Exclusivo | Tiganá Santana desvenda os segredos do novo disco “Vida-Código”

28/02/2020

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Brenda Vidal

Por: Brenda Vidal

Fotos: José de Holanda/ Divulgação

28/02/2020

Tiganá Santana é memória em movimento, um artista que se refaz e se reatualiza entre as permanências e os deslocamentos. Lançando mão das múltiplas línguas nas quais (en)canta seus versos, das várias experiências e países pelos quais passou e das várias experiências que absorveu, ele retorna à cidade natal, Salvador, e se conecta com culturas locais e até à participação da mãe para conceber seu novo álbum, Vida-Código, lançado hoje. Ouça:

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No quarto disco solo e de estúdio da múltipla carreira do cantor, compositor, instrumentista, produtor musical, pesquisador e curador, as canções passeiam pelos segredos, chaves e combinações da Vida-Código. Mais do que um guia para abrir os cadeados da vida ou desvendar seus códigos, como talvez o nome possa ligeiramente sugerir, o registro é uma incursão de peito aberto por aquilo que emociona e sensibiliza.

Com produção musical concebida por Tiganá ao lado do parceiro musical Sebastian Notini, o álbum se lança mundialmente pelo selo sueco abaju!. Pelas nove faixas que erguem a obra, há a parceria de Alzira E em “Palavra de Honra” e de Leonardo Mendes em “Flores Destinada” e “Vida-Código”. Uma presença especial também merece menção: Arany Santana, mãe de Tiganá, está presente na releitura de “Ilê, se eu não gostasse tanto de você”, que faz parte do repertório do bloco afro do Ilê Aiyê e que foi ensinada a ele por ela.

Quem puder conferir o registro ao vivo, está mais do que convidado para o show de lançamento que acontece na noite de hoje, 28/02, no palco do SESC Pompeia, em São Paulo, a partir das 21h. Os ingressos inteiros custam R$30, havendo ainda lotes para meia-entrada e associados do SESC; adquira aqui. Para entrar no clima, confira um papo rápido que batemos com Tiganá sobre os caminhos que construíram Vida-Código.

Tiganá, Vida-Código aponta para um caminho ainda novo no seu repertório, que é a costura de sons acústicos com timbres eletrônicos. O que motivou essa decisão e como foi construído esse desenho estético? 
Os trabalhos artístico-musicais vão solicitando suas estéticas, propostas; vão escavando e desvelando sentidos. O Vida-Código pediu esse desenho distinto dos álbuns anteriores, o que lhe dá uma forte razão para existir e lançar-se. Não há um motivo pré-construído. Há uma narrativa artística que se fez traduzir e mostrar.

O seu trabalho é marcado pelo intercâmbio cultural e pela composição e canto em outras línguas. No presente álbum, você canta em português, francês, espanhol e kikongo. O que essas línguas trazem para a poética do disco? 
Trazem modos distintos de pensar que se reúnem em torno de uma poética. Essa, aliás, é a espinha dorsal da minha relação com as línguas. A expressão poética utiliza-se do que nos configura nas diversas instâncias.

Ele foi gravado em Salvador dez anos depois de você gravar seu trabalho de estreia, Maçalê (2010), nessa mesma cidade. No repertório, há a presença da faixa “Ilê, se eu não gostasse tanto de você”, do bloco do Ilê Aiyê, e que foi apresentada a você pela sua mãe, que também está presente na canção. Como foi essa experiência de gravar na sua terra natal e como ela e suas raízes inspiraram você? 
Foi fundamental (e será sempre) gravar no lugar-cultura que me estrutura. Não se trata do caráter físico da cidade natal, mas de registrar uma criação artística no espaço-tempo que me fez pessoa e artista. É mais presença que memória.

O que podemos esperar do show que apresentará o repertório do álbum pela primeira vez?
Pode-se esperar a nudez, a fragilidade, o tempo, a proposição de um artista a trabalhar em conjunto, antes de tudo. Ademais, quanto ao repertório, haverá, além das canções do novo álbum, outras presentes nos discos anteriores (com outros arranjos) e alguma canção que, eventualmente, não tenha gravado. É uma emoção indescritível poder partilhar a intimidade dessa música com as pessoas.

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28/02/2020

Brenda Vidal

Brenda Vidal