O guitarrista e ilustrador Guilherme Valério, que estreou em carreira solo no ano passado com o álbum instrumental HAB, apresenta com exclusividade na Noize o single “Espero que sim”, ponto de partida de um novo disco que deve ser lançado no ano que vem. Em nova formação, menos acústico e mais eletrônico, e com um novo nome para seu projeto, agora intitulado “Valério”, o guitarrista falou à Noize sobre os rumos de sua busca musical.
Ouça “Espero que sim” e leia a entrevista com Valério. O single será lançado em vinil e distribuído pelo selo Desmonta.
O single é o seu primeiro trabalho depois do HAB, de 2014. Quais caminhos foram abertos desde o lançamento, até chegarmos em “Espero que sim”?
Sim, esse single é o meu primeiro trabalho depois do disco do HAB. Pudemos tocar em vários lugares e conhecer pessoas distintas que também estão a procura de fazer e dividir o amor pela música. De maneira mais ampla, esse disco veio me mostrar que o caminho é em frente, que a busca não para. Fazer um disco te motiva a se reinventar, se redescobrir, procurar novas inspirações, novas vivências, se assumir e querer melhorar.
“Espero que sim” parece falar sobre o fluxo dos dias, e lembra algo sobre mantras, uma busca espiritual. Você pode falar um pouco sobre a mensagem da faixa?
“Espero que sim” é uma música que fala sobre sentimentos nem sempre estáveis, sobre dúvidas, sobre a busca do amor como resposta e conforto. A kalimba é instrumento de conexão utilizado para comunicação com entidades espirituais, foi criada há mais de três mil anos, nas margens do rio Zambeze, na África. A repetição atinge o mantra e é nessa esfera que procuro trabalhar, com meditação e respeito à ancestralidade.
É possível perceber uma influência de sonoridades africanas na sua música. Ela aparece no uso de instrumentos como a kalimba, nos temas repetidos na guitarra, no ritmo. O que desperta seu interesse na música africana?
Meu fascínio é pela naturalidade que a música africana carrega, é muito bonito ver música sendo feita de forma tão intuitiva, tão espontânea, isso tem um valor e significado muito grande, torna a música mais carregada de sentimentos. É pra frente, é positivo e vibrante. A música africana sempre esteve lá, resistindo a todo tipo de adversidade. Um músico africano pode tanto ser um virtuose, quanto tocar uma guitarra que poderia ser considerada de “segunda linha” e tirar um som magnífico, tirar um som de qualquer coisa, muitas vezes sem ter estudado um acorde sequer. Isso me inspira e influencia demais. E a música africana nunca esteve sob o olhar de grandes gravadoras ou produtores, né?! Isso reflete um esquecimento histórico para com esse continente.
O single é uma prévia de algo por vir? Você está esboçando um novo trabalho?
Sim, esse single é uma prévia do que está por vir, o pontapé inicial desse projeto, Valério. Estamos trabalhando em um disco que será lançado no ano que vem e finalmente chegamos num formato de banda que está me agradando bastante. É isso, seguir com a busca.