_por Ismael Caneppele
Eu não lembro exatamente o ano em que os morcegos decidiram abandonar a torre da Católica para habitar o coreto da praça. Também não sei se decidiram ou se alguém por eles decidiu. Quando faz sol no meio do inverno, tudo volta a ser o que sempre foi. A pequena rodoviária seguirá cicatrizando esperas naqueles que não ousaram partir. Seremos o que longe.
Alguém, no pequeno trajeto entre as duas luas cheias, confessou que nunca mais voltaria para casa. Depois terraços. O mundo, ao nosso redor, não passado de uma pequena cadeia de montanhas. O passo do corvo. O cascalho. O cheiro do porco. O cascalho. O campeonato da bicicleta. O cemitério antes do fim.
Depois, a casa verde da melhor amiga. Depois, o Fusca e, dentro dele, “Changes” tocando em todas as estações quase sempre ao mesmo tempo. É tudo uma questão de que seja madrugada. Ou de que se esqueça. Acumularemos tantos filhos quantos forem necessários para comprovar uma existência da qual ousaremos duvidar. Fracassaremos.
Haverá sempre um carro disposto a te salvar. E uma revoada de morcegos pronta para retomar a torre da Católica. Não importa onde você esteja, haverá sempre a juventude. Cedo ou tarde, estaremos todos passando por mudanças. Palavra de salvação.