Tim Bernardes lança novo álbum e revela “Foi mais difícil do que os outros”

15/06/2022

Powered by WP Bannerize

Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Marco Lafer/Divulgação

15/06/2022

A euforia após um começo é sempre um ânimo para a vida de qualquer pessoa, afinal, é a novidade de caminhos desconhecidos, mas para Tim Bernardes, 30, — o artista completa 31 anos neste sábado (18), esse sentimento é um tanto díspar neste momento. Já tendo percorrido seu caminho solo a cinco anos atrás, através do disco Recomeçar (2017), o músico paulistano divulga uma nova faceta de sua carreira musical com o lançamento do segundo disco solo, Mil Coisas Invisíveis (2022), lançado em conjunto pela Coala Records, do festival paulistano Coala, e o selo norte-americano Psychic Hotline

Sem o lado melancólico com a ideia de um disco/filme, como se deu em seu trabalho passado, o cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista agora apresenta um panorama, ao longo das 15 faixas, mais reflexivo, filosófico e astral. O artista também segue na contramão do que vem acontecendo com o mundo da música com a era Tik Tok, com repertório e melodias que são difíceis de colocar em danças de segundos. 

*

“Como artista eu fico contente de ter chegado na obra final”, relata Tim Bernardes sobre a faixa “Última Vez”. (Foto: Marco Lafer)

Com projeto extenso, de músicas de longa duração, o paulistano traz faixas de grande identificação, possibilitando ao ouvinte dar um mergulho intenso no disco, assim como se estivesse na leitura de uma obra. “Eu acho que eu tenho essa coisa de pensar que música eu gostaria de ouvir, e eu tenho uma confiança que se eu gostaria de ouvir, outras pessoas assim como eu também gostariam e isso basta. Às vezes esse número pode ser muito maior do que o frenesi dos tempos modernos faz você acreditar. Eu estava pensando que músicas faziam sentido compor e acho que em 2020, quando eu juntei as canções e fui entendendo qual o repertório que eu ia entrar no estúdio, e claro que passou pela minha cabeça ‘15 músicas é um disco longo, é um LP duplo já’, aí eu pensei que isso é justamente o statement do tipo de coisa que eu quero, de a pessoa poder tirar uma hora e mergulhar nesse disco como uma meditação, e eu acho que é o que eu gostaria de ouvir em uma época muito frenética. Então resolvi apostar nisso também, de novo.” , diz Tim através de uma videochamada na última quinta-feira (9).

Realizando o projeto musical em isolamento social, no ano de 2020, Tim foi atravessado pela conjuntura da pandemia de Covid-19, se vendo tocar sozinho praticamente todos os instrumentos do álbum, como violão, piano, sintetizador, percussão e baixo, além de arranjar as seções de cordas e metais.

“Foi mais difícil do que os outros discos. Para esse disco eu tinha que experimentar mais, entender se esse era o som que eu estava querendo, tirar coisas, gravar no violão e ver como ficava no piano e na guitarra, foi bem trabalhoso. Fazer isso estando isolado, em muitos momentos era muito difícil porque a cabeça não ficava mais com o discernimento necessário, não tem aquela coisa que você pode sair um pouco, encontrar um amigo, tomar uma cerveja, zerar o ponteiro um pouco, então foi bem difícil assim e tudo era mais penoso em certos momentos.”

Videoclipe de Mistificar foi o primeiro a ser publicado por Tim Bernardes.

O trabalho de dez meses dentro do estúdio, no ano de 2021, foi ponto chave para o disco sair com ideia mais amadurecida, se interconectando com a metafísica, na conversa o cantor afirma: “Tem umas coisas que eu comecei a compor ali no final de 2017, canções de 2018 e 2019, só que quando eu comecei a juntar esse repertório em 2020, eu comecei a reparar que elas eram mais relacionadas do que eu imaginava. Tinha a ver com uma coisa, que com a pandemia, eu estava sentindo mais claramente que é a nossa dimensão de ser e não de fazer ou ter.”. O repertório ganhou forma com a composição de canções como “Nascer, Viver, Morrer”, “Fases”, “Mesmo Se Você Não Ver” e “Esse Ar” permitindo que as canções fossem se amarrando, tornando-se amplas e profundas.

À medida em que o público foi recebendo o lançamento dos quatro singles “Nascer, Viver, Morrer”, “Mistificar”, “BB (Garupa de Moto Amarela)” e “Última Vez”, foi gerando certa comoção pelas composições do paulistano, com uma tentativa frustrada de tentar compreender o que viria a ser esse lançamento. “As reações são muito legais, é muito louco como o brasileiro gosta da sofrência e consegue transformar isso, na internet, em humor através de memes. É legal ver que isso acontece por ser uma reação forte emocional que a pessoa sentiu ouvindo a música.”

Assim como no disco solo anterior, a faixa “Última Vez” traz uma história de amor, agora numa espécie de conto, onde à medida que o cantor avança na narrativa, a faixa ganha vida com cordas e sopros. “Essa música é uma canção que é uma das mais especiais para mim, no álbum. Eu tinha vontade de fazer uma canção assim, já tinha um tempo, estava esperando alguma brecha para eu conseguir fluir, que fosse uma música que tivesse história, que tivesse diálogo, que vai acontecendo e que ela se desenrola quase em tempo real. Foi uma coisa que eu fiquei contente quando eu consegui escrever, e teve um tempo de ir aparando as rebarbas, finalizando essa letra, ajeitando durante as gravações. É uma canção que vem de um sentimento direto mas que deu um trabalho pra conseguir dar o acabamento em tudo, então como artista eu fico contente de ter chegado na obra final. “, finaliza o músico.

Com proposta de seguir divulgando videoclipes, o artista lançou na tarde de hoje o clipe da faixa que abre o disco. O cenário nada mais é do que Tim Bernardes tocando seu violão, enquanto de fundo apresenta um piano em chamas, que acaba por se desfazer em certa parte do vídeo dirigido por André Dip. Quando questionado sobre a famosa pergunta clichê de como estavam suas expectativas, ele respondeu: “A sensação é bem boa, porque ficou muito tempo comigo então dá uma espécie de alegria com alívio, de finalmente sabe?, Essa ansiedade, na medida que vão saindo as coisas [singles, capa do disco, clipes], vai se dissolvendo porque o álbum de fato está no mundo.”

Em mais um dos momentos promissores de sua carreira, Tim, que já colaborou com Alaíde Costa, Gal Costa, Maria Bethânia e Jards Macalé, está pronto para voltar aos palcos, desta vez abrindo 17 shows da turnê da banda indie Fleet Foxes. Já a turnê do disco começa efetivamente no segundo semestre, com datas no Brasil e na Europa. “Eu acho que de alguma forma o mundo esta se abrindo, e o fato de poder fazer shows pelo mundo, na época de lançar o disco e ver como as pessoas estão sedentas e pilhadas em show, de fazer show, de assistir show, é um movimento de abertura e isso é bom, eu acho que combina com a música.”, encerra o multi-instrumentista.

LEIA MAIS ENTREVISTAS

Tags:, , , , , , , , , , ,

15/06/2022

Gabriela Amorim

Gabriela Amorim