Mais uma vez, o calor é atração confirmada no Lollapalooza Brasil 2018. Na chegada com transporte público, dá pra perceber que a estrutura criada pela CTPM melhorou em relação ao ano anterior, com muito mais funcionários para orientação, corredores específicos e sinalização. Logo que você entra no vagão do metrô, já começa a sentir e energia da galera. Fica na cara quem está indo pro Lolla também, logo você está interagindo com pessoas de outros estados empolgadas para ver AQUELA atração que valia a pena o voo e o ingresso.
A vestimenta do públlico está marcada por acessórios como pochetes de paête, tiaras, looks fluorescentes, franjas, chapéus, tudo sempre confortável, mas sem perder a oportunidade de deixar a sua marca. E faz sentido, pois foram mais de 100 mil pessoas apenas na sexta, e ninguém quer ser só mais um nessa super multidão.
A estrutura de internet móvel dentro do Autódromo de Interlagos deixa a desejar, ora funciona, ora não funciona. Só consegui me acalmar com isso quando veio conexão na hora de assistir o show do Rincon Sapiência no Palco Budweiser, e valeu a pena. A empolgação do rapper no palco principal fez toda a diferença. Como ainda era cedo, não havia volume tão expressivo de público, mas deu pra dançar e cantar, desde “Ponta de Lança” até a participação da cantora Iza, que cantou “Pesadão” e a recém lançada “Ginga”, parceria com o cantor. Marielle Franco foi citada e o público respondeu de imediato que sim, ela estava presente.
Ao mesmo tempo, Mallu Magalhães fazia um show alegre no Palco Axe, muito mais descontraído com o público se comparado aos shows anteriores da cantora no evento. Sorridente, com canções mais alegres e algumas desafinadas básicas. A simpatia da moça cantando seu álbum mais recente e até alguns sucessos da Banda do Mar, toda de branco, alegre, compensava seus tropeços. O show dela foi 5 minutos mais curto que o programado, aqueceu os coraçõezinhos, mas poderia ter incluído mais alguma canção.
Já Spoon chegou com toda a sua experiência ao Palco Budweiser, porém era uma banda menos conhecida pelo público para ter sido incluído para o principal. Tecnicamente impecável, quase no fim de tarde, contou com dancinhas contidas do público que tinha visto Rincon há uma hora e agora se deparava com uma melancolia indie.
E o que falar do Chance The Rapper pregando muita energia positiva? Foram 20 minutos de atraso, já com público um pouco mais específico, esperando o artista que veio com tudo, pra fazer pular e cantar mesmo, sem dó. Agradecendo diversas vezes o carinho do público, pulando pra lá e pra cá, fez mais que a sua parte. Fiquei pertinho da grade, então presenciei o fervor de quem aguardava o rapper, já experiente e dono de três Grammys, fazer um dos melhores espetáculos da noite.
LCD Soundsystem lááá no Palco Onix custou aquela caminhada, e certo estranhamento pela proximidade com o Palco Axe, onde ainda consegui escutar “Simphony”, talvez a mais conhecida da Zara Larson, que tocava por lá e também homenageou Marielle Franco dedicando a ela uma de suas canções. É inviável shows simultâneos no Axe e Onix, mas conferindo o quadro de horários, isso não vai acontecer. Voltando ao LCD, havia uma galera sentada, para um show nem tão comercial ou pop. Foi isso que recebemos do início ao fim, nada de firulas e deslizes, claramente um show muito bem feito por uma das melhores bandas da atualidade.
Mas corri pro Axe, que com cinco minutos de diferença, recebia ele: Mac DeMarco. O cara já chegou tentando um solinho de “Can’t Stop”, do Red Hot Chilli Peppers, que acontecia do outro lado, para chamar atenção de alguém, ironicamente. Quem estava ali era fã mesmo e cantou todas. Não queria ver o RHCP. E se deu bem, porque o Mac estava animado, bebendo e fumando no palco, como já era esperado do irreverentíssimo cantor. Teve rimas sobre sanduíche clássico de São Paulo, teve atletismo no palco, enfim, ele estava pilhadaço. Tocou seus sucessos, se divertiu com a galera e não foi julgado pelas trapalhadas, como a do final, onde voltou ao palco para buscar o boné que havia deixado por lá.
E então Red Hot e todo mundo aqui sabe o que os caras fazem no palco, nem que seja por ter visto um vídeo no YouTube. Eu nunca tinha visto um show deles nem uma multidão daquelas em nenhum dos headlines de 2017. Era muita gente, cantando e vibrando junto, muitas camisetas da banda, muito tudo, qualidade, empolgação, gente, canções clássicas cantadas em coro, falta fôlego pra explicar. E é aquilo, a receita deles funciona, sem inovação, confiantes e extremamente bem recebidos.
Adendo para falar do Alok, lá no palco Perry, que, basicamente, é o universo paralelo do festival, onde toca eletrônica o dia todo para uma galera sempre dançante. É a vez do estilo top tomar conta, e ele arrebatou mesmo um grande público para tocar seus virais já confirmados nos serviços de streaming. Porque na hora que toca “Hear Me Now” ao menos o refrão até o indie mais dos indies sabe cantar, e isso talvez seja uma das coisas mais especiais do festival.
Segundo dia: Anderson .Paak e Imagine Dragons, Mano Brown, David Byrne, seguuuuuuura que tem muito mais!