Já está circulando pelo Brasil o Matanza Fest, festival organizado pela banda Matanza. A edição desse ano vai passar por nove cidades e vai contar com bandas nacionais de peso, como Mukeka di Rato, Velhas Virgens, Dead Fish, Claustrofobia e Motorocker.
Quem encerra o festival em todas as cidades é o próprio Matanza, que prepara um set-list especial para os fãs que vão ao Matanza Fest. Nós conversamos com Jimmy London, o vocalista da banda, que nos contou tudo sobre a produção do evento e as maiores dificuldades de ter um festival próprio. A próxima cidade a receber o Matanza Fest é Belo Horizonte, no dia 16 de novembro. Clique aqui para saber as outras cidades por onde o festival vai passar.
Jimmy também participou da cobertura do Rock in Rio pela Multishow nesse ano, entrevistando grandes nomes como James Hetfield e Kerry King. Outro assunto que entrou na nossa entrevista com Jimmy foi o lançamento do vinil de “Santa Madre Cassino”, o primeiro álbum do Matanza. Abaixo você confere nossa entrevista com Jimmy London, vocalista do Matanza.
Você participou da cobertura do Rock in Rio 2013 pela Multishow. Qual foi o artista que é referência pro Matanza que você mais ficou nervoso para entrevistar?
Porra, eu encontrei bandas que a gente se amarra: entrevistei o James Hetfield, do Metallica, o Kerry King, do Slayer, e o Nicko McBrain, do Iron Maiden. A do Hetfield foi em cima da hora, não ia rolar, de repente alguém virou e falou “Vamos agora pro camarim porque o Hetfield topou dar uma entrevista”. E eu não tinha feito nenhuma pergunta, não tinha preparado absolutamente nada, porque eu achei que não teria nenhuma chance do Hetfield aceitar dar uma entrevista. E de repente daqui a cinco minutos eu tinha que fazer a entrevista. E aí ficou aquele clima ultra mega hiper rockstar, diversas pessoas vêm falar contigo antes de você conversar com o cara, pra ver se tu tem uma bomba, se você vai dar uma facada nele (risos). Mas como foi de surpresa e eu tava muito mal preparado pra falar com ele, me deixou muito nervoso mesmo.
Vocês acabam de lançar o disco “Santa Madre Cassino” em vinil. Pretendem fazer isso com todos os álbuns?
Começamos agora direito, né. A gente lançou o vinil de “Odiosa Natureza Humana” quando lançou o álbum, aí quando a gente lançou em vinil o “Thunder Dope” nós falamos “Peraí, pára tudo e vamos começar com o primeiro direitinho depois a gente vai lançando todos até chegar no último”. Ter todos os discos em vinil é uma coisa muito importante pra gente, porque a gente curte muito o som do jeito que sai ali. Nós gostamos muito e quer poder fazer umas coisas grandes. O vinil por exemplo, que já é um sonho nosso, depois de ter todos os disco em vinil imagina o tamanho do encarte que a gente pode ter pra colocar um livro de artes do Donída? Porra, ia ser do caralho, porque é uma das grandes metas do vinil, né, a capona e essas coisas que todo mundo sabe que o vinil permite. A ideia é exatamente essa, lançar tudo em vinil pra fazer um livrão do Donída e lançar com uma caixona com todos os vinis e fazer um lance realmente fodão.
Como surgiu a ideia de fazer o Matanza Fest?
De tanto viajar, de tanto ver coisa legal e coisa não tão legal, a gente entrou numa de pensar no que a gente achava justo ou o mínimo que deveria acontecer numa noite pra que aquilo fosse o show ideal. Não ideal de perfeito, óbvio que a gente nunca vai conseguir chegar no perfeito, mas a gente queria que fosse um show que o cara pagasse o ingresso que valesse a pena pela experiência como um todo, desde as bandas que vão tocar na noite, o lugar, a sonorização, até a experiência do que vai acontecer quando não tiver dando show. A gente viu muita legal acontecendo e muita coisa que não era legal acontecendo e a gente resolveu fazer a parada. A gente queria fazer uma parada nossa, que nós poderíamos mostrar pro público que a gente não só se preocupa muito com eles como a gente acha que a noite deveria ser “mais”, sabe, deveria ser uma noite completa, desde que o cara chega na parada até o cara ir embora.
O show de vocês no festival tem algum ingrediente diferente?
A gente prepara um set-list diferente, só que obviamente viemos usando esse set-list um mês antes do Matanza Fest. É um set-list que é preparado pro festival, mas a gente dá uma tocada nele um pouquinho antes pra ver se tá maneiro, pra ver como que rola no show, porque não adianta: a gente pode tocar no estúdio vinte vezes, se você não tocar no show e ver como a rapaziada pega você nunca vai saber se o set-list é bom ou não.
Por que as bandas do Matanza Fest variam de cidade para cidade?
Eu te confesso que não era a ideia inicial, não era aquilo que a gente queria não. Meu sonho, quando eu pensei no Matanza Fest, era ter um cast de três a quatro bandas que rodassem o país todo e aí pegasse uma banda local pra abrir o show. Só que isso só poderá acontecer quando a gente tiver um patrocínio pra levar as bandas pra viajar, porque tem todo um custo de uma porrada de coisas. A ideia quando eu pensei o Matanza Fest era um lance meio turnês de trash metal dos anos 80 nos Estados Unidos.
Quais são as principais dificuldades em ter um festival próprio? Foi muito difícil de concretizar a ideia, sobretudo no ano passado, na sua primeira edição?
A gente não tem nenhum patrocínio pro Matanza Fest, nós estamos completamente sozinhos. É muito complicado. A gente até trabalha, mas é um trabalho tão distante do nosso trabalho básico, que é compor uma música… Cantar uma música e encontrar um patrocínio pro Matanza Fest é complicado. Nós temos braços curtos, não conseguimos ir muito longe com esse tipo de coisa. É a maior dificuldade? É, mas não impede de jeito nenhum de fazer o Matanza Fest. Na primeira edição do festival foi uma questão de cansaço. A gente sabia que ia ser muito trabalhoso, mas não sabia que ia ser TÃO trabalhoso assim. A gente achou que só com a nossa equipe do dia a dia conseguiria segurar a onda toda. E conseguimos, mas coitados dos meus fies escudeiros, cara. Eles ralaram pra caralho, saíram exaustos.
Vocês planejam alguma coisa diferente para o Matanza Fest do ano que vem?
Para o ano que vem já estão se desenrolando várias histórias. O que eu posso te dizer é que tem muita coisa a ver com o “Santa Madre”, com cinco pessoas na banda… quer dizer, uma palha de ideias maneiras que a gente vêm tendo para as próximas edições. Outra coisa que a gente quer é começar a trazer mais bandas gringas. Esse ano, por exemplo, quando a gente ficou sabendo tinha duas bandas que a gente ama pra caralho, o Dirty Rotten Imbeciles e o The Exploited, as duas estão no Brasil ao mesmo tempo e não estão procurando shows grandes. Nós poderíamos ter chamado eles pra tocar no Matanza Fest e a gente não soube que os caras iam estar por aqui, a gente não se preparou. Porra, ia ser muito irado, imagina essas duas bandas tocando no Matanza Fest. Então ano que vem a gente pretende se preparar um pouco mais e trazer umas bandas gringas também, porque apesar de ter muita banda nacional legal, tem uma palha de banda gringa legal e a gente não tem nenhum tipo de nazismo do tipo “tem que ter banda nacional”. Banda nacional é irado, banda gringa é irado, tudo o que é música é irado. Somos absolutamente sem preconceito, o que importa é a música boa.