Cansadas de responder sobre como é ser uma mulher na música – entre outros assuntos clichês – as bandas CHAI e Hinds apresentam o single inédito “UNITED GIRLS ROCK’N’ROLL CLUB”. A letra da faixa, cantada em inglês, espanhol e japonês, fala sobre o poder da música. Segundo comunicado, os grupos se conheceram na edição 2018 do festival Fuji Rock e a identificação foi imediata.
“A gente vem de países onde ninguém espera que você atravesse fronteiras e tenha uma carreira internacional, especialmente por sermos mulheres. Essa é a nossa primeira colaboração, então não poderíamos estar mais felizes que isso aconteceu com quatro jovens do Japão – cheias de cor de rosa, punk – e é como cantamos: juntas temos mais poder”, conforme a Hinds publicou nas redes sociais.
O quarteto espanhol Hinds lançou no final de julho o terceiro disco da carreira, The Prettiest Curse (2020), onde a maldição do título vem da ideia de que, para poder fazer músicas, precisam aguentar todos os tipos de chateação. Na faixa “Just Like Kids (Miau)” relatam algumas frases escutadas ao longo dos anos: “de onde você é para ter esse sotaque?”, “você está sempre desafinada”, “meu amigo disse que você faz sucesso porque tem pernas bonitas” e o clássico “quer escutar meu conselho”.
Já a banda japonesa CHAI, tem dois discos lançados Pink (2017) e Punk (2019) e apresentou três singles ao longo do primeiro semestre: “No More Cake”, “Ready Cheeky Preety” e “keep on rocking”. Inspiradas pelo som e energia das brasileiras do Cansei de Ser Sexy, as integrantes da banda de post-punk criaram o termo “NEOkawaii” para discutir padrões de beleza. Para quem não sabe, “kawaii”é um termo criado para designar qualquer coisa fofinha ou adorável por lá. “Falar que uma mulher é kawaii é o melhor elogio no Japão. Isso significa pernas longas, cintura fina, magra, pele pálida, rosto pequeno e olhos grandes”, explica a baixista Yuuki à revista americana Nylon. As pressões estéticas são as mesmas em qualquer lugar do mundo, por isso, as letras do quarteto geralmente falam sobre a liberdade de poder escolher o que quiser comer, vestir e agir.
Há poucos anos, em 2017, o jornal New York Times cravou que as mulheres são o futuro do rock. Na época, diversas artistas norte americanas estavam começando a se consolidar no mercado, como Vagabon, Soccer Mommy, Snail Mail, Sheer Mag, entre tantas outras. Logo no ano seguinte, a Fender conduziu um estudo em que aponta que 50% das pessoas que compram guitarras hoje em dia são mulheres, com alta participação de guitarristas negras e latinas. Não demorou muito para a movimentação começar em lugares fora do eixo EUA-Reino Unido, criando assim um movimento plural de corpos e sotaques.