Batidão Tropical: Pabllo Vittar comenta regravações e planos para o futuro

17/04/2024

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Erick Bonder

Por: Erick Bonder

Fotos: Gabriel Renné

17/04/2024

O aguardado disco Batidão Tropical Vol. 2, da icônica Pabllo Vittar, uma das maiores representantes do pop brasileiro contemporâneo, chegou aos streamings na última terça-feira 9/4, e já viralizou nas plataformas. O registro é uma sequência de Batidão Tropical (2021), projeto focado nos ritmos do Norte e Nordeste do país, regiões onde Pabllo viveu durante sua infância e adolescência.

Além de clássicos eternizados por artistas e grupos como Banda Calypso (“Pra Te Esquecer”), Tony Guerra (“Não Desligue O Telefone”) e Forró do Muído (“São Amores”), Batidão Tropical Vol. 2 ainda conta com inéditas, como “Idiota” e “Pede Pra Eu Ficar”, versão do hit “Listen to your heart”, da dupla sueca Roxette. O disco ainda conta com feats de Gaby Amarantos, em “Não Vou Te Deixar” (também uma versão dos suecos, “I Don’t Want to Get Hurt”), Will Love, em “Rubi”, regravação da Banda Ravelly, e Taty Girl, em “Falta Coragem”.


Ao gravar ritmos como o forró, o tecnobrega, o reggae (profundamente enraizado na música maranhense), Pabllo lança luz à diversidade cultural extremamente rica dos estados destas regiões do Brasil. Até mesmo a tradição de cantar músicas estrangeiras em versões adaptadas ao idioma e aos ritmos locais foi contemplada pela artista, que oferece novos elementos com os quais a cena do pop brasileiro se torna ainda mais plural. O novo álbum chega acompanhado de uma turnê de mais de dez datas, que cruzará o país de norte a sul.

Trocamos uma ideia com Pabllo Vittar sobre Batidão Tropical Vol. 2, sua relação com as músicas e os ritmos homenageados e os planos para a tour do álbum. Leia a seguir: 

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Qual é a sua relação com as regravações do álbum?

Nossa, é muito pessoal, porque são músicas que escuto desde a infância e se perpetuaram pela minha adolescência. Eu escuto essas músicas até hoje. Esse final de semana, eu estava aqui em casa sozinha, ouvindo elas e fazendo um pequeno resumo da minha vida. É muito louco como essas músicas fazem parte da minha vivência – e mais louco ainda é pensar que eu não sabia que iria crescer e um dia cantá-las em um projeto como o Batidão Tropical.

Hoje você é uma das artistas mais populares do Brasil.  Nesse sentido, qual é a importância de gravar ritmos típicos do Norte e do Nordeste?

Para mim, é uma satisfação, uma honra muito grande poder colocar luz nessas regiões nas quais eu morei. Morei no Norte durante 13 anos. Nasci no Maranhão, então, poder trazer essa bagagem musical que tenho desde criança é muito fascinante, porque, escutando esse projeto, muita gente vai achar um conteúdo novo, um trabalho novo, mas muita gente vai sentir o que eu sinto quando eu escuto. É um sentimento de nostalgia, apego por um tempo onde as coisas eram mais simples, quando não tinha essa enxurrada de comparações nas redes sociais. Eu acho que era mais feliz. A gente sempre fala assim, “Eu era feliz e não sabia”. Na verdade, sim, eu sabia que era feliz.


O álbum abrange uma diversidade de gêneros bem grande: o tecnobrega, o reggae maranhense e o forró, por exemplo. Como foi construir uma unidade dentro de uma diversidade de ritmos tão grande?

Eu poderia falar que é muito fácil, porque eu já estou habituada, mas é muito difícil, porque como temos uma vasta quantidade de opções, fico com vontade de fazer tudo. O Gorky vem e fala: “Calma, mulher, vamos por esse caminho”. E a partir daí a gente vai costurando uma linha. Tanto que a gente começa logo com “Pra te esquecer”, uma música que automaticamente me leva para o Pará, quando eu era criança, dançando Joelma com uma toalha na cabeça. Quem diria que um dia eu ia crescer e trabalhar não com toalhas, mas com laces maravilhosas na cabeça. Fiquei pensando como a gente conseguiria interpretar toda essa visão em 14 faixas. É bem legal que você citou o reggae. A gente colocou, mas nos perguntamos: “Será que as pessoas vão entender que eu sou do Maranhão? E que São Luiz é a ilha do Reggae?”. Muita gente não sabe, então a gente está colocando luz nesses aspectos. Muita gente também não vai conhecer os artistas, podem até não conhecer as músicas, mas tenho certeza que eles vão falar: “Ah, minha tia ou a minha mãe ouvia isso”. Então, o que eu quero provocar nas pessoas é esse sentimento de nostalgia.


Como foi a escolha do repertório?

Com as inéditas, queria fazer algo que lembrasse a minha infância e também trouxesse algo mais fresh. Tanto que, quando fui fazer “Pede pra eu ficar”, queria que fosse uma versão. Porque está super em alta esse rolê de fazer versão. Eu comecei a minha carreira fazendo versões, lá em 2015, meu primeiro single foi uma versão (“Open Bar”), então eu quis trazer isso de volta. E as outras músicas, a gente escolheu porque tínhamos uma grande lista de músicas de grandes artistas. Aí é muito difícil e ao mesmo tempo é muito fácil, porque a gente primeiro monta vários álbuns e depois vê o que é que vai funcionar, vai atrás das autorizações (uma coisa muito importante). Quando a gente fala de regravações, de samples, sempre tem isso. Com “Pede pra eu ficar” foi algo que me trouxe muita alegria, porque fiz a versão, a gente mandou para a galera do Roxette, eles amaram e autorizaram. Depois, ainda deram entrevista falando sobre. Eu fiquei muito feliz. E as outras músicas, é muito incrível como Batidão Tropical, na sua segunda edição, já tem um legado. Porque quando eu falava que era para o Batidão Tropical Vol. 2, todo mundo falava de cara: “Com certeza, por favor, regrava, vai ser uma honra”. Com 14 faixas, deu espaço para trabalhar mais a região Norte, quanto a região Nordeste. O mais difícil é poder juntar todas as músicas que eu gosto, então esse projeto vai se estender pela minha vida, porque não dá para resumir tudo em um disco só.

Como você escolheu os feats? Porque eles representam bem essa diversidade de ritmos que o álbum traz.

Sim. Tem Maderito, Will Love, Gaby Amarantos, nossa Grammy Winner, Taty Girl. Nas regravações tem Joelma, representando o Norte. Tem Nattanzinho e a Jéssica também trabalhou na produção da música com a Taty, representando o Nordeste. Eu fiquei bem preocupada em trazer grandes ícones dessas regiões. E é muito louco, porque agora eu tenho realmente o aval dessa galera para poder fazer essa homenagem. Então, me deixou muito feliz. A Joelma, quando mandei “Pra te esquecer”, achou muito avant garde, muito para frente a produção, ela adorou. Fiquei muito feliz porque sou muito fã dela.


Você tem milhões de plays nas plataformas de streaming e é uma artista consolidada na música nacional. O que você espera conquistar com o novo trabalho?

Olha, com esse trabalho, eu quero mesmo jogar luz nessas regiões, que são muito ricas culturalmente e pelas quais a gente acaba passando batido. Porque na música pop atual, todo mundo está se voltando para o que a galera lá de fora está fazendo: as batidas, as produções, etc. Então, com esse álbum quero trazer um alívio, tanto para o público, quanto para a minha discografia, porque acabei de sair de um álbum super eletrônico, que foi o Noitada (2023). Quero um descanso dessa vibe internacional e trazer algo fresh para o mercado, algo que seja diferente. Tanto na produção, quanto na lírica das letras. Se você reparar, no Batidão Tropical Vo. 2 não tem uma palavra tipo “bunda”, uma frase dessas “desce até o chão”. Isso para mim foi um respiro muito grande. Não estou falando mal de quem canta “senta, senta, senta”, porque eu também canto, mas você entendeu. Eu quero esse respiro tanto para os ouvidos de quem vai ouvir, quanto para mim, que vou cantar.

O álbum fala de amor, paixão e situações vividas por quem se apaixona intensamente. Você acha que essa é a temática principal da sua expressão artística? E por que é importante falar sobre isso?

Com toda certeza. Acho que sempre falei do amor de diversas formas. Sendo uma pessoa gay, um cara gay, sempre tive receios ao falar de amor. O meu primeiro single, escrevi porque fui traído, então daí você já tira bastante coisa. Não tem como fugir dessa temática e o Batidão Tropical fala de amor na sua vivência mais pura, essencialmente falando. Porque o forró fala disso, é uma expressão romântica. E quando eu era pequeno, amava ver as bandas de forró e sofrer por alguém que nem existia, sofrer por alguém imaginário, por amores platônicos. Acho que esse álbum vai me reconectar com um público que gosta dessa temática, principalmente as mulheres. O público feminino, acho que está precisando de músicas que falam disso.


Um lance muito legal são as faixas com recados, nas quais você fala com a galera ao longo do álbum, quebrando uma espécie de quarta parede. Como surgiu essa ideia?

Quando a gente falou que ia deixar essas músicas bloqueadas no álbum, para lançar depois, o Gorky sugeriu de gravar pequenos recadinhos, pequenas pílulas para não deixar um vazio. Pensei: “Vamos fazer uma vibe como se a pessoa estivesse ouvindo rádio”. Está tocando a música, aí para tudo, vem o radialista e pergunta: “E aí vocês estão gostando?”. Então é como se você tivesse escutando a rádio Batidão Tropical e eu fosse a radialista. Fico dando aqueles recadinhos, porque no Nordeste, quando não tinha internet, a gente escutava essas músicas na rádio, nos CDs que a gente comprava na feira e esses recados são para lembrar dessa época.

Quando você começou o primeiro álbum, já pensava em construir uma sequência?

Eu fiz o primeiro quando a gente estava no meio da pandemia. Então, foi uma experimentação. O álbum surgiu porque comecei a fazer lives na internet cantando forró. O Gorky falou: “Mulher, porque tu não faz uma regravação?”. Eu fiquei meio em dúvida, mas decidi fazer, a gente escolheu umas músicas, fez as autorizações, gravou e Batidão Tropical foi o que foi, é o meu álbum mais premiado, disparado. Fiquei um pouco chocada. E quando fui do Batidão para fazer o Noitada, não pensava em um volume dois. Eu estava em uma outra vibe, porque a gente podia sair para a rua, então queria explorar mais essa coisa eletrônica. Mas no decorrer do tempo, toda vez que começava alguma música do Batidão no show, dava para ver que a energia mudava. E eu não tive uma turnê do Batidão Tropical, porque estava no meio da pandemia. Então agora, com esse segundo volume, vai ter uma turnê que eu estou ensaiando. E tem várias surpresas na tour, que eu não posso falar agora. Está tudo muito legal e eu vou honrar o primeiro álbum que não teve turnê.


Pois é, a última pergunta era justamente se você tem algum babado para contar sobre a turnê, sobre projetos audiovisuais envolvendo o “Batidão Vol. 2”. O que você pode compartilhar?

De projeto audiovisual, está tudo gravado e a gente vai soltando no decorrer do tempo, não vou botar tudo na cara de vocês, não vou fazer igual a Beyoncé em 2013, que soltou 15 clipes de uma vez. Cada um tem uma temática incrível, foram muitos dias de trabalho. E a turnê já está sendo ensaiada, trazendo elementos novos, vai ser bem legal.

Coisas novas tipo o quê?

Tipo… uma banda!

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17/04/2024

Erick Bonder

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