No próximo final de semana, nos 19 e 20 de abril, acontecerá a segunda edição do Plantão Festival, no Marina Park, em Fortaleza. O evento organizado pela produtora 30PRAUM nasceu da vontade de movimentar a cena de rap nacional. Neste ano, o line-up reúne nomes de peso do rap e do trap, como Matuê, Djonga, Slipmami, WIU, Teto, Azzy, TZ da Coronel, Veigh, Derek e muito mais.
Conversamos com Clara Mendes, CEO e cofundadora da 30PRAUM, e Matuê, diretor criativo da produtora, sobre o festival, seus planos para o futuro e seus desejos para a segunda edição do evento. Confira a seguir:
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Quais são as expectativas sobre a segunda edição do festival e como está sendo a preparação para o evento?
Clara: A gente está esperando ainda mais diversão do que no ano passado. A nossa meta é sempre buscar a melhor experiência possível para o público, para os artistas e para todo mundo que participa. A gente montou um line up de acordo com o que a gente curte e é como se estivéssemos preparando uma vibe boa para nós mesmos. Isso já rolou no ano passado. Por exemplo, do nada, algum artista invadiu o palco do outro e os artistas ficaram lá para assistir aos shows uns dos outros. Então, nossa intenção é essa interação mais orgânica entre os artistas, o público e a equipe.
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Como vocês sentiram a recepção do público na primeira edição?
Matuê: Bom, quando a gente anunciou a primeira edição, foi um pouco complicado para a galera entender o que era. Plantão é um nome meio estranho, imagino uma galera se perguntando se era alguma coisa relacionada à medicina. E aí depois o choque de ver o nosso personagem, que é uma plantona, esse bagulho bem esparrado de ganja. Acho que foi um desafio inicial, que a gente sofreu um pouco. Mas depois que a galera entendeu, todo mundo entrou na brincadeira e quando vimos a edição acontecendo, a resposta foi incrível. Foi até uma surpresa. Porque quando a gente cria esses conceitos, é como se fosse para nós mesmos. Então, a filosofia do plantão tem muito essa energia. Quais são os artistas que a gente quer estar por perto? É uma curadoria de vibe. A gente chama os artistas que vão agregar na vibe, que vão trazer uma resenha massa e transmitir isso para o público de alguma maneira. Todo mundo vai para um lugar histórico, o Marina Park, onde tinha o Ceará Music, que era um evento que rolava muitos anos atrás aqui em Fortaleza, com as grandes bandas do momento. É um lance de revitalização, de dar continuidade às coisas, principalmente dentro da arte, da cultura, que por aqui às vezes é um pouco precário. Eu via essas bandas e elas me inspiraram a subir no palco, a cantar e fazer o que faço. Depois, isso acabou, passou uma época em que não aconteciam mais esses eventos na cidade. Então, a gente ficou meio órfão, a rapaziada que consome música. O Plantão vem muito nessa pegada assim de entregar uma parada de alta qualidade, com a energia sincera, conectando a rapaziada de uma maneira autêntica e genuína.
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Qual a importância de fazer um festival de trap e rap dessas proporções em Fortaleza?
Clara: A gente viu isso como um passo natural da nossa missão de trazer o mercado mais para cá, para descentralizar um pouquinho e criar o sistema para o mercado musical daqui. Tem uma uma demanda reprimida muito grande, tem um público que quer consumir e não está sendo atendido. A gente quer mostrar que existe um mercado, tem público e tem demanda de trabalho para bastidores. Então queremos criar esse ambiente, para inspirar mais artistas, mais pessoas que querem trabalhar na produção, já pensando na próxima geração. E também pensar nessa experiência que a gente quer entregar para a galera daqui. Além de trazer a galera para cá, não só gente do Nordeste, mas o Plantão tem potencial para chamar pessoas de todo o Brasil.
Como vocês construíram o line up do festival? Desde a escolha dos nomes até a sequência de shows.
Matuê: Pô, mano, não é fácil montar um line que corra naturalmente e tenha uma boa organização. Acho que a parada mais chave para o evento é tudo bater direitinho. E aí inicialmente a questão é de agenda, saber quais são os artistas que tem disponibilidade, para depois a gente entender, entre esses artistas disponíveis, o que que faz sentido pra nós. A gente valoriza muito as interações dos artistas entre si. Se você for ver o line up, tem muitos artistas que já fizeram participações uns com os outros. Isso dá abertura para alguém pular e dar uma surfada no show do outro, por exemplo. E o Plantão é o lugar perfeito para essas coisas acontecerem. Normalmente, a gente também deixa o ambiente bem confortável para isso: a parte de tempo de show, a parte técnica sempre muito encaixadinha para todo mundo poder fazer a sua apresentação na vibe. Isso aí é uma coisa que a gente valoriza muito e, querendo ou não, conta muito. Então juntando esses dois aspectos, eu acho que você consegue entregar esse line up de respeito que encaixa.
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Nesta edição, há artistas mulheres no line-uo, ao contrário da primeira, porém ainda é uma porcentagem menor em relação aos homens. Qual olhar vocês têm para essa questão e quais são as tentativas de mudar esse quadro?
Clara: Pensamos que o line do Plantão deveria refletir o mercado. Graças a Deus, a gente tem cada vez mais mulheres no rap. Então, nada mais justo do que colocar isso lá em 2024 e realmente cada vez mais. A Azzy já está no mercado há muito tempo, fazendo números muito bons. E a Slipmami é muito boa e está em ascensão, crescendo muito. Eu torço para que cada vez mais a gente consiga encaixar mulheres, que cada vez mais a gente tenha mulheres nos charts que vão acabar nos festivais, não só no Plantão.
Matuê: Além disso, também poder trazer mais representatividade local. Acho que são os dois pontos de atenção. A nossa principal missão ali é poder trazer artistas locais, com interesse genuíno do público. E que a gente possa fazer justamente essa malandragem, equilibrar entre conseguir trazer público e também trazer artistas que a gente acha interessante, que queremos amplificar a voz botando eles em cima do palco, mano.
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E a longo prazo, o que vocês pensam para o Plantão? Quais são os planos para o futuro?
Clara: A gente quer muito implementar o Plantão como uma parte da cultura do rap brasileiro, como um marco. Essa data, dia 20/04, queremos que anualmente todo mundo vá para Fortaleza, porque lá vai ter grandes shows, as melhores interações, a melhor vibe. Nossa meta sempre é crescimento com qualidade. Com certeza a gente sempre quer aprender, melhorar, já aplicar em um novo ano aquilo que aprendemos no ano passado. E ano que vem a gente já vai estar fazendo a nossa lista de coisas que precisamos melhorar, com base neste ano.
Há artistas da 30PRAUM no line-up. O festival é uma forma de impulsionar a própria produtora e seus artistas?
Matuê: Eu nunca tinha pensado muito bem nisso, para falar real. É uma dúvida, se os artistas promovem o Plantão ou se o Plantão promove os artistas. Se pá é pau a pau, hein, mano, porque graças a Deus os moleques estão bem. WIU surfando a onda máxima esse ano, tirando maior onda com os lançamentos, os números e tudo. O Teto também, ano passado veio gigante e tá preparando o disco dele, que também tenho certeza de que a galera não vai reclamar pela espera. Estão reclamando agora, mas quando sair, eles vão falar: “OK? Obrigado. Valeu a pena”. Eles entregam muito e esse até é um motivo pra gente não trabalhar com muitos artistas na 30. E hoje, no festival, queremos eles ali porque são atitudes incríveis, com um show ao vivo ainda melhor. Eles não podem faltar em um festival de rap, mas acho que futuramente é uma vitrine muito forte mesmo para novos artistas possam surgir na 30.
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