Rapper MMoneis joga luz no dialeto das periferias paulistanas

30/11/2023

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Lucas Coruja/ Divulgação

30/11/2023

Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, MMoneis foi o indicado no BQVNC do Lado B da revista #126, que acompanha o vinil de “Sobre Viver”, do Criolo

Nascido no Grajaú, distrito do extremo sul de São Paulo, Rafael Gomes da Silva, mais conhecido como MMoneis, se dedica a música há 15 anos. Participou do coletivo Arterima entre 2007 e 2014, e realizou projetos com jovens da região. Um deles, Hip-Hop Grajauense – Fomento Cultural aos Conterrâneos (2018) virou documentário disponível no Vimeo. No mesmo ano, realizou uma residência artística no no Centro Cultural Vila Itororó, o material criado na época foi o ponto de partida do EP Gueto na Vila (2017). A discografia do artista conta com três discos e dois EPs solos, além de diversos singles. Em cada faixa, transporta suas vivências da periferia para letras inspiracionais. Somente no seu disco de estreia, Manutenção dos Fatos (2015), circulou mais de 6.000 cópias em CDs – e vendeu um por um até o estoque acabar. Neste ano, apresentou “Habilidoso” e “Bala Loka”, reunidos em um videoclipe gravado por Geovanni Santana e Gabriel Crial. Use o YouTube para encontrar o seu trabalho. 

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Por onde começar? Sugiro duas opções. A primeira é para quem prefere escutar a evolução do rapper: comece em 2015, quando ele ainda assinava como Mano Money’s. A segunda proposta é para os fãs de freestyle, habituados aos beats rápidos e intensos do trap e rap. Inicie por “Bala Loka”, siga para “Querem Meu Fim”, parceria com a argentina Pitoniza Gómez, e siga viagem. 

Mood: O rapper segue o lema do Sabotage de que “rap é compromisso, não é viagem”, então se prepare para ouvir um som que vai mexer com você, e contribuir diretamente para uma reflexão sobre a vida na cidade. Musicalmente, aponta para novos ritmos, sem ser marcado pelo tempo ou pela geografia. Atento ao que acontece ao seu redor, ele joga luz para o dialeto das periferias paulistanas com sensibilidade aguçada. 

Como soa? “Todo cuidado é pouco e o povo tá ressabiado, irado, com esse quadro que só muda pra piorar o Estado”, rima na faixa “Caminhe”, presente no disco Nada Será Como Antes (2021). Propondo reivindicações por meio de rimas, o seu rap é conectado às bases do boom bap. Sua voz decolonial se conecta com os trabalhos de Parteum e Murica

Qual a vibe? Pra quem é ou pra quem não é do rolê do rap, a música de MMoneis consegue transitar por diferentes ambientes. Com firmeza mas sensibilidade, ilustra a rotina de suas vivências na cidade. 

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30/11/2023

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