Entenda o mundo do streaming com os diretores do Deezer, Napster e Rdio

30/04/2015

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Paula Moizes

Por: Paula Moizes

Fotos: Noize

30/04/2015

A entrada do Tidal na batalha dos streamings e um manual básico pra você escolher um serviço pra chamar de seu.

O Tidal pode ter chegado com o objetivo de desbancar seus adversários, mas para quem está no comando de serviços semelhantes, a plataforma de Jay Z é mais uma lenha na fogueira do streaming. Um mês após seu (re)lançamento, os números mostram uma queda nos downloads do aplicativo Tidal pela Apple Store, ficando de fora dos Top 700. Por outro lado, o Spotify, por exemplo, viu seu usuários crescerem ainda mais.

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Como um streaming dito como revolucionário esfriou tão rápido? O que está por vir? Conversamos com os representantes dos streamings mais utilizados no Brasil para fazer uma breve análise do atual modelo de consumo de música pela internet e saber mais sobre os streamings vigentes em nosso país.

Mudança de hábito

Ninguém pode prever as mudanças que ainda estão por vir no campo de batalha da internet, mas uma coisa é certa: sempre haverá gente querendo ouvir música. Quando o revolucionário Napster estreia em 1999 oferecendo uma nova forma de distribuição de faixas, mesmo que ainda ilegal, a aceitação do público é quase imediata e o serviço chegou a incomodar (bastante) bandas como o Metallica. Mas outros artistas viram o potencial do Napster e abraçaram a ideia. Tom Morello, guitarrista do Rage Against the Machine, foi um deles. Ele disponibilizou o download gratuito de faixas pelo site da banda, depois da gravadora ter bloqueado os usuários do Napster de baixarem o álbum Renegades (2000). O problema do Napster era os direitos autorais. Foi preciso encontrar uma nova forma de distribuir música em parceria com artistas e gravadoras. Eis que surgem os streamings como o Tidal.

“O usuário vai sempre em direção ao caminho mais fácil – seja ele legal ou não”. O Diretor do Deezer para América Latina, Mathieu Le Roux, explica que alguns dos principais fatores que fizeram os serviços de streaming crescerem frente a pirataria: “baixar música é trabalhoso, os arquivos podem vir em má qualidade ou com vírus. O streaming oferece um catálogo enorme, legal e organizado”.

As funcionalidades dos streamings, que cada vez mais servem também como redes sociais e compartilhamento de interesses, acabaram atraindo as pessoas para essa nova forma de experienciar a música. Para Bruno Vieira, Diretor Geral da Rdio Brasil, muita gente ainda consome música em plataformas em que a música não é a protagonista, como o YouTube. “Os serviços de streaming têm um grande desafio de mudar esse hábito, mas diante de todas as facilidades que oferecemos, também temos uma grande oportunidade”, comenta.

Serviços como esses estão em constante aprendizado com a efêmera internet, procurando sempre se adequar às necessidades dos consumidores. Como o Napster, que de 1999 pra cá sofreu diversas transformações. “Foi uma transgressão que gerou as consequências que eram necessárias, além de aprendizados e evolução em toda a indústria. O Napster também evoluiu de maneira natural a fim de se ajustar aos aprendizados que ele mesmo provocou”, nos conta Roger Machado, Diretor de Desenvolvimento de Negócios e Marketing do Napster para a América Latina. Ressuscitado pelo Rhapsody, outro serviço de streaming, o catálogo do Napster desde o ano passado está disponível para os brasileiros, em parceria com a Vivo e o portal Terra, pela assinatura mensal de R$ 14,90. Caso você queira saber mais sobre a revolução do Napster, o documentário Downloaded (2013) é essencial, assista ao trailer abaixo.

Esse tal de Tidal

Mesmo com sua proposta de melhor qualidade sonora e conteúdos exclusivos, até agora o Tidal ainda não teve uma grande aceitação. Diferente dos outros serviços, ele não oferece plano gratuito de assinatura e para conseguir ouvir as músicas em 1411 kbps (qualidade superior aos 320 kbps dos outros streamings) o usuário precisa desembolsar U$ 19,90, ter uma conexão estável de internet, além de um fone de ouvido dos bons. Para os representantes de outros streamings, os usuários gratuitos são parte essencial da mudança no modo de consumir música.

“É o primeiro passo pro usuário começar a ter uma experiência com o serviço e poder, assim, começar a se habituar com uma nova forma de se ouvir música”, diz Bruno Vieira. Mathieu Le Roux pensa o mesmo: “oferecer aos usuários a possibilidade de cadastrarem-se gratuitamente no serviço permite que eles experimentem um novo jeito de consumir música legalmente antes de assinarem para ter acesso a todos os recursos na íntegra”.

Mas o principal trunfo do Tidal são os artistas por trás dele. Para Bruno Vieira, o fato pode fazer com que mais músicos comecem a se envolver com os streamings, contribuindo para esses serviços, visto que “a indústria precisa do engajamento dos artistas para que a cultura de consumo de música por streaming cresça”.

Recentemente, Andy Chen, o CEO da Aspiro – empresa de tecnologia responsável pelo Tidal – deixou o cargo para Peter Tonstad. Em respostas às críticas a respeito de seu serviço de streaming, Jay Z declarou em seu Twitter oficial que o “Tidal está indo bem. Temos mais de 770 mil assinaturas. Nós estamos no mercado há menos de um mês”.

Qual é o melhor?

À primeira vista, os principais serviços de streaming de música disponíveis no Brasil – Deezer, Rdio e Spotify – são similares. O valor que você vai encontrar é o mesmo para todos: R$ 14,90 a assinatura mensal. A qualidade máxima de som também: 320 kbps. No modo gratuito dos três streamings citados acima, o usuário irá ouvir uma propaganda a cada três ou quatro músicas, em média. Todos têm opção offline no modo pago, ou seja, você pode baixar as faixas para o seu celular, por exemplo. O catálogo de canções e discos varia constantemente, ultrapassando a marca das 30 milhões de músicas nos três streamings. Por enquanto, só no Spotify o usuário precisa baixar o aplicativo no computador para ter todas as funcionalidades do serviço, mesmo no modo gratuito.

Então, qual é o melhor? A dica é: experimentar. Caso você ainda não seja usuário de nenhum streaming, comece hoje assinando os planos gratuitos e veja qual que se encaixa mais no seu perfil. Fique ligado nas promoções que de vez em quando rolam nesses serviços. Compare a interface, confira se os artistas que você gosta estão disponíveis e descubra as funcionalidades de cada um. Deixe também que a curadoria e algoritmos dos streamings lhe façam sugestões de bandas novas. Depois dessa fase de testes, um desses serviços irá lhe atrair mais e você poderá escolher com mais facilidade um streaming para chamar de seu.

O futuro é o streaming

Diferente do formato CD, nenhum streaming é absoluto. Todos eles estarão em constante mutação, afinal, são filhotes da volátil internet. Mesmo assim, serviços como o Tidal continuam sendo “o melhor modelo de consumo de música na internet”, segundo Mathieu Le Roux. O Diretor do Deezer para América Latina ainda comenta que “até surgir um modelo mais eficiente, o streaming é o futuro”.

“É uma questão de tempo pros usuários adotarem essa inovação tecnológica que veio pra ficar”, explica o Diretor Geral do Rdio Brasil, Bruno Vieira. Espaço é o que não falta para o streaming, um serviço ainda novo aqui no Brasil, multiplicar-se entre as pessoas. Estaremos acompanhando os próximos passos do Tidal, Deezer, Rdio, Spotify, Napster e dos outros streamings que estão por vir. Afinal, eles estão mudando nosso jeito de consumir música, tanto na internet como fora dela.

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30/04/2015

InfinitA
Paula Moizes

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