Convidamos Marina Sena para compartilhar os discos que ela mais ouviu durante o lançamento do De Primeira (2021), seu arrebatador álbum de estreia, que contou com lançamento em vinil pela NOIZE.
Entre o pop que bombava naquele momento e o reggae clássico, para além das influências de toda uma vida (como Gal Costa), com essa lista, é possível mergulhar no diversificado universo sonoro da cantora. Veja abaixo:
Planet Her (2021) – Doja Cat
Eu estou ouvindo muito o disco da Doja Cat, o Planet Her (2021), que todo mundo já conhece, mas é o que eu tô ouvindo, né?! Então, não tem problema. Chama atenção a modernidade, como ela foi autêntica no momento dela. Gosto muito da musicalidade dela, dos ritmos que ela propõe nas músicas. O ritmo das melodias dela, as coisas que ela faz com a voz, como ela é expressiva. Ela expressa realmente o sentimento da frase que ela está falando, o sentimento da música.
Gosto muito da Doja Cat, acho que ela é uma das rainhas da atualidade. Mesmo. E ela sempre foi autêntica, foi assim que eu conheci ela, desde uma música que se chamava “So High”. Eu sempre olhava e falava: “Porra, ela é autêntica”. Ela faz o que ela quer, ela é muito massa.
Poorman Style (1982) – Barrington Levy
Um disco de reggae que eu estou ouvindo muito é esse aqui, Poorman Style (1982), do Barrington Levy. Ele é jamaicano, antigão. E eu tô escutando muito. Nossa, esse disco é lindimais. Ele é tipo assim: “Descansa DJ”. Você coloca ele e fica tranquilo, não vai precisar trocar uma música. O disco inteiro é muito bom, muito bom. Sonoridade linda. Estou viciada nesse disco.
Índia (1973) – Gal Costa
Eu ouço sempre, toda hora, esse disco. Porque Gal Costa, na realidade, é a minha maior referência. Eu nunca peguei mais referência em outra pessoa igual eu pego em Gal. E não é de imitar a voz ou o jeito dela, não é isso, é ver como ela acessa o que ela é e se inspirar nisso. Ela acessa muito o que ela é, da essência dela.
Quando canta, ela traz tudo. Principalmente naquela época, ela fez tudo. Moderna demais, sempre à frente do tempo, é isso que me inspira. Ver como ela é à frente, moderna, chique. Realmente, uma brasileira que se comunica com o mundo, é uma artista do mundo. Anitta, hoje, é essa pessoa pra mim, mas Gal Costa é também. Eu amo ela.
Aí, tem a coisa da aparência, do cabelo, que é do mesmo tipo do meu, a gente tem o mesmo tipo de corpo, e eu passo um batom vermelho, aquela coisa, “vamos fazer uma Gal”, porque óbvio que ela é uma inspiração estética.
Quem quer ter inspiração estética no Brasil, tem que passar por Gal Costa. Você tem uma obrigação de passar por Gal porque ela trouxe muita novidade. Acho ela chiquérrima. E o Índia é este clássico. Gosto muito dos discos dela, mas o Índia eu acho que todo mundo tem que ouvir. Todo mundo tem que visitar ela em algum momento, principalmente essa fase.
Solo (2018) – Anitta
Vou falar de um EP da Anitta que eu amo, pra mim, é o melhor trabalho dela, que é esse EP Solo (2021). Tem “Veneno” e outras faixas, é um EP que eu amo e escuto sempre também.
A Anitta fez o que todo mundo queria fazer, que é fazer a música do Brasil soar como uma música gringa. Soar como uma música do mundo mesmo, que qualquer pessoa pode consumir.
Não é uma coisa que a gente olha e fala assim: “Não, é só brasileiro que consome”. Tem as coisas do país ser muito grande, então a gente quase não tem contato com outros países, somos bem isolados por conta até da nossa geografia. E eu acho que a Anitta deu um tino na cabeça de todo brasileiro, que foi assim: “Gente, a gente é cidadão do mundo”. Não é só cidadão brasileiro, sabe? Ela conectou a gente com o resto do mundo. Fez mais que o presidente! Muito, muito, mas muito mais!
Esta matéria foi publicada originalmente na edição 120 da revista NOIZE, lançada com o vinil De Primeira, da Marina Sena, em 2021.
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