Lianne Lahavas é uma inglesa de descendência grega e jamaicana. Ela compõe, seus instrumentos são extensões de seu corpo e sua voz soa como a de uma fada com poderes ancestrais.
“Não tenho expectativas. Acho incrível eu conseguir ter a música como um trabalho, então todo o retorno que vem com isso é um bônus”, desabafa a cantora. Depois de lançar seu segundo e elogiado disco autoral, Lianne está abrindo os shows do Coldplay para a turnê mundial A Head Full of Dreams. Em meio a esse turbilhão de shows e compromissos, tivemos o privilégio de conversar com ela sobre passado, presente e futuro, e descobrimos que está só começando.
Assisti a uma apresentação sua em abril de 2011, na Saint Gilles Church, em Londres. Você cantou junto com um violinista, lembra? Parecia tímida, mas chamou a atenção de todos por causa da sua voz.
Sério? Ah, obrigada! Você estava lá? Nossa, incrível! Faz tanto tempo.. Foi um dos primeiros shows da minha vida, a convite desse meu amigo Marques Toliver.
Poucos meses depois estive em um show secreto seu, no Big Chill House, em Kings Cross. Me surpreendi, pois você estava bem mais madura musicalmente. Como você percebeu esse crescimento?
Eu devo admitir que a melhor maneira de me desenvolver foi tocando mesmo. Me apresentei em todos os lugares que eu tive a chance. Fiz muitas jam sessions, até organizava shows na sala da minha casa. Também passei a me encontrar com pessoas da indústria da música e acabei conhecendo o meu empresário e alguns A&R’s, até chegar ao ponto de me sentir segura pra gravar um álbum. Nesse meio tempo convivi com alguns produtores incríveis e logo já tinha quase todas as composições para gravar um disco. Mas continuo a mesma… Amo fazer shows, sempre é bom. Claro que a experiência fez com que eu me tornasse mais segura, mas até hoje fico nervosa antes de subir ao palco, a diferença é que aprendi a não deixar isso transparecer.
Seu primeiro disco, Is Your Love Big Enough, tem essa sinceridade também.
Sim, nesse disco eu falei muito sobre mim. Acho que em cada música eu me refiro a um sentimento ou ponto de vista, momentos que eu vivi. Claro, muitas composições são sobre os meus relacionamentos, outras sobre mim mesma ou sobre um dia que passou… E virou música.
Antes de gravar Blood você passou um tempo na Jamaica convivendo com um produtor de reggae e dance hall, o Stephen McGregor. De que maneira essa viagem influenciou nas composições e sonoridades do disco?
Aprendi muito indo à Jamaica. Eu tinha uma necessidade de pesquisar os ritmos de lá. Amo dançar e gosto muito de prestar atenção em ritmos diferentes. Quando eu toco guitarra eu priorizo a base rítmica também. Ver o Stephen trabalhando foi super interessante. Ver como ele faz as batidas e a maneira como adiciona música a elas foi inspirador. Me fez pensar de um jeito diferente em como compor as minhas canções. Então quando eu voltei pra Inglaterra, passei a escrever minhas músicas com essa outra perspectiva.
A sua participação no álbum Art Of Clouds do Prince deve ter sido marcante na sua vida. Como foi essa experiência pra você?
Como muita gente, eu cresci ouvindo Prince. Ele sempre foi tão famoso, mas ao mesmo tempo tão misterioso… Eu conhecia muito bem o trabalho dele, mas nunca imaginei encontrá-lo e muito menos me tornar sua amiga. Até que um dia ele me convidou pra cantar uma música em um álbum dele! Tive momentos incríveis ao lado do Prince, foi muito especial passar um tempo com ele em estúdio.
E você tem planos para fazer outras colaborações no futuro?
Eu adoraria ter oportunidade de colaborar com outros artistas. Sempre é muito válido. Quem sabe o Chris Martin?
Já que ambos moram em Londres, fica ainda mais fácil. Por sinal, você consegue ir aos shows que rolam por lá? Tem alguma banda que lhe surpreendeu recentemente?
Um dos shows mais legais que eu assisti recentemente foi do Will Butler, do Arcade Fire. Fui vê-lo no Scala e fiquei impressionada… Também me surpreendo cada vez que vejo o Coldplay.
Em meio a tantos compromissos, você já pensa em um terceiro disco?
Este ano ainda estou em turnê com o Coldplay, o que é maravilhoso, depois tenho uma agenda de shows em festivais pela Inglaterra, e em setembro saio para tocar pelos Estados Unidos. Mas no meio disso tudo já comecei a pensar no terceiro disco sim. Acredito que no final do ano eu tenha mais tempo para juntar tudo, produzir e gravar. Espero lança-lo em 2017.
Pode nos contar como vai ser?
Acredito que será tudo que eu sempre quis ser. Realmente a mais pura representação de quem eu sou musicalmente hoje. Eu amo música ao vivo então pretendo gravar muitas canções assim também. Gosto da sensação de ter todo mundo tocando junto comigo. Será bem eclético e diversificado, assim como é o meu estilo.
E você já gravou em estúdio como se fosse ao vivo alguma vez?
Nunca! Mas acho que chegou o momento de experimentar o meu som deste jeito. Não há limites de possibilidades quando se grava ao vivo, ainda mais quando você tem um clima bom no estúdio.