fazer mais uma estrofe, mas a música só ficou pronta na semana em que começamos a gravar – diz Alércio.

“O momento de decisão de lançar essas duas músicas juntas grudadinhas foi muito bonito”, lembra Cuqui. “Eu toquei e o Alércio tocou as canções num violão no Garden Bar, lá em Ponta Grossa [no Paraná], e elas estavam ali explicando nossos sentimentos em relação àquela viagem e as dúvidas e as certezas que a gente carregava. Tudo apertadinho dentro do feijãozin [o carro da turnê]”, conta.

A vida na estrada segue chamando a Musa Híbrida e, levando o novo single duplo na bagagem, a ideia do grupo é se manter em movimento. “Em novembro, faremos uns shows pelo Rio Grande do Sul; em dezembro, a gente sobe pra São Paulo e, talvez, Minas Gerais”, anuncia Alércio. “Entram dois sons novos, saem dois sons velhos, estamos trabalhando o desapego do repertório para um futuro disco, que já tem nome, data e sonho”, avisa em tom de mistério. A data ainda é sonho, mas o nome do álbum está definido: piscinas vazias iluminadas em pé (assim, tudo em minúsculo mesmo).

Tudo indica que 2018 será um ano e tanto para a Musa Híbrida. Aproveite para ouvir abaixo o EP mais recente da banda, Respirei o poema cuspi (2016):

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23/10/2017

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Ariel Fagundes

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