_por Marília Pozzobom
@pozzobom
Sempre que um holofote cruzava com um olhar da platéia que aguardava ansiosa o show dos “novos Strokes”, percebia-se que ninguém ali escondia a ansiedade. “Vamos ver se a NME tá certa” cochichou o cara atrás de mim com a namorada.
A Howler, banda que subiu no palco do Beco 203, em Porto Alegre no último sábado (25), foi escolhida como aposta do ano de 2012, mesmo posto que o Vaccines já ocupou no ano anterior. É muito responsabilidade.
Assim que o grupo tocou os primeiros acordes e os olhares tensos se voltaram exclusivamente aos óculos Ray-Ban que o vocalista, Jordan Gatesmith, usava para coroar a sua atitude displiscente de jovem rebelde, o silêncio tomou conta da casa. Foi só no fim da segunda música, “Beach Sluts”, que todo mundo se sentiu suficientemente à vontade para dançar. E o menino atrás de mim respirou aliviado: “Com certeza, o novo Strokes”. Dessa vez, ele disse alto.
Mas há muito mais que Strokes no som da Howler. Ao vivo, a referência ao Sonic Youth fica ainda mais clara. E muito além da sonoridade nova-iorquina dos Strokes, Jordan parece fazer questão de parecer como Julian Casablancas. Quando o frontman se vê de mãos vazias – Max Petrek, o tecladista, assume o baixo para France Camp assumir a guitarra do cara -, é quando vemos, de fato, os Strokes. Jordan se inclina como Julian. Grita como Julian.
A Howler não é uma banda naturalmente quente. São distantes, conversam pouco. Mas a sua conexão com a plateia é feita com a música. A certa altura do show, percebe-se que o que aparentemente é seriedade é na verdade concentração.
Com um show curto – o que já era de se esperar de uma banda de um disco só -, eles abriram o semestre que promete bons shows com o pé direito. Não com um show de toda forma divertido, mas focado e muito bem executado.