Risco: coletivo e independente

11/08/2014

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Por: Paula Moizes

Fotos: Divulgação

11/08/2014

Eles nem quiseram chegar perto de uma gravadora. E muito menos tentar a carreira sozinhos, competindo uns com os outros. Se reuniram e montaram o coletivo e selo independente Risco. Uma ideia conjunta de oito bandas paulistanas e Gui Jesus Toledo do Estúdio Canoa, local de nascimento de álbuns como o de Luiza Lian, o primeiro do Charlie & os Marretas, Cheio de Gente (2014) do Memórias de um Caramujo, o novo disco d’O Terno e outros tantos que estão por vir.

2014 parecia o ano perfeito para começar o projeto. Com o Estúdio de pé, o convívio entre as bandas cresceu e o coletivo se formou antes mesmo de ganhar o nome de Risco. Quem capta, grava e mixa as composições da galera é Gui Toledo. “Com o Gui, as bandas encontraram um parceiro pra fazer suas produções, alguém que encarava o projeto de dentro, como uma cabeça criativa também”, conta outro Guilherme, o Giraldi, baixista do Charlie & os Marretas.

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O Risco se desenvolveu e em abril desse ano eles realizaram um dos grandes sonhos do selo: prensar um LP. A prensagem do vinil em tempos de streaming é muito cara e viabilizar um projeto desses não foi fácil, mas deu certo. O LP 66 d’O Terno é o primogênito do amor dos músicos pelos bolachões e pela experiência de escutá-los. Outro fator positivo do vinil para o selo é que eles tem a certeza de que a pessoa vai escutar o disco do início ao fim, senão não compraria.

“A ideia era prensar esse material, que foi criado com tanto cuidado e carinho, num formato em que o ouvinte pudesse escutar deste modo também, com calma e numa qualidade sempre boa. Por isso, propusemos que o selo prensaria somente vinis e dividiria os custos da produção com as bandas”
Guilherme Giraldi (Charlie & os Marretas)

Gui Toledo me exibiu com o maior orgulho o selo do Risco no canto do disco do Charlie & os Marretas durante nossa conversa cibernética. Ele e mais uma trupe que incluía Gabriel Basile (Charlie & os Marretas e Memórias de um Caramujo) e Tim Bernardes (O Terno) falaram comigo direto do Estúdio Canoa, praticamente o QG do coletivo. Me contaram sobre a insatisfação com o alto custo da prensagem de um disco de vinil e que a maior parte da grana vem da parte deles. Menos de 50% desse valor é financiado por crowdfunding, como o que O Terno está fazendo para lançar seu próximo disco.

O coletivo é uma forma de fortalecer o trabalho autoral das oito bandas. As trocas entre os grupos engradecem cada vez mais a música de cada integrante do selo, principalmente pelas sonoridades das bandas serem tão diferentes entre si – funk, MPB, rock e por aí vai.

“Ouvir um vinil é uma experiência única. Você se relaciona não apenas com o som, mas com o aspecto físico da coisa. Toda sua relação com o som acaba sendo diferente por conta disso. Pra ter um LP você precisa ter um espaço destinado a isso na sua casa. Um lugar para colocar a vitrola, o amplificador, as caixas e, é claro, os discos. Só isso já cria uma relação muito mais pessoal do ouvinte com a música. O som se torna menos descartável”
Gabriel Basile, Charlie & os Marretas e Memórias de um Caramujo

No último dia 29 de julho, eles fizeram o primeiro festival em São Paulo que reuniu quatro bandas do selo. E ainda virão muitos LPs e shows promovidos pelo Risco, que, assim como o nosso NOIZE Record Club, acredita na música como uma experiência completa.

Quem é o Risco:

O Terno
Charlie E Os Marretas
Memórias De Um Caramujo
Os Mojo Workers
Noite Torta
Luiza Lian
Grand Bazaar
Caio Falcão e O Bando
Mustache & os Apaches

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11/08/2014

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Paula Moizes