Projeto Moda & Comunicação
Oi FM em parceria com a MTV
O evento foi incrível. Eu poderia encher esse review somente com frases geniais dos dois palestrantes, mas, ao invés disso, vou contar pra vocês um pouco de como foi e o que eu achei:
A primeira pessoa que subiu no palco foi Heloísa Hervé, um “ser humano do sexo feminino de idade mais avançada” muito descontraído: fez piadas e interagiu com o público durante todo o seu discurso. Ela é alguém de quem eu, pessoalmente, nunca tinha ouvido falar, o que me envergonhou um pouco, principalmente quando ela terminou sua parte da palestra, afinal, Heloísa subiu lá e mostrou que sabe mesmo. O primeiro ponto que a diretora da Job & Hervé, agência especializada em comunicação de marcas de moda, levantou foi algo fora do assunto da palestra, mas com tanta importância quanto o restante dela: Por que as faculdades relutam tanto contra eventos que envolvem empresas (nesse caso a Tanara, a Oi e MTV)? Porque, se, no final de contas, são essas empresas que vão absorver os estudantes pra dentro do mercado?
Depois de elogios à iniciativa da faculdade (o que não me incomodou, porque concordo), ela começou a falar sobre o que realmente interessava: construção de uma marca de moda. As marcas, independentemente do ramo, devem significar algo para alguém, para quem as consome. A segunda etapa do processo é a personificação da marca. Em palavras menos chiques: se essa marca fosse uma pessoa, quem ela seria? Como iria se vestir? A quais lugares iria? Qual musica ouviria? Dessa forma é possível definir onde vender e quais as ações adequadas para atingir o seu público. Mas, sem dúvidas, a melhor frase de todo o evento foi: esta: “Ás vezes as pessoas esquecem que o mercado é composto de gente e não de números percentuais”. Eu poderia ficar escrevendo por horas aqui e não conseguiria dizer todas as coisas que ela quis dizer com isso, mas o que devemos tirar dessa frase é que os consumidores não são compostos apenas de idade, sexo e quanto tempo ficam na internet, é muito mais que isso. Queremos produtos pra pessoas e não para dados. As marcas têm que ter relevância para as pessoas, tem que fazer parte da vida do consumidor, devem ser escolhidas por ele e não buscar a fidelidade pela fidelidade, frisaram ambos os palestrantes.
Turco Lôco, além do apelido mais do caralho da história, é dono da Cavalera, ex-deputado e ex-vereador. Falou sobre fazer moda, e que ela é uma soma de arte e ciência: “Arte é um dom, tem que saber. E ciência é isso que a gente tá fazendo hoje”. Ciência é o conhecimento, é entender os tecidos, buscar informações sobre o que se pode ou não fazer com eles ou com determinado acessório. A arte é saber criar e utilizar a tecnologia que tem a sua disposição. O Turco mesmo deu exemplo de uma calça dessa coleção que ele queria ter feito há 2 anos, porém na época não havia a tecnologia necessária.
Durante a apresentação que contava a história da sua empresa, ele mostrou as coleções polêmicas, os desfiles nos lugares mais impensáveis e como que a Cavalera trabalhou para se consolidar no mundo da moda e se tornar uma marca irreverente e descontraída. Comentou, também, sobre os processos contra sua marca: “entram de balde lá no escritório” , mas ele afirma não se incomodar e ainda retruca: “vamos usar como marketing”. O que aconteceu diversas vezes, inclusive no caso contra o McDonalds, que acabou retirando o processo mais tarde. A coleção atual, que obviamente teve um destaque na apresentação, tenta – e na minha opinião consegue – retornar as raízes da Cavalera: o rock. Turco conseguiu arrancar suspiros de desejos de todas as meninas presentes no auditório ao mostrar uma calça completamente dourada.
Acho que a melhor frase para acabar essa matéria é de Turco Loco: “Cada um é estilista do seu próprio estilo” – tudo que ele faz é fornecer as opções para os consumidores.