Melly fala sobre as dores do amadurecimento em primeiro disco 

04/06/2024

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Isabela Yu

Por: Isabela Yu

Fotos: Divulgação/ João Arraes

04/06/2024

Melly passou os últimos dois anos lapidando Amaríssima, disco lançado na última quinta-feira, 28/5. Com doze faixas, o álbum traz participações de Liniker e Russo Passapusso e carrega referências da afro percussividade baiana. “Tento buscar no que eu sempre recebi da Bahia, que é a nossa influência rítmica: samba reggae, ijexá, zouk, pagodão”, afirma a compositora. Adicione a essa mistura, temperos do r’n’b, amapiano e pop. 

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Além do ritmo marcado, as canções trazem violões e guitarras, em contraponto a voz suave da cantora. “Como o disco tem a intenção de ser amargo, escolhi instrumentos acústicos que levassem a essa sensação sonora, como o violoncelo no final de ’10 Minutos”, comenta Melly, que assina a co-produção musical do registro, ao lado de colaboradores como Deekapz e Theo Zagrae

Depois de estrear com o EP Azul (2021), que lhe rendeu seu espaço de destaque na cena independente, incluindo o troféu de Artista Revelação no Prêmio Multishow no ano passado, ela mergulhou em si para compor as músicas de Amaríssima, seu primeiro disco. O próprio nome indica como foi o processo criativo do registro, pois o superlativo de amargor entrega a sensação agridoce que existe no início da vida adulta. 

Aos 22 anos, a artista enxerga necessidade de trilhar o seu próprio caminho: “Azul nunca teve ser a pretensão de ser algo, então associei essa notoriedade porque mostro a minha verdade. Continuei nesse caminho, mas quis falar sobre amadurecimento. Falar sobre o amargor foi a minha forma de lidar com todas as emoções e aprendizados nesses anos de vida.” 

Ainda que fale sobre as idas e vindas do amor em suas letras, há um teor auto-reflexivo que se destaca entre as faixas. Como uma pessoa reservada, Melly enxergou na música uma válvula de escape. “Sempre foi natural falar de afetos. Coloquei o meu coração neste disco. Sou tímida, não gosto de falar, porque o natural, para mim, é sentar e escrever”. 

O lançamento vem acompanhado de um filme dirigido por Edvaldo Raw, com a atriz Camilla de Souza Damião como Amara, o interesse romântico de Melly na narrativa. “Sou péssima visualmente”, desabafa a compositora. Conforme finalizava as músicas, a equipe dela preparava a tradução audiovisual do conceito do álbum, resultando no curta de 18 minutos. 

“Tentei me jogar ao máximo. Venci a minha timidez com ajuda da Camila Damião, que me guiou nesse processo. O filme traduz o que o disco quer dizer no quesito amor, afeto e representatividade”, afirma Melly. A capa do trabalho também carrega esses simbolismos: “Por ser um trabalho muito pessoal, queria que você conseguisse olhar dentro da minha alma porque o meu coração está nesse disco.”

No close up do seu rosto, vemos o nome do disco escrito como uma tatuagem embaixo do olho direito. “É a letra da minha avó, uma grande referência de vida, ela me ensina bastante sobre amadurecer e amor”, reflete a compositora. A influência musical da família vem do berço, pois há músicos em ambos os lados da família, ela brinca que já estava tocando bateria no momento em que abriu os olhos. 

Mesmo sendo multi-instrumentista, ela mantém uma relação forte com a voz: “Gosto mais de cantar. A partir do momento que percebi que gostava, já comecei a tocar violão para acompanhar. O meu pai me colocou em aula de piano, depois fui aprendendo o restante e a produzir.” 

Para o futuro, Melly deseja que o disco seja recebido por ouvidos atentos, especialmente pensando como a cena musical poderia ser mais plural. “Quero que as pessoas ouçam diversidade. Quero que o disco balance como algo pop, pois o Brasil precisa ser diverso na música, não ouvir só por ouvir, mas escutar o que faz sentido.”

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04/06/2024

Isabela Yu

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