Cá nos meus miolos, de forma ficcional, o abade e físico belga Georges Lemeître – o precursor da teoria do BIG BAG – diria: Oito cabeças artisticamente pensantes reunidas em torno de um projeto, a concentração de ideias gera tamanha densidade e calor que ocorre um big bang expancional, uma explosão de criatividade musical e o resultado disso: uma big band!
O ano de sua gênesis MMX. Atende pelo nome de Cabana Café.
A Big paulistana deu uma enxugada nos números. Processo evolucionário é assim, envolve desapego. O que já foi oito virou sete e agora afinou em seis. Fica aqui uma dica ocultista, para a banda, desse que vos fala; o número seis segundo o pai da numerologia moderna e bruxão Pitágoras é representado simbolicamente por uma estrela de seis pontas e em palavras representa equilíbrio e harmonia, na mosca. Voltemos a eles; primeiro as damas, lógico: Rita Oliva é o membro por trás da vocalização segura e smooth da trupe; Gustavo Athayde transa o baixo e empresta a voz para manter aceso o yin yang da banda; as duas guitarras são gentilmente tocadas por Hafa Bulleto (o sexto membro recentemente incorporado) e Zelino Lanfranchi; lá no fundão, na cozinha, quem toma conta da batera é o Mário Gascó e Taian Cavalca no shynts. Fechô, demoro!
Aproximadamente 365 dias após a formação; trampando e maturando o trabalho, saí seu primeiro EP, independente, Jangada Elétrica, de 2011. Foi então que descolaram uma casa-estúdio para chamar de sua, ou seria uma Cabana-estúdio para chamar de sua?! Todo mundo debaixo do mesmo teto, é o espírito coletivo e colaborativo, que beleza!
Trampo, suor e lágrimas renderam reconhecimento e a indicação ao “Aposta MTV” 2011. Não levaram mais lá estiveram. Isso dá uma moral e incentivo!
O início da sedimentação da banda começou a rolar em 2012, quando caíram na estrada para apresentar os singles “Le Gato” e “Dos”.
Toda banda tem suas influências. Algumas eu creio que sejam só pelo “peso”. Tem banda que tu ouves o som e cria-se um hiato interminável entre a(s) influência(s) e o som. Tu te esforça ao limite para ouvir aquela palinha miserável de confluência entre influência e influenciável, e de onde você não espera nada, realmente não vem nada. Não seria diferente com o Cabana Café, porém, sua box de influencias é perceptível ao som que você ouve e o link que você faz sabendo que ali existem traços primordiais de Doces Bárbaros, Stereolab, Secos e Molhados, Caetano Veloso, Moneen, Broken Social Scene.
A musica do Cabana Café é um in between entre o rock, MPB, indie, trip hop e bossa. Alguns poderão discordar. Cada um com os seus problemas! Uma profusão de estilos e gêneros que se harmonizam perfeitamente entre si dando leveza e fluidez ao som. O resultado é uma música elaborada e sofisticada. O guitarrista Zelito dá sua definição, inteligente e concisamente lúcida, para não tentar enquadrar o som da banda e deixa as possibilidades em aberto: “Rock é um guarda-chuva grande e o Cabana tá coberto por ele. Vez ou outra, a gente esquece dessa proteção e da um pulo pra fora, pra se molhar todo.”.
O ano de 2013 traz consigo o primeiro registro, Panari, o álbum foi lançado pelo selo Balaclava Records. São onze faixas que trafegam entre o psicodelismo dos 70 e o rock em estado bruto dos anos 90. O grunge me justifica. O elogiado e bem recebido primeiro rebento do Cabana foi produzido pelos próprios e pelo produtor Guilherme Ribeiro no segundo semestre de 2012, no Na Cena Studio em Sampa. De arrasto a banda lança o clipe “Vermelha Anã”.
Na sequencia o ambiente natural para toda a banda se fez presente, novamente, a Estrada. A tour passou por São Paulo e interiorrrrrr, região sul, e Minas Gerais, uái! Como navegar é preciso treze shows no tio Sam foram a cereja do bolo. Not bad!
Em time que está ganhando não se mexe, certo?! E segue o baile. A banda já tem um novo álbum a caminho, que será parido em 2016, o novo rebento atende pelo nome de Moio, também pela Balaclava. Moio que diabos é isso, galera?!!! Segundo o guitarrista Zelino “é uma gíria interna da banda”, ok, sendo assim é uma parada “classified”, nem me atrevi a perguntar!
Da composição a finalização se passaram menos de quatro meses. Isso tudo é ansiedade? Zelito disse que o registro “foi uma espécie de experimento”, e que as músicas germinavam em “formato de jam”, todo mundo dava pitaco e uns três ensaios mais tarde rolava a gravação. A Rita disse que “rolou um rodízio na gravação, em cada música o baixo era tocado por uma pessoa diferente”, segundo ela “deixar o processo fluir, com máxima espontaneidade, e praticar o desapego resultou em um registro que alegrou a todos”. Para encerrar Rita crava: “Nunca o Cabana se entregou tanto pro rock como nesse disco e a sensação é maravilhosa.”. Saber o que se quer é um luxo!
“Um disco vivo é o resultado final” é isso que ficará nítido para quem ouvi-lo, encerra Zelito.
Enquanto 2016 não chega, podemos ouvir o novo single do Cabana Café, “Qualquer Lugar”, que estará em Moio. A letra foi feita de súbito em estúdio em um bloco de notas de um celular. O mote por trás do novo trabalho é o isolamento que a parafernália tecnológica como o smartphone e a internet nos impõe, nos levando a um estado de topor. O single foi gravada e mixada Taian Cavalca no MonoMono Studio e masterizada por Maurício Gargel e distribuída pelo Balaclava Records. By the way, uma última informação pertinente; a capa que ilustra “Qualquer Lugar” foi confeccionada, logicamente, em um aplicativo, pela artista Thaís Castilho.
Saca o refrão boladão:
Acordado eu passo mais uma estação sem ver
Quanto mais eu olho, mais esqueço de sair
Desse lado eu acho que ninguém vai perceber
Todas as pessoas no celular
Então corre corre lá e escuta “Qualque Lugar”, porque a vida é imediata, tudo agora ao mesmo tempo.