Entrevista | Indicado ao Grammy Latino, Chico Chico se encontra em disco solo

05/10/2022

Powered by WP Bannerize

Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Dudu Mafra/Divulgação

05/10/2022

Chico Chico é a personificação de que o amadurecimento não deve estar ligado a pressa. Despertando suas particularidades enérgicas, entre divertidas gargalhadas, o carioca desbrava sua vocação musical em seu próprio ritmo. “Eu ainda estou nesse processo de me compreender como músico, não tenho nenhuma dúvida sobre o que eu quero, mas é um processo. Você sabe o que é, mas você ainda está tentando encontrar. Eu tenho banda desde os 15 anos, [então] já são quase 15 anos dessa ‘pequena’ batalha”, diz o artista, que recém completou 29 anos, em papo com a NOIZE.

Seu disco de estreia Pomares (2021), inteiramente autoral, foi lançado em outubro passado, sendo um resultado da produção de Ivan Cavazza, junto da coprodução de Pedro Fonseca. O feito das 12 canções frutificou e hoje o álbum concorre na categoria “Melhor Álbum de Música Popular Brasileira”, da 23ª edição do Grammy Latino, ao lado de obras de Caetano Veloso, Marisa Monte, Ney Matogrosso, Liniker e Jards Macalé com João Donato. Essa também não é a primeira vez que o nome do carioca aparece entre os indicados do Grammy Latino, tendo em vista que, em edição passada da premiação, a faixa “A cidade”, do seu disco em parceria com João Mantuano, foi indicada na categoria “Melhor Canção em Língua Portuguesa”.

*

(Foto: Dudu Mafra/Divulgação)

“Chega até a ser engraçado. Na verdade, eu não sei, porque é realmente muito doido. Eu estava conversando sobre isso com o Sal [Pessoa], sobre os nossos caminhos, porque esses caras estão a tanto tempo na música e existe esse lapso de tempo onde nossas vidas se encontram. Fiquei meio que comparando com jogadores de futebol que se tornam [jogadores] profissionais, sendo que dois anos atrás só sonhavam em falar com os caras e, hoje, eles estão com os caras. Mais do que qualquer outra coisa, o lance mesmo é o trabalho”, afirma com um sorriso largo no rosto.

Herdando o timbre vocal de sua mãe, Cássia Eller (1962-2001), Chico Chico foi introduzido ao mundo da música desde muito cedo, e se reconheceu primeiro como compositor, aos 13 anos, antes de tatear os vocais. Subindo aos palcos ainda na infância, acompanhando a mãe em apresentações, o carioca já realizava um papel na percussão da banda: “A parte da percussão era uma mentira [risos], mas teve um papel muito importante, porque abriu algumas portas. Eu pude conhecer mais o palco, subir, mesmo que muito envergonhado, porém primeiro eu fui compositor. Eu comecei a tocar violão em função disso. Eu tinha meu caderninho e escrevia, isso foi ficando mais sério aos 15 [anos], onde eu fui cantando as minhas músicas, foi muito importante”.

+ Criolo, Bala Desejo, Liniker e Marina Sena estão indicados no Grammy Latino 2022

Assumindo participação em diferentes trabalhos musicais, em grande parte ligado aos amigos, Chico realizou uma passagem, ao lado de Jorge Du Peixe, no álbum Cássia Reggae (Vol. 1) (2022). O projeto, concebido para celebrar Cássia, que completaria 60 anos em dezembro, foi produzido por Sergio Fouad e Fernando Nunes, para a Universal Music. A segunda parte do trabalho está prevista para ser lançada ainda neste semestre.

“Foi gostoso pra caramba. É interessante porque é uma galera que ama muito a minha mãe, são amigos mesmo, a galera da banda. O projeto está maravilhoso, só com gente foda, e tem uma ideia de não colocar os cantores para interpretar suas composições, o Nando [Reis], por exemplo, canta ‘Lanterna dos Afogados’. É legal, achei uma sacada bem interessante.”

Chico trilha um rumo de composições sem preocupação com o marketing digital, ou na produção de hits, mas mesmo assim foi surpreendido, em julho passado, com a viralização da música “Ninguém”, primeira parceria com Fran Gil, para o disco Onde? (2020), do selo Blacktape. A obra conta no repertório composições de grandes mestres da música brasileira, dentre eles Edson Gomes, Gilberto Gil, Itamar Assumpção (1949 – 2003), Luiz Melodia (1951 – 2017) e Sérgio Sampaio (1947 – 1994), e deixa claro que uma canção, mesmo não tendo os recursos de um hit viral, pode crescer já que o universo da música está em constante adaptação com o mercado. A canção simples, que conta apenas com vocais e violão, tomou grandes proporções e atinge, hoje, quase 9 milhões de reprodução somente no Spotify.

+ Assine o NOIZE Record Club e receba o disco Isso Vai Dar Repercussão (2006) de Itamar Assumpção e Naná Vasconcelos

“Isso foi muito diferente, achei até engraçado até saturar, brincadeira. Quando tem gente escutando o que você faz, o seu trabalho, é difícil ficar bolado. Isso faz parte do mundo que a gente está, é difícil comentar sobre isso, porque tem várias questões, ao mesmo tempo que é legal, porque sua música chega em mais lugares. Isso não foi premeditado e acho que isso nem deve ser. Porque na minha visão, sobre minha carreira, não é algo que eu quero alcançar, sabe? Mas claro, que se isso estiver no caminho, não vou negar”, declara sobre a faixa que virou hit.

(Foto: Marina Zabenzi/Divulgação)

Se definindo como uma pessoa eclética, que escuta um pouco de tudo, Chico comenta sobre o que está mais fresco em seus ouvidos: “Voltei a escutar muito Nick Drake, que é um cara que eu gosto muito, mas agora também estou ouvindo muito Kings Of Leon, que é uma banda que me dá muita nostalgia, lembro da minha adolescência [risos]”.

Nesta sexta (07), Chico se apresenta no Circo Voador, palco que conhece desde os 22 anos, para o show do disco solo, às 22 horas. Na banda, o músico conta com Pedro Fonseca (teclado e direção musical), Caio Barreto (guitarra), Cesinha (bateria), Thiago da Serrinha (percussão) e Miguel Dias (baixo), a apresentação também terá participações de Ana Frango Elétrico e do rapper Sombra. Na semana seguinte, o artista irá realizar dois shows, entre os dias 13 e 14 de outubro, às 20h, no Itaú Cultural. Os ingressos estão à venda aqui e aqui.

LEIA MAIS

Tags:, , , , , , , , , , , , ,

05/10/2022

Gabriela Amorim

Gabriela Amorim