Conhecida por seus covers com um tom jazzístico, a Baleia acaba de lançar o clipe de “Sangue do Paraguai”, primeiro single do álbum de estreia, mostrando que a banda não é só feita de jazz. A faixa foi a última a ser composta e apresenta arranjos sutis, com apenas instrumentos acústicos e de corda. Composições parecidas com essa e algumas mais energéticas e intensas estarão reunidas no primeiro disco da Baleia que apresenta uma sonoridade distinta daquela que o grupo vinha mostrando.
Foi depois do cover de “What Goes Around… Comes Around”, do Justin Timberlake, que a banda carioca ganhou espaço. A antiga formação contava com a filha caçula de Tom Jobim, Maria Luiza, mas atualmente a Baleia é composta pelos talentosos Gabriel Vaz e Sofia Vaz, David Rosenblit, Felipe Pacheco, Cairê Rego e João Pessanha.
O clipe de “Sangue do Paraguai” tem a direção de Lucas Ratton. Os caras da Baleia nos contaram sobre a gravação do vídeo e sobre as melodias do single, que pode ser baixado aqui, e da nova empreitada da banda: seu disco de estreia.
Como foi a gravação do clipe de “Sangue do Paraguai”? Como foi pensado o conceito do vídeo?
Queríamos fazer um clipe legal que não precisasse de uma mega estrutura de produção. Por isso, demoramos muito até chegarmos a uma ideia que, com pouco tempo e pouco dinheiro, pudesse sustentar os mais de 4 minutos da música. O Gabriel puxou a ideia base e a gente foi desenvolvendo em cima. O conceito seria essa “brincadeira” de detetive, que é bastante comum, levada exageradamente a sério. É nisso que se encontra o link entre o vídeo e a temática da música. A ideia de ter slow-motion e de ser em preto e branco criou toda a atmosfera dramática que a gente queria! A gravação em si foi bem cansativa. Gravamos durante 12 horas em uma madrugada no Parque das Ruínas (lugar lindo em Santa Teresa, no Rio). Chegamos à tardinha e saímos às 8 da manhã. Mas valeu a pena! Ficamos bem felizes com o resultado.
Como está a repercussão da música e do videoclipe até agora?
Está bem positiva! Achávamos que as pessoas iam estranhar mais a mudança na sonoridade, mas o retorno tem sido muito bom. Estamos conseguindo mostrar pras pessoas que estamos de volta e o que elas podem esperar do disco.
“Sangue do Paraguai” foge do jazz que vocês tocavam antes. Por que vocês decidiram mudar o estilo da música de vocês?
Na verdade, nós começamos a banda de maneira bem despretensiosa. Tentamos criar uma proposta: tocar covers de canções de jazz com roupagens diferentes. O mais engraçado era que o jazz nem era a principal influência de ninguém ali. Não éramos músicos de jazz, não sabíamos tocar isso! Mas era uma espécie de fetiche nosso. Inevitavelmente, conforme fomos nos entusiasmando com o projeto e nos conhecendo como um grupo de músicos e amigos, essa proposta inicial foi perdendo força e as influências pessoais diversas foram ganhando mais espaço. Isso aconteceu na medida em que começamos a incorporar nossas próprias músicas no repertório. Ninguém ficou preso a um estilo específico, então cada ideia ou material novo era sempre muito bem-vindo. Com o tempo, as composições e arranjos passaram a ter vida própria.
Foi com a proposta inicial do grupo que vocês foram reconhecidos no Brasil, chegando até a concorrer a um prêmio na categoria Experimente do Prêmio Multishow de 2012. Vocês não têm medo de perder com a nova proposta da Baleia essa visibilidade que conquistaram?
A indicação ao prêmio foi legal. Foi a primeira vez que sentimos um gostinho de reconhecimento. Mas achamos que não temos uma visibilidade grande a ponto de nos preocupar em perdê-la. Afinal, lançamos apenas dois clipes antes. Consideramos esse disco como oprimeiro trabalho sólido da banda e esperamos conseguir mais espaço com o álbum, e não o contrário.
Como foi o processo de criação das músicas do primeiro disco da Baleia? Como vocês fizeram pra fugir do jazz das músicas anteriores?
Então, não foi propriamente uma fuga. Foi, digamos, um processo criativo bastante caótico que tomou rumos próprios. Nós não tentamos direcionar ou frear nada. São músicas que foram muito trabalhadas nesse ano que passou. Durante o processo, todos opinavam, questionavam e adicionavam pontos. Muitas músicas apareceram para nós de uma forma e vão estar no disco completamente transformadas. O processo foi muito interessante, mas também foi bem difícil! A gente precisava de tempo pra amadurecer a nossa sonoridade em cada composição do grupo. A essência da Baleia que todo mundo conhece ainda está lá, apesar de não sermos mais uma banda de jazz. As músicas acabam, naturalmente, tendo vínculos sonoros (às vezes claros, às vezes não) com o que nós fazíamos. Explicar essa mudança é muito difícil, mas achamos que ouvindo o álbum as pessoas vão conseguir entender.
“Sangue do Paraguai” não tem o inglês que aparecia em músicas próprias como “Killing Cupids”. O novo disco vai ser todo em português?
O disco é todo em português. Na verdade, algumas músicas do álbum estão sendo trabalhadas há muito tempo, desde a época de “Killing Cupids”. A questão da língua nunca foi tida como um direcionamento do grupo, sempre foi algo aberto – quem escrevia trazia a letra da forma como veio à cabeça para aquela composição e momento.
O primeiro álbum da Baleia vai sair em agosto?
Achamos que essa pergunta foi infiltrada pela nossa produção! (Risos) Eles nos fazem a mesma pergunta toda semana! Mas sim, está na reta final. Se tudo der certo, o álbum deve sair no final de agosto ou início de setembro.