Promovendo um intercâmbio cultural através da música, o festival Primavera Sound, em Barcelona, foi criado em 2001 e chega em sua 20ª edição. Como uma programação à parte do festival catalão, o Primavera Pro tem entre suas atrações as bandas brasileiras Pluma, Tuyo e Bala Desejo.
Com a proposta de apresentar discussões sobre novas tendências do mercado musical, além de exibir novos artistas de diversos países e gêneros musicais que são apostas no ramo, o evento se divide entre as localizações do Parc Del Forum e CCCB.
Passeando por diferentes conflitos sentimentais no último álbum Chegamos Sozinhos Em Casa (Deluxe) (2021), o trio curitibano Tuyo, formado por Jean Machado e as irmãs Lay e Lio Soares, irá se apresentar nos dias 04, 06, 07 e 11 de junho, dividindo o palco entre grupos da Lituânia, Áustria, Itália e Espanha. Uma das integrantes da banda, Lio Soares, afirma em entrevista: “Cada chance de subir em um palco novo, num palco ainda inexplorado pela banda Tuyo é uma oportunidade de ver uma audiência diferente, um público com outras perspectivas, com outras ansiedades, e a gente se desafiar a suprir essas novas ansiedades desses novos cidadãos aí. Então, apresentar a nossa discografia num palco, no Primavera Sound que está sempre aí percebendo o que acontece de novo na música, é também se compreender enquanto novo”.
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Apenas três meses do lançamento do lado B, de seu álbum de estreia SIM SIM SIM (2022), a banda carioca Bala Desejo já obtém quase 70 mil ouvintes mensais na plataforma do Spotify. O grupo formado por Julia Mestre, Dora Morelenbaum, Zé Ibarra e Lucas Nunes fez seu primeiro show intimista ainda em dezembro passado, na casa de shows Bona, em São Paulo, e já esgotou bilhetes em casas musicais do Rio de Janeiro e São Paulo. Levando a kombi brasileira para os dias 04 e 06 de junho, do festival catalão, a banda se apresenta entre os shows dos grupos Tuyo e Pluma. “Acho que a gente sempre sentiu essa potência do Bala, em ser uma coisa explosiva em nós, antes de ir para o mundo, mas para a gente o processo também foi muito rápido. O processo inteiro de composições e de conceituar todas as ideias, depois de gravação, todo o processo parece que foi uma bala mesmo, atravessando a gente. É incrível e chocante que isso aconteça assim, muito rápido, mas ao mesmo tempo é coerente com os processos do Bala Desejo”, diz Morelenbaum.
Transmitindo uma mensagem positiva e sorridente na maior parte do tempo, Mestre complementa a amiga: “O disco mesmo tendo cinco meses, nós já estamos tendo uma resposta de bilheteria, de público, muito grande por onde nós temos passado. Estamos vendo a vontade do público de acompanhar o show, de estar querendo estar assistindo o grupo, sempre com casa cheia. Isso está fazendo com que, mesmo com pouco tempo de lançamento, a gente possa ir para a Europa, fazendo uma tour pela Península Ibérica”.
Igualmente lançado no mundo durante a pandemia, a banda paulistana Pluma se uniu inicialmente na faculdade Belas Artes, na Vila Mariana. Tendo em mente o intuito de realizar o projeto para conclusão de curso, a vocalista Marina Reis, junto de Diego Vargas (teclado e synth), Guilherme Cunha (baixo) e Lucas Teixeira (bateria) gravaram as faixas do primeiro EP Mais do Que Eu Sei Falar (2020), no ano de 2019, porém só começaram a ter um contato mais próximo do público em outubro de 2021.
Durante uma conversa, na manhã da última quinta-feira (26), a vocalista Marina Reis comentou sobre os últimos acontecimentos da Pluma: “É bem doido, é uma sensação da ficha cair e não cair ao mesmo tempo. Até agora a ficha não caiu que a gente vai pra Barcelona, minha mala está aqui atrás e até agora minha ficha ainda não caiu.”, aponta para a mala vermelha, no canto da tela.
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Com shows confirmados durantes os dias 04, 06 e 11 de junho, a vocalista da Pluma garante: “Foi muito doido porque além da gente lançar na pandemia, a gente só tinha essa referência dos números, de comentários, seguidores de rede social. É legal ter essa troca também, mas é bem limitado e às vezes você fica meio bitolado da cabeça, passando o dia inteiro ligando para números e gráficos, e às vezes você baseia o seu sucesso somente nisso sabe, sendo que é importante, porém não é a única coisa que importa. Ter a experiência da galera cantando com você nos shows, emocionalmente falando, vale muito mais do que comentários e likes”.
A convocação das bandas brasileiras só foi possível pela delegação dos curadores do festival Nômade, realizado em São Paulo desde 2018, e do festival Bananada, que acontece anualmente em Goiânia, que apresentaram o showcase para o Primavera Pro. Lio Soares diz que a união de diferentes projetos só agrega a turnê das bandas: “A gente [Pluma, Bala Desejo e Tuyo] se encontrou lá no Nômade Festival recentemente e já houve uma leve troca. Conversamos a respeito de que lugares a gente tem vontade de conhecer. A gente pertence a camadas muito diferentes da sociedade do que essas outras bandas, e eu acredito que vai ser uma proposta bem plural e complexa. Eu celebro muito esse grande contraste que existe entre a gente e os outros projetos, acho que isso só enriquece essa grande turnê”.
Para Mestre, esse contato só aproxima os artistas brasileiros com a nova cena musical: “Nós do Bala Desejo trocamos bastante ideia com Pluma e Tuyo. Eu já vinha acompanhando o trabalho deles, e isso aproxima nos aproxima ainda mais como músicos, que estamos fazendo esse roteiro. Na verdade, esse tem sido o maior barato de tudo, do Bala Desejo como itinerante, os encontros que estamos tendo pelas cidades afora, isso só faz a gente se aproximar da cena musical de todo o Brasil.”
Possuindo planos de produzir o primeiro álbum da banda em 2022, agora mais amadurecidos, a vocalista do grupo independente Pluma diz que todos os integrantes souberam do convite por uma chamada de vídeo, no começo do ano. “Poder estar com artistas que admiramos tanto nesses lugares é algo demais. Nos motiva bastante a fazer mais coisas e ver até onde a gente vai”, encerra Reis.
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