Siba solta o verbo em um faixa a faixa sobre “Coruja Muda”

10/09/2019

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Por: Brenda Vidal

Fotos: José de Holanda/ Divulgação

10/09/2019

Com ares de veterano, Siba chega ao terceiro disco solo da carreira, Coruja Muda (2019), sem medo de se reinventar. Inspirado pelo coco e suas ramificações, como o de roda, de embolada, rural, zambê e toré, ele explora a zona cinzenta entre o ser humano e o ser bicho em versos curtos, mas potentes.

Na missão de dar vida a essa “coruja muda que tudo vê e nada diz”, ele conta com a parceria na produção de João Noronha e participações de Alessandra Leão, Chico César, Renata Rosa e Mestre Anderson Miguel.

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Para cavucar o universo do álbum, ninguém melhor que o próprio Siba. Aqui, ele expande os sentidos das onze canções em um faixa a faixa super sincero. Deixe Coruja Muda tocar e confira tudo abaixo:

Faixa a faixa

1. “Coruja Muda” (ft. Chico César)

Essa foi inspirada em um áudio de Fábio Trummer solicitando ao fotógrafo José de Holanda as condições meteorológicas perfeitas para uma foto ser feita. Discorre sobre o que por ventura venha a ser uma parte de minha parte bicho nessa história toda. Quem canta no final a voz da Coruja é Chico César e o Pajé é Mestre Nico.

2. “Só É Gente Quem Se Diz”

Ela se divide em duas partes. A primeira é uma embolada em décimas, a segunda um arremedo irreconhecível de axé. A bicharada deixa e rola superando a humanidade, em coerência e dignidade, ao longo da letra.

3. “Tamanqueiro” (ft. Arto Lindsay & Edgar)

É uma carta real, escrita em ritmo de embolada, com o objetivo de encomendar um tamanco para uso diário. É verdade esse bilête. Na parte instrumental em que o tamanco é fabricado, escuta-se Arto Lindsay, Edgar, Rafael dos Santos e Dustan Gallas trabalhando com dedicação.

4. “Daqui Pracolá”

Aqui, fauna e flora de minhas vivências de infância no Agreste Pernambucano brincam de vida e lutam de morte. Tive essa sorte de ter família com lastro forte no interior, natureza fofinha não é muito a minha…

5. “O Que Não Há” (ft. Alessandra Leão, Mestre Anderson Miguel & Renata Rosa)

Em “O Que Não Há”, dou um passo em direção ao verso não metrificado, embora não chegue longe. Tem muito mais influência das longas canções de Franco com a banda OK Jazz nos anos 70 do que seria capaz de esconder. Fala da violência muda da classe média brasileira.

6. “AZDA” (Vem Batendo Asa)

É um atestado definitivo da cara de pau e falta de noção deste poeta em se meter a fazer uma versão de um clássico da música congolesa que sempre o assombrou pela beleza. Antes de desistir descobri que a música era na verdade um jingle de Franco para uma loja da Wolkswagen em kinshasa. Nada é tão sério assim, afinal de contas.

7. “Barato Pesado”

É um frevo abolerado ou o contrário. Panfleto místico de exortação à conversão imediata e absolutamente necessária a qualquer forma de culto à vida e à alegria do presente. Hino da festa como elemento básico de exaltação religiosa.

8. “Tempo Bom Redondin”

É correria inútil contra o tempo que a tudo atravessa. Hino à preguiça e atualização da cansada tese de que não vale a pena levar nada tão a sério. Quem toca Synth nela é Dustan Gallas.

9. “Carcará de Gaiola”

Tem bicho que não foi feito para gaiola. Quando está preso, carrega muitos para dentro consigo. Não consegui evitar o Baque Solto, nem nesse disco. Na orquestra, Galego do Trombone, Roberto Manoel e Maestro Minuto, da Fuloresta.

10. “Meu Time”

É a segunda faixa extra do disco. Tá aí porque cresceu muito com as versões e os anos de estrada e pra provar que não sou oportunista. Fiquei calado na Copa e relancei a faixa fora de época mais uma vez.

11. “Toda Vez Que Eu Dou Um Passo / O Mundo Sai Do Lugar” (Slight Return) (ft. Mestre Nico)

É a versão atualizada desta música que sou obrigado a tocar mesmo quando não quero. Atravessou todas as mutações que meu trabalho sofreu desde que ela existe. É a música que fecha os shows também.

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10/09/2019

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Brenda Vidal