Na última semana, Neil Young deu início a um movimento que está gerando repercussão no meio musical, onde solicitou que suas músicas fossem retiradas da plataforma do Spotify. A ação foi motivada pelo podcast “The Joe Rogan Experience”, do humorista e podcaster Joe Rogan, estar espalhando notícias falsas em relação à eficácia de vacinas e sugerindo que os ouvintes façam uso de tratamentos ineficazes contra a Covid-19.
A polêmica atingiu o ápice na quarta (26), quando o Spotify atendeu o pedido do músico e apagou parte da discografia de Young, enquanto manteve o podcast de Rogan. O programa, exclusivo da plataforma, foi o mais ouvido no ano de 2021 e conta com antecedentes de falas preconceituosas. A união de mais de 200 profissionais da saúde, em uma carta aberta, acusam o podcaster de fake news, e desmentem as informações falsas com dados científicos.
O canadense, de 76 anos, lançou o álbum Barn, seu 41º disco, no final do ano passado e viu o streaming da Apple Music, concorrente do Spotify, despertar divulgações sobre o álbum, e se auto intitular como “lar de Neil Young”. Outras plataformas também estão indo nesse caminho e deixando em evidência a discografia de Young.
Amiga de longa data, a cantora canadense Joni Mitchell se juntou a Young, e alegou em seu site oficial que “pessoas irresponsáveis estão espalhando mentiras que estão custando a vida das pessoas. Sou solidária a Neil Young e às comunidades científicas e médicas globais sobre esta questão”. Mitchell, que tem média mensal de ouvintes de quase 4 milhões na plataforma, continua com o perfil ativo.
Em uma postagem no domingo (30), o norte-americano Rogan pede desculpas e segue defendendo que irá continuar recebendo convidados com “pontos de vista controversos”. “Não quero mostrar só a opinião contrária à narrativa corrente. Quero mostrar todas as opiniões”, assume o podcaster. Na mesma data, a plataforma sueca comunicou que adotará medidas para combater a desinformação sobre a Covid-19, incluindo links confiáveis com informações cientificamente comprovadas em podcasts que citem sobre Covid.
Na quarta (02), o boicote contra a plataforma ganhou mais força com apoio de Graham Nash, David Crosby e Stephen Stills. O trio, que já foi um quarteto com Neil Young, solicitou a retirada do seu catálogo, que inclui os projetos do quarteto, do trio e também da dupla Crosby-Nash, tal como os trabalhos individuais de cada um.
“Embora sempre valorizemos pontos de vista alternativos, espalhar desinformação conscientemente durante essa pandemia global tem consequências mortais. Até que uma ação real seja tomada para mostrar que a preocupação com a humanidade deve ser equilibrada com o comércio, não queremos que nossa música – ou a música que fizemos juntos – esteja na mesma plataforma”, comunicam na nota abaixo.