A decisão de transformar o Vinil de Quinta em uma websérie foi mais um exemplo do processo de reinvenção que diversos projetos culturais do Brasil tiveram que encarar a partir da chegada da Covid-19 ao país. Sob esse mesmo nome, desde 2017, os DJs, colecionadores, pesquisadores musicais e curadores Eduardo Botelho e Pedro Diniz organizavam eventos presenciais no Rio de Janeiro para promover o encontro entre colecionadores de vinil, com troca e venda de discos e discotecagem a partir das bolachas. Entretanto, o novo formato forçado pela pandemia abre novas possibilidades de documentação da música brasileira prensada nos sulcos da cultura do vinil e, ao se tornar uma plataforma virtual, ganha dimensão além fronteiras.
Na dinâmica da websérie, o Vinil de Quinta pensa movimentos e gêneros musicais tendo a cidade maravilhosa como ponto de partida e o LP como protagonista. Com novos episódios toda a quinta-feira, às 19h, no canal de mesmo nome no YouTube, a temporada de estreia lançou o primeiro capítulo ainda no último dia 21. Nele, o colecionador de vinil e pesquisador Manoel Filho elege discos ímpares de seu acervo para falar sobre o samba, em um papo com duas partes, ou melhor, dois lados. Cada episódio se divide em lado A e lado B, tal qual um LP. Em release divulgado à imprensa, Diniz afirma: “Esse sempre foi o propósito do Vinil de Quinta: (re)introduzir discos para que as pessoas ouçam, seja nas plataformas digitais, seja nas suas vitrolas, mas, preferencialmente, nas vitrolas”. Botelho completa: “Ao mostrar essas referências e coleções, esperamos que as pessoas queiram escutar sons diferentes, pesquisar, sentir vontade de ampliar os seus repertórios musicais”.
Quem assume a apresentação dos programas é o DJ e pesquisador Flávio César, que nos acompanha em uma viagem com paradas na bossa nova, com Cristiano Grimaldi, no rap, com DJ Tamy, no funk, com DJ Grazi, no movimento Black Rio, com Jailson Discotecário, e na Tropicália, com Diniz; ele é quem assina a curadoria da série junto de Botelho. Na seleção de discos comentados nos episódios, há não só os trazidos pelos entrevistados, como também os enviados em formato de vídeo pela audiência, e os de capa emblemática, um por tema, analisados pela pesquisadora Aïcha Barat.
A websérie Vinil de Quinta tem direção de Isabel Seixas, do estúdio M’Baraká, e Léo de Souza Santos, do estúdio Pressa Filmes, e edição de Terêncio Porto. O patrocínio é da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo, via Lei Aldir Blanc. Seixas resume desejo da equipe com a proposta: “Pensamos em valorizar o que está para além dos discos, que flerta com a história da nossa cidade e mesmo do país, que revela encontros, que mostra a interrelação entre as artes, que falta também sobre a nossa sociedade e, claro, celebra a música como expressão e objeto, vinil, como algo que inclui afeto e memória, além de apresentar um rico repertório de referências musicais para o público”.
Próximos episódios:
Dia 28 de outubro – Bossa Nova, com Cristiano Grimaldi
Dia 4 de novembro – Tropicália, com Pedro Diniz
Dia 11 de novembro – Black Rio, com Jailson Discotecário
Dia 18 de novembro – Rap, com DJ Tamy
Dia 25 de novembro – Funk, com DJ Grazi