Como as canções de Jairo Pereira despertam sensações

19/10/2023

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Prehto/ Divulgação

19/10/2023

Bandas que você não conhece mas deveria é a seção mais antiga da NOIZE. Desde 2007, ela se reinventa em diferentes formatos e continua sendo impressa a cada lançamento do NOIZE Record Club. Toda quinta-feira, vamos publicar uma indicação musical apresentada na revista. Nesta edição, Jairo Pereira foi o indicado no BQVNC do Lado B da revista #127, que acompanha o vinil de “Em nome da estrela”, da Xênia França

Poeta, ator, cantor e compositor, Jairo Pereira soma 28 anos de carreira, sendo um dos fundadores e vocalistas da banda Aláfia, da qual Xênia França já foi integrante. Mesmo com tantos anos de atividade, o artista entra nesta seção porque seu trabalho solo é parada obrigatória na música contemporânea brasileira e merece ser mais e mais ventilado. 

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Presente no circuito cultural da noite paulistana, sempre próximo do público, o músico, natural de Suzano (SP), fez sua estreia solo com o disco Mutum (2017), lançado de forma independente, que tem produção musical de Gabriel Catanzaro. Dois anos depois, em 2019, o músico lançou Venha Ver o Sol (2019), disco de 12 faixas, gravado no Estúdio Medusa, em São Paulo, e com produção musical de Catanzaro com Janja Gomes. Seu último projeto Monocromático (2022), chegou em agosto passado em formato audiovisual. 

Por onde começo? Pelo último disco visual de Monocromático (2022), contemplado pelo edital do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo. O projeto em formato audiovisual está disponível no Youtube. Nesse registro, o artista promove, a partir do rap, a reflexão sobre a ancestralidade do homem preto. Depois, dê play na faixa “A corte vai cair” e siga para os álbuns Venha Ver o Sol (2019) e Mutum (2017).

Mood: Canções intimistas, com vocais suaves e calmos, possibilitando espaço para uma reflexão a cada nova frase. As composições autorais de Jairo Pereira provocam inúmeras sensações no corpo. Tratam de afetos, sexo sem tabu, aconchego, ao mesmo tempo em que abordam temas como intolerância religiosa e racismo. O artista desenvolve seus projetos com maestria, sabendo que seu som pode mover mentes, independente do assunto abordado.

Como soa? Sob estética de ressonâncias minimalistas, com arranjos precisos calcados nos teclados e beats, aqui o menos é mais. Com faixas diretas e centradas, o artista eleva a autoestima de pessoas pretas, como na composição de “Candeeiro”, faixa presente em seu primeiro disco: “Eu sou descendente da coragem de um povo / Que enfrenta o front e não se deixa entregar”. 

Qual a vibe? Independência, liberdade, denúncia social e um manifesto de desejos. Tudo isso sem deixar a poesia de lado. Pereira chega com leveza em batidas vividas, fazendo até a gente dar uns passinhos básicos, em especial nas faixas “Não Somos Românticos”, “Como é Gostoso Brincar” e “Ô da Cor!”. As músicas do artista proporcionam uma ampliação da consciência, fazendo sair da zona de conforto e caminhar por novos rumos. 

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