Depois de dois anos convidando o público para dançar e abraçar as vulnerabilidades com o álbum Pra Gente Acordar (2022), os Gilsons embarcaram na turnê de despedida que celebra o sucesso do álbum de estreia.
O disco foi concebido durante a pandemia de COVID-19 e lançado em fevereiro de 2022. As nove faixas falam de amor, liberdade e sobre a felicidade que pode surgir até em momentos difíceis. Naquele mesmo ano, veio a indicação ao Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa”.
As canções ganharam projetos audiovisuais elaborados, originando também o curta-metragem Pra Gente Acordar (O Filme), vencedor da categoria “Projeto Audiovisual” do Prêmio da Música Brasileira de 2023.
Retorno ao Sul
No dia 26 de outubro, João, José e Francisco Gil se apresentaram no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, com um show cheio de hits, como “Proposta”, “Pra Gente Acordar” e “Vem de Lá. “Love Love” e “Várias Queixas”, do EP homônimo lançado em 2019, também entraram no setlist junto aos singles e feats mais recentes do trio: “Feito A Maré”, com Jota.pê, e “ME LIGA”, com Murilo Chester.
“A gente desejou estar aqui”, afirmou Fran durante o show, revelando que o retorno à cidade gaúcha depois da enchente, em maio deste ano, é um momento muito especial para o trio.
Acompanhados por uma banda com percussão, sopro e teclado, o trio se revezou entre baixo, guitarra e violão numa brincadeira familiar, deixando claro o ancestral comum: o patriarca Gilberto Gil (pai de José e avô de João e de Francisco), que teve “Palco”, uma de suas canções mais famosas, interpretada pela banda. “Swing de Campo Grande”, dos Novos Baianos, “Alguém Me Avisou”, de Dona Ivone Lara, e “Eu e Você Sempre”, de Jorge Aragão, também ganharam versões especiais em um set cheio de surpresas.
Após passar pelo território brasileiro, eles seguem para a Austrália para mostrar o projeto pela primeira vez. O público de lá, no entanto, já conhece o trabalho dos músicos, que acompanharam Gilberto Gil no espetáculo Gil In Concert. “Tivemos a oportunidade de ir no começo desse ano. Acabamos de voltar de uma turnê asiática com ele também. Para além dos Gilsons, uma das nossas grandes alegrias hoje é poder viajar com o seu Gilberto”, revela João Gil, que divide a agenda entre os Gilsons e a banda do avô.
Ele também falou mais sobre “Pra Gente Acordar” e sua turnê de despedida na entrevista que você confere na íntegra.
Foram dois anos de tour com shows no Brasil, Estados Unidos e Europa. Como foi essa experiência?
Tem sido incrível! Como músico e como fã de música, a parte mais legal é justamente os shows. É a troca com o público, ver como o que a gente cria bate nas pessoas, a emoção, a galera cantando. Eu acredito muito que a experiência do show não é separada. O público é tão parte — ou, às vezes, mais parte — da experiência do que o próprio artista ou banda que tá no palco.
“[A turnê] foi maravilhosa. Ficamos muito felizes em ver a proporção que o trabalho tomou e como a gente conseguiu fazer shows não só pelo Brasil, mas na Europa, nos Estados Unidos. É bem surreal.”
Algum show marcou vocês ou tem alguma história legal que guardam com carinho?
Cada show tem um formato. Tem a coisa do festival, por exemplo, que é muito específico, que você tem lá um tempo determinado. Uma coisa curiosa é que quase todo show rola aquela discussão do setlist: ‘qual é a música que cai? Qual é a música que entra? Será que a gente toca essa, será que não toca?’. Todo show nosso é quase uma piada interna da equipe [risos]. Mas, como um todo, é muito doido.
A gente também teve a chance de tocar com vários artistas que admiramos demais, como Chico César, Luedji Luna, que é uma das nossas grandes ídolas atuais, Liniker também. Enfim, muitos artistas maravilhosos que a gente admira.
Ao longo desse período, os shows foram mudando e novas ideias foram incluídas, como o solo de percussão e a inserção de singles que vocês foram lançando, como o mais recente “Me liga” (2024). O que mais mudou da primeira leva de shows de Pra Gente Acordar até essa turnê final?
O que mais muda é como tocamos nossas músicas. A gente não ensaia um arranjo com a banda inteira e vai para o estúdio gravar. Nós vamos para o estúdio, temos as ideias, e, a partir disso, chegamos no show e decidimos como vamos tocar o que acabou de ser gravado. Então, pensando no “Pra Gente Acordar”, especificamente, foi um disco em que fizemos nove músicas de uma vez só.
“Quando a gente começou a fazer o show, foi um grande aprendizado. Os arranjos foram evoluindo ao longo desses anos todos, e, hoje em dia, acho que eles estão com sua forma mais definitiva, pelo menos ao vivo.”
Depois do último show no Brasil, em novembro, a turnê de encerramento segue internacionalmente?
Vamos para a Austrália pela primeira vez, pegar esse final de novembro e começo de dezembro. Mais um continente aí para a gente explorar. Eu e o José tivemos a oportunidade de ir para lá no começo desse ano com o Gilberto Gil. É um show internacional, com uma banda reduzida. A gente acabou de voltar de uma turnê asiática com ele também. Para além dos Gilsons, uma das nossas grandes alegrias hoje é poder viajar com o seu Gilberto. Foi incrível, uma viagem que a gente ficou muito amarradão de fazer, e poder voltar agora com o Gilsons é uma grande realização. Então, ainda tem essa última perna internacional, depois do show de novembro no Maranhão.
Para vocês, qual foi o ponto alto de Pra Gente Acordar?
O projeto foi muito além do que todo mundo esperava. A gente já tinha esse sonho de ter um primeiro disco completo dos Gilsons, de poder lançar um vinil, de ter esse registro clássico da música, como a gente gosta. A gente teve a chance de produzir um curta-metragem do álbum – e, com esse filme, ganhamos o Prêmio da Música Brasileira, que também foi uma grande alegria. Recebemos também diversas indicações: Grammy, Prêmio Multishow, enfim, várias coisas que vieram como consequência do projeto todo. E, mais do que isso: essa turnê que a gente tá rodando há mais de dois anos no Brasil e internacionalmente.
Eu acho que “Pra Gente Acordar” trouxe frutos e alegrias que a gente não imaginava. Ficamos realmente muito felizes. O projeto envolveu muito de cada um e acho que também é uma parte super importante da vida de cada um. Com certeza, é um marco.
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