Conhecida como rainha da ciranda, a artista pernambucana Lia de Itamaracá, 78, quebrou com a tradição ao incorporar o improviso à interpretação de cirandas, frevos e maracatus. Na quarta-feira (20), a cirandeira foi a artista homenageada para a 55ª edição da série Ocupação, no espaço do térreo do Itaú Cultural.
É pelo barulho de ondas quebrando em alto mar que os visitantes são guiados ao redor da exposição, que fica em cartaz até 11 de julho. Divida em três eixos: o sal, o som e o sol, onde o sal é o chão, a morada de Lia; o som é a ciranda e o sol, a própria Lia, a entidade. “Usamos expressões poéticas para falar de Lia na exposição formada por três eixos chamados sal, som e sol, porque é o que ela é”, conta em nota Michelle de Assumpção, uma das curadoras da mostra.
Todos os anos, o instituto homenageia importantes figuras da cena artística por sua contribuição à cultura brasileira. Jards Macalé, Chiquinha Gonzaga, Chico Science e Dona Ivone Lara são nomes que já figuraram em edições passadas.
“Eu não posso sair de Itamaracá pra morar em outro canto, porque aqui é onde está as minhas raízes, aqui é onde está minha família, aqui é onde está a minha comunidade. É aqui onde eu me inspiro.”, afirma Lia, que foi reconhecida como Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2005, em trecho de entrevista cedida ao Itaú Cultural, que pode ser visualizada no vídeo abaixo.
A pernambucana foi a primeira pessoa a promover a ciranda, gênero da cultura popular brasileira, na Ilha de Itamaracá. A ideia de ser cirandeira veio com uma música que estourou nas rádios de todo o país em 1969: “Essa ciranda quem me deu foi Lia”, na voz de Teca Calazans, capixaba radicada em Pernambuco. Os seus quatro primeiros versos diziam: “Eu estava na beira da praia / ouvindo as pancadas das águas do mar / Essa ciranda quem me deu foi Lia / que mora na Ilha de Itamaracá”, registra Assumpção, que compartilha a curadoria ao lado da cantora Alessandra Leão e do próprio instituto.
Durante a mostra, o público pode observar fotografias, documentos, vídeos, telas e até itens de decoração da casa onde a artista cresceu. Entre essas peças, está o certificado de que ela é descendente do povo Djoula, da Guiné-Bissau.
SHOWS GRATUITOS
As apresentações de Lia ocorrem no próprio espaço do Itaú Cultural, entre os dias 22 e 24 de abril (domingo, às 19h, sexta e sábado, às 20h), quando a artista sobe ao palco ao lado da cantora Daúde para interpretar as canções do disco Ciranda de Ritmos (2008).
Já nos dias 28 de abril a 1 de maio (domingo, às 19h, quinta, sexta e sábado, às 20h) Lia se apresenta ao lado da DJ Dolores, apresentando as canções de Ciranda Sem Fim (2019), ao lado de Alessandra Leão, na quinta e sexta, Edgar, no sábado, e Iara Rennó, no domingo.
Os shows das sextas (22 e 29) serão transmitidos pelo Youtube do Itaú Cultural. Os bilhetes estão quase esgotando e podem ser comprados gratuitamente pelo site da INTI.
Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo. Tel. (11) 2168-1777
Terça a sábado, das 11h às 20h, e aos domingos e feriados, das 11h às 19h. Entrada gratuita.
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