A 8ª Mostra Cantautores contou com uma programação diurna, no sábado (3), devido ao debate “Esse Tal de Ouvinte“, que reuniu Julianna Sá (Dobra Discos), Leonardo Marques (Ilha do Corvo), Laura Damasceno (Jornalista e Curadora), Renan Guerra (Scream & Yell e Podcast Vamos Falar Sobre Música?) e Gabriela Amorim (Noize) para uma roda de conversa aberta ao público. O papo ficou gravado no perfil da Mostra, no Instagram, e contou com mediação do compositor e diretor artístico da Mostra, Luiz Gabriel Lopes.
O segundo dia de evento deu continuidade com três shows e ficou marcado por um público plural e marcante, onde transitava pessoas de diferentes faixas etárias. A primeira apresentação da noite foi do recifense Igor de Carvalho, que tem na bagagem canções interpretadas por nomes como Filipe Catto, Zélia Duncan e Johnny Hooker. O compositor equipado apenas com seu violão cativou o público – o qual cantavam juntos grande parte das canções com Carvalho – e sempre buscava explicar a ação que motivou a composição, sem deixar um clima tedioso. Alcançando com êxito a revelação de suas canções, Carvalho exibiu um repertório abundante, que passou por sua discografia com as canções “Brega”, “Desculpa”, “Suporto Perder”, “Samba de Todas as Crenças” e “Tá tudo aqui dentro”, essa última se formou um dos coros mais belos com a plateia nada tímida.
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A única mulher a se apresentar na noite, Jasmin Godoy, foi divulgada como uma das revelações da 8ª edição. Subindo ao palco de vermelho, a holandesa é filha de pai montes-clarense, com passagem pelo grupo Banzé, criado em 1968. Afirmando ter uma forte ligação com Minas Gerais, Godoy afirmou no começo da apresentação: “Em todo show gosto de cantar uma música nova, sinto sempre intuitivamente o que eu quero cantar”, e assim seguiu para suas criações inéditas, quase todas em inglês – que surpreendentemente não foi um fator de distanciamento com o público.
De uma maneira brincalhona, Godoy quebrou barreiras com o público, seja pelo olhar que buscava se conectar efetivamente, ou com explicações sobre a concepção de suas faixas melancólicas, definidas como “landscape songs” pela própria holandesa. Trocando de instrumentos algumas vezes no palco, o show foi finalizado com a cantora tocando com destreza a viola de seu pai. No repertório Godoy cantou “Honestly”, “Grain” e “Salve”, essa última foi o ponto alto da noite. Seu primeiro disco, “Show me the way”, produzido por Leo Marques, será divulgado em 2023.
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Seguindo após a apresentação de Godoy, Bruno Berle chegou ao palco para fazer o show mais lotado da noite, e logo se sentou ao centro do palco e, antes de se apresentar, já lançou suas composições. Surpreendendo o público, o alagoano contou com um repertório nada óbvio, desviando-se das canções do seu disco No Reino dos Afetos (2022), divulgado em julho passado pela Far Out Recordings, e norteando-se para faixas intimas, ainda não divulgadas, onde reuniu composições românticas próprias e de amigos – dos quais ele sempre fazia questão de comunicar as origens.
Para quem já teve oportunidade de ver um show do alagoano com o parceiro Batata Boy, pôde notar que a apresentação, feita no sábado (3), foi um show à parte, totalmente distinto do que já foi sustentado em palcos, como o do Studio SP. Distante das batidas eletrônicas e junto somente de sua voz e violão, Berle concluiu uma aproximação maior com as composições, seguindo a proposta da Mostra Cantautores. O alagoano foi o único da noite a proferir palavras contra o atual governo de Jair Bolsonaro (PL), e mesmo em tom tímido, acertou nas palavras que trocou com a plateia. Inevitavelmente, as canções mais cantadas pelo público foram “O Nome Do Meu Amor” e “Até Meu Violão”, exibindo o grande feito do disco de estreia de Bruno Berle.
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