Em entrevista, WIU comenta como é ser um “Vagabundo de Luxo”

16/07/2024

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Erick Bonder

Por: Erick Bonder

Fotos: Luq Dias e Bruno Gordilho/ Divulgação

16/07/2024

Vagabundo de Luxo, segundo álbum do cearense WIU, um dos maiores nomes do trap nacional, chegou às plataformas de streaming em 10 de julho, e leva nas 13 faixas um clima de pista, misturando o gênero derivado do rap com ritmos dançantes, como o raggaeton e o funk. Lançado pela 30PRAUM, selo do Matuê, o álbum traz uma nova faceta do compositor e produtor de apenas 22 anos.

“Existem diversos conceitos de sucesso. Vejo o sucesso como um um checkpoint. Ainda sonho conquistas muitas coisas. Cada vez que a gente dá um passo, subimos um degrau na escada e depois queremos mais”, comentou o artista sobre seus números expressivos nas redes sociais, ainda que tenha uma carreira ainda recente.


O álbum fala justamente sobre essa mudança na vida de WIU que, em suas palavras, segue sendo um “pivete”, mas que, repentinamente, se transformou em um produto do mercado musical – e que “todos querem um pedaço”. Não é que o trapper tenha deixado de lado os seus característicos love songs, mas eles agora vem embalados dentro da perspectiva do “vagabundo de luxo”.

“Rainha da Finesse”, lançada como single no início de julho, é um ótimo exemplo do que o ouvinte encontra na obra completa. Por aqui, o trapper experimenta misturar o seu flow com elementos do funk e do piseiro, em versos como “por dentro é demônio, mas tem cara de inocente”.

Abaixo, confira nossa conversa completa com o músico:

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Vagabundo de Luxo é um álbum de trap, mas tem vários elementos de outros gêneros, como reggaeton e funk. Como surgiu o desejo de fazer um som mais híbrido?

Faço música para me divertir, pensando em como ela vai mover as pessoas, em como as pessoas vão se divertir comigo. Eu quero gostar de ouvir as minhas próprias músicas no rolê. Eu gosto de me arriscar e fazer as sonoridades que eu quero ouvir, tipo o reggaeton.

Foi consciente de se aproximar do pop? Esse som de pista, mais dançante. 

Talvez não tanto com essa preocupação, mano, mas de uma maneira intuitiva. Eu escuto muita coisa, saio muito da bolha. Meu Spotify é maluco, tem de tudo. Mas, conscientemente, quis fazer músicas mais alegres e me aproximar de outros gêneros, com certeza. Essas músicas não eram para um álbum, inicialmente. Foram feitas em momentos diferentes. Algumas foram feitas no ano passado, outras no mês passado, e teve música que foi feita três anos atrás. O que elas têm em comum é essa proximidade com a pista.


Como foi o processo de conceber o álbum e juntar esse material? 

Eu queria dar continuação para a história contada no meu primeiro álbum. A história do menino que amava errado, que amava demais. Acredito que isso reflete muito minha vida, o que eu vivo. Minha música está ligada 100% comigo. Tudo que escrevo, parece que vai acontecer ou acaba acontecendo, porque minha energia está alinhada. Quis dar uma continuação à história do Manual de Como Amar Errado (2022), que é a narrativa do Vagabundo de Luxo. É sobre virar, de maneira rápida e até sem perceber, um produto, que todo mundo quer um pedaço. Sobre minha relação com a mídia, com o amor, como tudo isso aconteceu. Eu não tive tempo de deixar de ser um vagabundo, então agora sou um vagabundo de luxo. Ainda sou o mesmo pivete, mas estou em outra base. Tem uma história dentro desse álbum para quem ouvir.

Como a galera vai receber o disco? Quais são as tuas expectativas?
Tento não me preocupar muito com isso, porque sinto que as pessoas recebem de maneiras muito diferentes. Não existe uma realidade única. A gente mora em um país do tamanho continental, com diversas realidades. Sinto que grande parte da galera vai entender minha mensagem, que o bagulho é para pista, para dançar, viver, ficar bêbado ouvindo. Outra parte vai se conectar emocionalmente também. Tem vibe para todos os gostos, momentos mais singelos e calmos, até momentos caóticos, de curtir com os amigos. Gosto de estar presente na vida das pessoas e fazer elas se identificarem.


Além de compor, fazer as letras e cantar, tu é também produtor. Como isso influencia o seu processo criativo?

Toda vez que entrei no estúdio com algum artista, e a pessoa me perguntava se eu também produzia, sempre ouvi a mesma coisa: “Pô, deve ser muito massa poder fazer os beats, porque deixa a música com a tua cara”. É literalmente isso. No final das contas, consigo estar muito mais no controle do que eu quero ouvir, de qual sensação eu quero passar ali, se eu souber comunicar certo entre o que eu tô pensando e o que eu tô criando. É o grande laboratório do cientista maluco. É divertido, como se eu montasse um quebra-cabeça. Todas as vezes que eu monto, se eu mudar uma peça de lugar, ele não fica errado, cria uma paisagem diferente. Então, eu acho que os pequenos hábitos, as pequenas teorias que eu desenvolvo como produtor, quando eu aplico nas minhas músicas, consigo me organizar da mesma maneira. Consigo falar o que eu quero, consigo encaixar uma palavra onde quero encaixar. Essa é a maneira que se comunica na minha cabeça.

E como foi produzir Vagabundo de Luxo?

Teve muitas tracks que não produzi, porque estava fazendo na estrada, em hoteis e tal. Às vezes, precisava colocar uma ideia para fora, para salvar, pegava um beat da internet, de produtores que eu confio. Essas músicas, nesse caso, não foram produzidas por mim, mas têm uma energia muito boa de estar na estrada, me divertindo. Já as que foram produzidas por mim, essas são as mais densas do álbum. A curadoria da coisa foi feita por mim e minha equipe da 30PRAUM. Escolhemos a dedo quais músicas colocar, quais guardar. Foi muito divertido fazer isso e produzir o álbum também, mano, papo reto.


O que vocês estão planejando para os próximos meses?

Quero um show novo, mano, com certeza. Estamos preparando, discutindo isso. Vão ter vários shows na agenda que vão ser oportunidades de fazer algo especial. E projetos audiovisuais, essas coisas, estamos planejando também. Lançamos comerciais trabalhados na estética de “Vagabundo de Luxo”, como se estivesse vendendo produtos de luxo, mas com aquela malandragem. Foi muito massa gravar isso, muito cansativo, mas divertido. Pode ser que venha outro clipe também. Minha vontade de coração é ver qual música a galera mais gosta e fazer um clipe pra ela.

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16/07/2024

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