Em sua primeira apresentação no Bar Opinião, tradicional casa de shows em Porto Alegre, Ana Frango Elétrico deixou o público em êxtase. Com performance enérgica, a carioca apresentou as canções de Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua (álbum lançado há menos de dois meses), junto com um coro uníssono e constante da plateia.
Acompanhada por uma banda fina, com Guilherme Lírio, na guitarra e direção musical, Alberto Continentino, no baixo, Sergio Machado (o Plim), na bateria, Tomás Jagoda, nos teclados, e Pablo Carvalho, na percussão, a artista pode circular livremente pelo palco agitando o público. Os parceiros de Ana apareceram primeiro, tocando a instrumental “Let’s Go To Before Again”, aquecendo a galera para que então a frontman chegasse cantando “Coisa Maluca”, um dos hits de seu novo álbum.
Além de cantar, Ana ficou responsável por solos de synths (um dos quais chegou a realizar tocando as teclas com a cabeça, em uma performance bem roqueira). Continuando o espetáculo groovado com sua mpb-dance-house-indie-funky-music, foi a vez de tocar “Boy Of Stranger Things”, “Debaixo do Pano” (versão da canção gravada pela banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo) e “Dela” (rap de JOCA, que participa do álbum cantando).
Mas o auge do show ainda estava por vir. Quando Ana começou a cantar “Camelo Azul”, de autoria de Victor Conduru, o público levou o pedido (“Fumando um Camelo Azul/ Me dá um, me dá um”) ao pé da letra e começou a jogar dezenas de cigarros em cima do palco. Enquanto o som rolava, a galera colocou seus isqueiros para cima. Ana, incrédula, gargalhava e, lá pelas tantas, pegou um dos cigarros, pediu o fogo para alguém da plateia e deu umas tragadas.
A interação continuou durante o resto do show. Ao cantar “Insista Em Mim” (lançada como single, antes do disco), Ana recebeu em mãos uma rosa. O público realmente estava encantado e querendo paparicar a artista. Além de cantar a plenos pulmões praticamente todos os versos de todas as canções, ainda foram arremessados ao palco itens como uma calcinha e uma camisinha. Até “Parabéns a você” a plateia cantou, mesmo que não fosse aniversário da compositora.
Depois de, sozinho nos teclados, cantar a linda “Nuvem Vermelha”, a cantora puxou quatro canções de seu segundo álbum, Little Eletric Chicken Heart (que saiu em vinil pelo NRC em 2019): “Promessas e Previsões”, “Se no cinema”, “Tem certeza?” e “Chocolate”. Mais uma vez, a reação do público mostra como o disco é um clássico contemporâneo. Findo o momento de revisitar suas composições antigas, Ana e banda fizeram ao vivo um remix-mashup entre o groove bossanovista de “Não tem nada não”, de Marcos Valle, com o clássico house “Gypsy Woman (She’s Homeless)”, de Crystal Waters.
Encaminhando a brincadeira para o final, foi a vez de tocar o primeiro single do álbum, “Electric fish”, que tem letra em inglês, com a plateia inteira acompanhando. A banda se despediu e saiu do palco. Não sem antes Ana abaixar as calças e mostra a bunda pro pessoal. Após gritos e mais gritos pedindo bis, os músicos voltaram ao palco e performaram mais quatro canções: “No Bico do Mamilo” (canção do primeiro álbum de Ana, Mormaço Queima), “Mulher Homem Bicho” (single lançado em 2020) e “Dr. Sabe Tudo” (canção de Rubinho Jacobina que encerra Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua e foi pedida durante toda a noite pela galera).
Vale a pena conferir o novo show de Ana Frango Elétrico, que estreou com uma tour europeia e já passou por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. A artista, além de ter se mostrado uma das melhores compositoras e produtoras da nova geração da música brasileira, possui uma presença de palco que nos deixa vidrados. Ana corre, grita, se joga no chão, chama a galera para cantar e faz um verdadeiro espetáculo de música ao vivo.
Rolou até leilão: enquanto a artista desenhava em um prato com caneta permanente, Guilherme Lírio comandava os lances da plateia, que entrou em uma disputa fervorosa. Quando a tour de Me Chama de Gato Que Sou Sua passar pela sua cidade, aproveite, apareça e divirta-se junto com Ana Frango Elétrico e sua incrível banda.
