Orgia espontânea de funk, jazz fusion, afrobeat e o que mais vier. Tempero intenso que o Chaiss Quinteto só poderia ter encontrado pelas ruas efêmeras de São Paulo. Desde 2014 com a atual formação, hoje eles lançam em primeira mão pela NOIZE o disco de estreia Afrodisia (2015), com cinco faixas que fluem pelo experimentalismo instrumental e multicultural proposto pelo grupo.
O projeto Chaiss começou mesmo em 2009 com Fábio de Albuquerque (bateria) e Rob Ashtoffen (baixo elétrico), mas ao longo dos anos foi crescendo e hoje também fazem parte da banda Vinícius Chagas (saxofone), Reinaldo Soares (trompete) e Éder Martins (guitarra). O disco de estúdio que o Chaiss Quinteto lança hoje é mais um reflexo dessa identidade libertária que eles encontraram nos espaços públicos. Em entrevista, Fábio de Albuquerque nos explicou um pouco mais dessas origens que estão em Afrodisia (2015). Ouça logo abaixo:
“A rua é um espaço muito bacana de se apresentar, pois aproxima a banda do público sem a divisão palco/platéia. O diálogo na rua se dá de forma mais natural, mais direto e isso ajuda a aproximar o público transeunte à música instrumental e também quebrar a ideia de um espaço específico ou elitizado para esse tipo de som. A ideia central é mais para estimular um ‘local’ de conversa entre quem produz e quem aprecia o som, do que uma simples apresentação”.
Junto com o lançamento do disco no palco do Sesc São Paulo, no domingo (09/08), também teve a estreia do clipe “Free Beise”, o jazz enlouquecido que abre Afrodisia. Sobre a concepção do vídeo, Fábio disse que “foram várias reuniões para fechar um roteiro simples, sem super produção, algo que capturasse a nossa jornada de músicos que se apresentam nas ruas, que estão sempre na correria e se metem em várias roubada”.
“Creio que o clipe deu uma canseira geral no Reinas (o Reinaldo)! O Punk, nosso Destemido Rei (como é conhecido pela galera) correu igual a um doido com aquela blusa e gorro durante várias diárias com muito sol. Sem contar os takes de subidas de escadas. Um dia, quem sabe, saia uns outtakes dessas gravações para que vocês possam conferir o humor no rapaz no processo de gravação do clipe. (risos) Mas ele é um cara vegano, saudável e skatista cheio de disposição. Era o mais indicado para fazer esse corre todo!”
Afrodisia é uma mistura em que a cultura negra é um dos ingredientes principais, e centrais, já que os membros da banda vêm de diferentes cantos do Brasil. “Essa relação entre nossa jornada individual e depois, na reunião de todos com essa formação de quinteto só estreitou esses pontos em comum da nossa cultura, dessa predileção pela cultura negra, afrodescendente, brasileira e, na somatória de tudo isso, com uma proposta de música universal”, explica Fábio. E se a sonoridade do Chaiss Quinteto não encontra limites, o processo de composição dos caras também não.
“Imagino que toda pessoa que compõe cria um pequeno universo narrativo, lógico ou abstrato (ou tudo junto!), quando é intuído pela criação de algo, seja na música, artes visuais, etc. É meio doido, porque a criação é um processo abstrato e que demanda a intervenção de mais agentes que podem propor coisas diferentes do idealizado”.