Chico Chico se inspira na vida cotidiana em novo álbum, “Estopim” 

11/09/2024

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Por: Thuanny Judes

Fotos: Divulgação/ Maria Magalhães

11/09/2024

Dizer que o rural e o urbano se encontram no novo álbum de Chico Chico seria simplista. Quando nos deixamos levar com mais calma por Estopim, lançado em 30 de agosto, escutamos a pluralidade de sonoridades propostas pelo músico carioca. 


O filho da saudosa Cássia Eller costura sentimentos do cotidiano por meio do samba, dos ritmos nordestinos, arranjos psicodélicos e MPB, amarrando tudo com seu timbre de voz e com a mão da produção musical de Pedro Fonseca.

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O compositor possui seis álbuns lançados e disponíveis nas plataformas, sendo três deles em parceria com outros artistas. Em Estopim, ele teve a oportunidade de trazer mais da sua ligação com o interior e explorar outros tipos de referências que fazem parte da sua construção musical.

O trabalho apresenta composições e parcerias com Sal Duarte, João Mantuano, Tui e Mateus Lana. O álbum conta com 11 faixas que caminham pelas emoções do e pelas sonoridades que atravessam Chico. Confira o faixa a faixa de Estopim:

“Parte de Mim”: A intro é uma parte dos vocalizes que têm na última música, que é da ideia do nosso diretor e produtor, Pedro Fonseca

“Toada”: Parceria com o Jotinha (João Mantuano). Ele chegou em casa com a gravaçãozinha, tinha só o violão, umas palavras meio soltas. A gente foi pinçando o que ele já tinha falado e foi aumentando a letra. A gente faz um boi, mas ficou meio puxada pra um boi meio rock ‘n ‘roll. E a letra é bem legal, parceria com os amigos é sempre uma coisa gostosa. Acho que as imagens delas são bem claras, mas também são passíveis de interpretações diferentes.

“Terra à Vista”: É uma composição minha, do Sal Pessoa e do João Duarte. Eu também comecei a fazer em casa, achei um groove legal. Eu fui escrevendo uma letra meio o cara vendo a pessoa que ele gosta chegar. Nossa, que piegas [risos]. Aí mostrei pro Sal, a gente se encontrou numa madrugada na Vera, que era um estúdio que a gente tinha uns anos atrás, e ficamos tomando uma cervejinha e tentando fazer a música. 

“Vai”: É uma parceria com o Sal. Eu comecei a fazer em casa, aí mandei pra ele, ele achou legal e meteu uns versos bonitos. Na canção, apesar de ser minha parte, ele consegue entrar e fazer a canção virar uma só, em vez de uma canção de duas partes, de duas pessoas diferentes, sabe? Dá a impressão que é uma coisa, dá uma sensação de naturalidade, apesar de ser duas pessoas diferentes.

“O Tempo Nunca Mais Firmou Pt. 2”: Originalmente, é uma parceria com o Sal, que entrou no disco Pomares (2021), só que na época que eu fiz com o Sal, o Tui Lana, que morava comigo, me escutou compondo e fez outra letra com a melodia que a gente estava usando. A gente gravou no laptop dele, lá em casa, e ficou perdido. Anos depois eu achei essa gravação, a gente pirou, a letra do Tui, muito bonita, bem no estilo dele, e a gente achou que caberia dar uma quebrada no disco, ficou bem maneiro.

“Altiva”: A gente terminou essa no bar do Oscar. Eu cheguei com ela, cantando pro Sal, ele falou “pô, maneiro, vamos tentar fazer aqui agora”. A gente fez ali e terminou – ele ficou bem satisfeito. 

“Urmininu”: Parceria com o Jotinha. A gente fez lá em casa numa manhã e a letra meio que fala disso – “acorda e brinca de manhã”. Não era bem a nossa vibe no momento, era mais um vai dormir [risos]. A música é alegre, mas não era um momento, necessariamente, muito alegre quando a gente fez. Mas ficou bem legal. A gente estava compondo de manhã, vendo o sol nascer. Só que ela tem essa vibe super pra cima, e a gente não estava tão pra cima na hora, mas, enfim, saiu isso e a gente ficou bem satisfeito. Era sobre o momento, mas talvez ela possa enganar quem ouça, no sentido de achar “nossa, que feliz”. E é feliz, mas, enfim, sei lá, cada um entende o que quiser, também, né? [risos]

Acorda Zé”: Já é bem mais antiga. Ela tem um lado malucão, acabou virando um pagodão e é uma letra maluca, bem um estilo que eu já tive mais intimidade. Na época que eu fiz ela, a gente tinha a banda 13.7, que a gente tentava Itamar Assumpção (às vezes, eu pelo menos tentava, mas nunca vou conseguir chegar nesse nível). Ela tem um lado tragicômico que eu acho legal, que é o cara se fudendo, avisando pro outro que ele vai se fuder. E o arranjo ficou maneiro. Ficou um pagodão rock and roll, Nirvana, estranho. 

“Jogo de Chapéu”: Essa é só do Jotinha. É foda essa música, eu roubei dele. Falei “moleque, vou botar no meu disco, foi mal, eu sinto muito”. É uma letra de um amigo, também tem essa diferença, não é uma coisa já gravada que todo mundo conhece. Ela é inédita. Eu não fico satisfeito com o meu trabalho de intérprete, no sentido de pegar qualquer música e cantar só porque é boa. É muito fácil estragar uma música.

“Abismo”: Essa foi ideia do Pedro Fonseca. A gente foi na casa dele pra gravar uma guia, que é o que a gente vai acabar usando como versão final, porque a gente gravou umas vozes, fez uma cama de vocalizes e ficou bem maneiro. Só que é aquela história: a gente gravou, achou foda na hora, mas no dia seguinte pensamos que só a gente iria gostar. A gente tentou regravar ela, a voz e o piano, tentou fazer várias coisas, e nenhuma causou a emoção que causou essa primeira que a gente fez. A gente veio aqui, mostrou pro Rafa, ele falou que estava lindo e a gente ganhou confiança. Essa letra é linda, é do Mateus Lana, irmão do Tui, e a música é do Tui. A música é bem forte e não tinha como ficar de fora. É com a intenção de conversar com o próximo. Esse primeiro disco está mais pegadão, apesar de ser bem denso, e “Abismo” ela já dá um abraço meio obscuro, indica o que vai ser o próximo, que é uma coisa mais pra dentro.

“Parado no Vento”: Outra música do Tui que virou uma faixa. A letra é bem curtinha, só que é maneira, tem uma jogada legal, e ficou rock ‘n ‘roll dos anos 1970. É uma música também antiga do Tui, que a gente tocava no 2×0 Vargem Alta (2015). Passou o tempo, a gente nunca pensou muito nela, a gente nunca tocou ela em show depois da banda ter acabado, só que de repente ela surgiu de novo e casou legal. Gosto mais de cantar hoje em dia, acho que estou cantando melhor, com o mesmo intuito, só que agora me parece que está na hora dela. 

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11/09/2024

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