Já baixou o disco “Tudo Começou Aqui”, da cantora Ana Larousse?
Está na hora de desvendar o que cada nuance da voz de Ana quer dizer, nesse que é o seu disco de estreia. Ele foi praticamente todo composto na temporada em que a cantora esteve estudando artes plásticas, na França:
Vai Menina: Como a maioria, eu escrevi quando estava morando na França. Era inverno e foi um momento em que eu não estava muito bem, foi a fase em que me dei conta de que estava virando gente grande mesmo e estava difícil dar conta de tudo. Eu teria que encontrar força pra dar conta de fazer tudo sozinha, eu não tinha mais ninguém. Falo isso na letra, que não ia mais ter ninguem me ajudando, que era eu comigo mesma para trabalhar, cuidar da casa, fazer tudo.
Café a Dois: Foi a primeira música de amor que eu fiz. Eu nunca tinha escrito nenhuma música de amor. Ela fala da vontade de envelhecer do lado de alguém. Escrevi ela no banho.
Teresinha: “Teresinha” eu escrevi pra minha vó, eu ainda estava na França quando ela faleceu. Fiquei sabendo que ela estava doente, logo em seguida, muito rapidamente, ela faleceu e eu estava longe da minha família, longe dela, não podia dar apoio… Quando eu soube do estado de saúde dela, cheguei na pensão onde eu morava, comprei uma garrafa de vinho, um maço de cigarros e falei: “eu não vou levantar enquanto não terminar a música”. Então fiz a música pra me despedir dela, pra guardá-la pra sempre de algum jeito. Foi meu modo de fazer carinho nela já que eu estava longe.
Menino Maroto: É uma música feita para o Léo Fressato. Lá em Paris eu estava longe do Léo e tinha muita saudade dele, porque aqui a gente tocava e compunha juntos, daí eu sentia falta de ter alguém do meu lado pra cantar, pra compor… Então fiz sem pretensão de criar uma música elaborada, incrível, fiz simplesmente uma música divertida que fala do Léo. Assim surgiu o “Menino Maroto”, em 2009. E, obviamente, eu quis que ele cantasse comigo.
Olha o Tempo: É uma música sem história, eu tava em casa me perguntando sobre todo mundo ficar falando “não se preocupa, o tempo passa”, daí eu pensei, “tá e porque comigo não passa logo de uma vez?”. Eu fiz a música meio que na brincadeira e a gente colocou no disco porque achou que poderia fazer um arranjo divertido pra ela. A gente chama ela de música sapequinha do disco.
Meu Momento Bang-Bang: É a única em inglês do disco. Foi uma que o Rodrigo Lemos, produtor do disco, me incentivou a colocar, porque eu tenho várias músicas em inglês que são todas bem folk, que é uma das minhas referências musicais mais fortes. O folk e rock progressivo são coisas que eu ouvi a vida toda… E o Rodrigo achava que a gente tinha que por uma dessas, porque esse tipo de sonoridade é muito forte pra mim, e são músicas que eu faço bem despretensiosamente. Eu gosto muito de compor nesse estilo.
A Menina que Apagou: Essa também foi feita em um período de bastante tristeza. Era verão e apesar deu ir no cinema todo dia… Na data eu estava muito triste. Então essa música fala de mim. Eu coloquei ela na terceira pessoa porque tava doendo demais, e se eu falasse “eu”, ia ficar muito doído de escrever.
A Desenhista: É uma música bem literária, porque de fato eu voltei de Paris com uma paixão que eu tive por lá e que me deixou um desenho de um balão escondido nas minhas malas, que eu descobri quando cheguei. Isso me emocionou muito, eu chorei muito quando achei o desenho. E um mês depois eu ainda estava com aquilo forte, não consegui esquecer essa pessoa, e assim surgiu a música.
Algo Como Esta Canção: É uma música do Léo Fressato. É a única que não é minha. Essa foi uma música que marcou muito o nosso período juntos, traz lembranças de nós e os nossos amigos todos cantado na cantina da faculdade, onde a gente se conheceu. Eu queria colocar uma música do Léo no meu disco pra homenagear ele que é meu parceiro mais antigo e mais intenso, assim como ele colocou uma música minha no disco dele, que é “A Desenhista”. Então nós fizemos uma homenagem, um ao outro.
A Paz do Fim: Essa é a única do disco que eu escrevi no Brasil, sobre coisas que aconteceram no Brasil. Ela foi feita para um término de relacionamento, foi o meu jeito de terminar. Eu escrevi a música e mandei pra pessoa porque eu não ia conseguir responder o e-mail. Escolhemos fazer esse arranjo porque a letra fala de paz e raramente terminar um relacionamento envolve coisas parecidas com paz. Então, embora eu sempre desejo, eu não tinha paz.
Valentine Et La Chanson D’Hiver: É a minha única música em francês, apesar do tempo na França, eu não componho em francês. E como o disco todo fala muito do período em que eu morei lá, eu escolhi colocar um pedaço desse período, que foi uma gravação feita lá. E do jeito que ela está no meu Garage Band, nós colocamos no disco. É um registro íntimo.