Exclusivo | Veja o documentário da 13ª edição do Novas Frequências 

07/08/2024

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Divulgação

07/08/2024

O festival carioca Novas Frequências não funciona como um evento tradicional, pois a programação descentralizada propõe um encontro do público com a cidade. Em dezembro do ano passado, a 13ª edição aconteceu ao longo de 22 dias por diferentes espaços do Rio de Janeiro. O resultado desses encontros foi registrado no documentário assinado pelo filmmaker Pedro S. Küster, e que você assiste com exclusividade por aqui. 

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Mesmo com a experiência dos anos que integrou a equipe da revista Fact, o cineasta explica que documentar o NF foi uma maratona. Munido de um drone e uma câmera de cinema, ele percorreu diferentes áreas da cidade, entrevistando e registrando a programação de mais de 40 atrações. 

“Entrevistar todos que planejamos no tempo que tínhamos foi difícil, mas na pós-produção, ficamos maravilhados com a riqueza e a diversidade das entrevistas e como elas se complementam”, explica Pedro S. Küster. 

O tema do evento, “Riso Ritual”, propôs uma reflexão sobre o carnaval em suas múltiplas expressões. A curadoria foi realizada por Chico Dub, fundador e diretor do festival, ao lado da DJ KENYA20HZ e da pesquisadora Nathalie Grilo

 “O carnaval é muito Brasil, é um espelho da nossa sociedade. É um campo interessante por ser contraditório, complexo e por não ter uma unidade”, explica Chico Dub.

O aspecto democrático da festa se conecta com a proposta do festival. “A cidade é o palco. Existe uma vontade muito grande de ocupar os espaços públicos, lugares que não são propriamente feitos para shows.” 

A cada ano, o Novas Frequências dribla as previsões do mercado saturado de mega eventos com line-ups similares. Mesmo sem grandes patrocínios, o evento segue acontecendo, e raramente repete artistas. Há um cuidado em propor um olhar cuidadoso à música experimental e pouco comercial. “Cada edição é quase como se fosse uma estreia”, afirma o curador. 

A 14ª foi confirmada para a segunda quinzena de dezembro, no Rio de Janeiro: a Casa França Brasil receberá a instalação “Enxame”, do artista francês Felix Blume. A obra é constituída de 250 alto-falantes, onde cada um traz o som de uma abelha, então a percepção do ouvinte varia de acordo com a proximidade. 

Confira uma entrevista com Pedro S. Küster: 

Quais foram os desafios e as particularidades de registrar um festival descentralizado como o Novas Frequências? 

Apesar de seus desafios, o Rio de Janeiro é minha cidade favorita no mundo por muitas razões. Eu amo absolutamente o fato de que foi construída dentro da floresta tropical, a beleza que a cerca e a cultura que vem deste lugar é incrível. Dito isso, a desigualdade social, racismo, homofobia, brutalidade policial e violência, entre outras coisas, fazem dela um lugar muito desafiador para filmar, e você tem que negociar seu caminho em muitos aspectos que no Reino Unido e na Europa geralmente não são necessários. Como o Chico Dub me disse quando nos conhecemos: “Brasil não é para amadores”. Adoro o fato de que esta edição do festival ocorreu em muitas áreas diferentes da cidade, que normalmente não seriam incluídas na conversa quando se trata de cultura. Filmar em tais áreas e locais trouxe desafios únicos, e eu passei muito tempo montando um equipamento de filmagem que me permitisse ser móvel, flexível e fazer vídeo, áudio e iluminação onde fosse possível, sozinho. Tudo o que você vê neste filme foi filmado com uma única câmera de cinema com lentes anamórficas e um drone.

Vocês já sabiam qual caminho seguir antes do festival começar ou ele foi sendo desenhado conforme as apresentações ocorriam? 

Eu queria experimentar filmar um festival da perspectiva de um frequentador, então filmei todas as performances em uma única tomada, onde eu me movia ao redor do artista, do público e do local o máximo que podia. Portanto, este é o primeiro filme que filmei inteiramente sozinho com uma única câmera de cinema. Eu também filmei com lentes anamórficas, algo que sempre quis fazer como cineasta. Os principais desafios de filmar esta edição foram garantir que eu respeitasse a cultura local, respeitasse as comunidades onde filmamos e apenas filmasse coisas com as quais eles estivessem confortáveis. Para ser honesto, fisicamente também foi um grande desafio, pois foi um dezembro muito quente e meu equipamento pesava cerca de 15/20 kg dependendo da situação, e como o festival durou 22 dias, foi uma maratona. Outros desafios incluíram conseguir filmar tantas performances, bem como encontrar os artistas e colaboradores para entrevistas no mesmo dia. Tendo filmado extensivamente no Brasil antes, onde dediquei uma viagem inteira para documentar a música eletrônica no Brasil para a Fact, me acostumei aos desafios logísticos e burocráticos de filmar no país. 

Como foi o processo de elaborar o roteiro do documentário? 

Inicialmente, enviei ao Chico um tratamento com uma direção clara para o filme, que editamos até que ambos estivéssemos satisfeitos com ele. No entanto, como em qualquer documentário que eu dirijo, a narrativa é moldada pelos colaboradores que entrevisto, e demos a todos espaço para expressar suas opiniões em vez de fazer perguntas rígidas. Entrevistar todos que planejamos no tempo que tínhamos foi difícil, mas na pós-produção, ficamos maravilhados com a riqueza e a diversidade das entrevistas e como elas se complementam. Esperamos que os espectadores aprendam tanto quanto nós com esse processo. Ter o Índio da Cuíca falando sobre o Carnaval de uma perspectiva quase de sentimento puro e depois o Spirito Santo de uma perspectiva histórica, ética e radicalmente honesta foi tão bom… Agradeço a todos os colaboradores por tirarem um tempo para conversar comigo e se abrirem. Eu me diverti muito e me sinto sortudo e grato por ter sido convidado para dirigir este curta-metragem documental. Espero que vocês gostem de assistir!

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07/08/2024

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