O mundo era outro em 2008, quando Curumin produziu uma das obras mais importantes de sua carreira, o Japan Pop Show. As possibilidades de conexão global da internet ainda estavam sendo assimiladas pelo músico, que usou seu computador como uma ferramenta central para o álbum. Se não fosse assim, como ele teria conseguido reunir no mesmo projeto Marku Ribas, BNegão, Lucas Santtana, Fernando Catatau e os americanos Tommy Guerrero, Lateef The Truthspeaker e Gift Of Gab?
– Fiz o disco nuns 3 meses, foi gravado uma parte aqui em casa, outra na casa do [produtor Gustavo] Lenza e outra no estúdio “du B”. Depois, demorou um pouco mais até esperar o material dos convidados chegar. Eu já conhecia eles, mas cada um gravou no seu estúdio e mandou pela internet – explicou Curumin.
Lançado em vinil amarelo pelo NOIZE Record Club (garanta o seu), Japan Pop Show saiu originalmente em CD. Mas um certo tom profético já rondava o disco desde 2008:
– Quando gravei o disco, separei em lado A e lado B, mas foi engraçado porque eu realmente não cogitava lançá-lo em vinil. Isso era impensável na época. Mas agora, quando tive que dividi-lo pra essa edição do NOIZE Record Club, vi que o disco naturalmente tinha ficado com um lado A e um lado B. Um lado mais pop e outro mais experimental, na ordem perfeita. Quase como um roteiro, uma história.
Como toda história tem um começo, perguntamos pro Curumin quais foras as 5 principais inspirações que o marcaram na composição do Japan Pop Show. Veja abaixo:
1) Centro de Sampa: “Era uma época em que eu morava no centrão de São Paulo e isso foi bastante influente no disco”.
2) Madlib: “Conheci ele nessas buscas de som. Lembro muito de ouvir Shades Of Blue (2003), quando conheci o Beat Konducta (2001) fiquei bem fã e fui atrás de todo o resto. Sempre gostei de tudo que ele faz”.
3) MP3: “Era a época do MP3, então foi um boom de música na minha vida. Deu pra se aprofundar como nunca no soul, no funk do mundo todo, no reggae e na música brasileira. Coisas mais obscuras e difíceis de achar pouco tempo atrás estavam facilmente disponíveis”.
4) Corrupção: “Aquela era também a época do Mensalão, o Brasil tava naquela confusão: mentiras, lobistas, aproveitadores, laranjas. Naquela época e sempre né”.
5) Dub, mais especificamente Scientist: “A própria faixa ‘Japan Pop Show’ tem um pouco disso, mas, em 2008, o dub era uma coisa muito nova pra mim. Então não aparece tanto no disco, o que tem nele é como se fosse uma tentativa de entender o que é o dub”.
Atenção: está no fim a tiragem em vinil amarelo de 140g do Japan Pop Show. Garanta o seu antes que seja tarde e não perca os próximos lançamentos do NOIZE Record Club: noize.com.br/recordclub