Robert Johnson vendeu sua alma ao diabo para que Chuck Berry pudesse nascer e definir o rock’n’roll. Hoje é o aniversário de 90 anos do guitarrista que ainda roda o mundo mensalmente em turnê e que já inspirou quase todos os músicos por aí.
A lenda viva do rock aproveitou a comemoração de sua nona década para divulgar o primeiro disco de inéditas desde Rock it, de 1979. Chuck foi produzido por ele mesmo e está previsto para ser lançado em 2017 com composições novas escritas em homenagem à sua esposa Themetta Berry, com quem é casado há 68 anos.
O guitarrista que começou nos anos 50 em bares de St. Louis (Estados Unidos), chegou a viajar sozinho apenas com seu case em turnês onde exigia uma banda local de apoio que soubesse todos os clássicos de Chuck Berry. Com 60 anos, ele já tinha influenciado diversos músicos atraídos por seu estilo livre de tocar o instrumento de seis cordas. Mas Berry não é um mestre por “apenas” ter definido a guitarra do rock com acordes soltos e distorcidos.
Seu legado também está nas letras das músicas. Berry escrevia do mesmo jeito que as pessoas falam, e cantava sobre coisas que as pessoas vivem. Além disso, ele redigia seus próprios versos enquanto muitos artistas usavam canções de outros. Sem falar da presença de palco do guitarrista e versatilidade no uso do instrumento. Não é à toa que Berry botou muito branco para dançar “sem medo”, afinal não era literalmente o R&B dos negros que os jovens brancos da época precisavam esconder dos pais, mas tinha todo o groove.
Um dos registros que mais se dedicaram a traduzir Chuck Berry foi gravado nos anos 80 durante os ensaios para o show comemorativo dos 60 anos do guitarrista. Entre as participações do vídeo e da apresentação estão Keith Richards, Eric Clapton, Etta James, Julian Lennon, Willie Dixon, Bruce Springsteen, e outros artistas. Até os pais de Berry aparecem no documentário Hail! Hail! Rock ‘n’ Roll, dirigido por Taylor Hackford, que você pode assistir alguns trechos logo abaixo. Não dá pra perder um Keith Richards puto da cara com um Chuck Berry perfeccionista e vários clássicos que foram tocados no show, como “Johnny B. Goode” com Julian Lennon.