#naluta Medialunas

24/04/2013

The specified slider id does not exist.

Powered by WP Bannerize

Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

24/04/2013

Medialunas foi o nome escolhido para batizar a união musical de um dos casais mais hiperativos da cena independente nacional. A dupla, que mistura guitarras distorcidas, bateria agressiva e letras em português, inglês e em espanhol, lançou em 2012 o seu primeiro álbum, chamado “Intropologia”.

E de lá para cá o trabalho vem ganhando, a cada dia, proporções ainda maiores. De destaque da plataforma Trama Virtual, o Medialunas foi lembrado por Robert Smith, do The Cure, na recente passagem da banda pelo Brasil.

*

Parece que a banda venceu a sua primeira luta. Mas a batalha continua.

É impossível começar a conversa sem perguntar isso. Na recente passagem do The Cure pelo Brasil, o vocalista Robert Smith comentou que havia escutado e gostado do som de vocês. O quanto que esse reconhecimento pode influenciar o trabalho do Medialunas daqui para frente?

Foi muito louco! O Andrio estava em casa e eu no trabalho quando vimos pelo Facebook o link sendo divulgado nas redes! Ficamos sabendo como todo mundo, por essa entrevista. É uma sensação muito doidona. Você está ali, quietinho, vivendo sua vida, e um cara que você admira fala de seu trabalho assim, espontaneamente, gratuitamente, sem que você imaginasse. Dá um frio na espinha, que é quase impossível de explicar. Um arrepio de quem percebe que fez uma ou mais músicas que tocaram o coração do seu ídolo. Que fez com que o nome da sua banda ficasse na cabeça dele exatamente da mesma maneira como nós o conhecemos, ouvindo as músicas dele. Saca? É uma conexão de corações e almas. Fazemos música com nossos corações e almas. Nós e ele.

O Medialunas foi uma das bandas que mais se beneficiaram do Trama Virtual. O disco de estreia estava lá para download e vocês apareceram em uma lista de “15 bandas que deveriam ser conhecidas” da plataforma. Como vocês planejam continuar a divulgaçãoo do primeiro trabalho, totalmente independente, sem essa importante ferramenta?

O Trama Virtual era uma ótima plataforma! Deixará saudades. De fácil acesso e muito bem divulgada, a plataforma facilitava, inclusive, o acesso do artista ao estúdio da Trama Virtual, onde tivemos o grande prazer de tocar. Que estudiozaço! Paulão e Ronaldão são dois dos melhores técnicos de som que já conhecemos na vida, se não os melhores! Somos partidários da cultura livre. Da arte livre. Da música livre! E vamos continuar disponibilizando nossos trabalhos gratuitamente. Agora migramos para o Bandcamp e também demos uma turbinada no perfil do Toque no Brasil – onde muitas oportunidades de shows e festivais independentes podem ser garimpadas. No mais, a gente continua trabalhando de forma independente, como sempre. Uma plataforma ajuda, mas não é tudo. Você tem que fazer CDs bonitinhos, vender, dar, distribuir a sua música. Acreditar e fazer você mesmo. Nada cai do céu. Tudo é fruto de (muito) trampo!

O Andrio já integrou a Superguidis e faz parte do Worldengine e do Urso hoje em dia. Você ainda toca com o Hangovers e com o Loomer. Se envolver com diversas bandas e projetos é o melhor jeito para sobreviver no underground?

Com certeza pensamos de outra forma. A gente “sobrevive no underground” porque ama o que faz. Não vivemos de música, e muito menos por isso temos várias bandas. Na real, é bem ao contrário. Temos três bandas cada um porque temos necessidade de tocar sons diferentes, ter projetos diferentes, com pessoas diferentes. Projetos que aconteceram naturalmente, com amigos que gostamos muito. Ter três bandas significa ter que ensaiar no mínimo três vezes por semana, carregar seus equipas no mínimo três vezes por semana, pagar estúdio, cervejinha, capa do CD, fazer flyer, divulgação, pagar gravação, muitas vezes pagar viagem, gasolininha, adesivinho, bottonzinho multiplicado por três. Isso não é bem um “mar de rosas”. Às vezes você fica doente. E não pode ensaiar com uma. Mas antes disso ensaiou com a outra. E aí? Se um dia duas bandas tiverem show no mesmo dia, você vai ter que optar. E argumentar muito. E tem muita amizade, tolerância e compreensão nisso tudo. O importante é isso: a gente ama o que faz. A gente ama o que faz elevado ao expoente três! Por isso continuamos! Pois quem corre por gosto, não cansa.

Ser um casal também fora da banda pode ser muito bom – ou muito ruim – para se trabalhar. A intimidade pode facilitar muita coisa, mas pode também acentuar discussões. É muito desafiante manter um relacionamento dentro e fora do Medialunas?

A gente (ainda bem) desconhece o lado ruim. Sinceramente, acho que quando conhecermos o lado ruim, e ele for incontornável, vamos parar. Pois quando as coisas deixam de ser feitas com o coração, elas deixam de ser bem feitas. Deixam de ser verdadeiras. Desafiante é esconder a empolgação quando são três da manhã e você tem uma ideia de música que PRECISA passar pro companheiro. No nosso caso é só abrir os olhos e cutucar o outro na cama, pegar um violão e “plim”. Cuidamos muito para não misturar nossa vida pessoal com a banda. Mas inevitavelmente uma coisa respinga na outra. Nas músicas. No entrosamento. Contudo, a música foi a melhor maneira em quase uma década de relacionamento que encontramos para resolver nossos problemas mais íntimos. Aqueles que você não consegue nem falar. Isso é ótimo. Bem como viajar para tocar, conhecer lugares e pessoas, somando experiências enriquecedoras para a vida JUNTOS, fazendo o que mais se ama JUNTOS, estando com quem mais se ama JUNTO. É só alegria! Só precisamos encontrar uma maneira de levar nossos gatinhos na bagagem. Acho que vamos acabar comprando um trailer, ou num futuro um pouco distante, um motorhome.

Para as bandas independentes, sempre é uma luta realizar shows. Isso porque sempre faltam oportunidades e grande parte das casas do nosso underground não possuem as condições técnicas mais adequadas. De que forma vocês lidam com isso?

Existem dois lados. Quando você está no início, bem no início, você tem que fazer um monte de show. Um monte! Você pega até o salão paroquial da igreja e aluga, numa vaquinha com dez amigos, pra organizar um festivalzinho. Você cria aquilo que não está ao seu alcance, à seu modo. Nós fazíamos isso em noventa e tantos, num bailão da saudade, em Guaíba. Uma ação conjunta entre amigos. Depois, você começa a organizar nas casas de shows. Achando que “agora só vai”. Nunca “só vai”. Tem gente que faz a faculdade e pensa “agora só vai”. Mas aí tem outras pessoas que já tão no mestrado, e você “só vai ficar pra trás”. É importante que nem as bandas, nem os produtores independentes, e, principalmente, nem os donos das casas de shows se acomodem com um nome, e pensem “agora só vai”. Música é arte. Música é amor. E amor é assim, que nem pão quentinho: você tem que sovar uma nova fornada todo dia pela manhã… Às vezes botando um gergelinzinho, um creme de confeiteiro… Se não, a galera enjoa. Enjoa e enoja. E você “só vai se f*&¨%” Se você quer que algo dê certo, você tem que investir todas suas forças ali. Tempo, saúde (física e mental), grana, e o que mais você puder. As coisas só dão certo quando são verdadeiras, repito, feitas com AMOR.

Não deixe de conferir a edição #61 da NOIZE:

Tags:, , , , , ,

24/04/2013

Revista NOIZE

Revista NOIZE