O terceiro título da “Coleção Discos da Música Brasileira“, organizado pelo crítico Lauro Lisboa Garcia, é dedicado ao disco África Brasil (1976), de Jorge Ben Jor. Sob o nome de “África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver” o livro, finalista do Prêmio Jabuti em 2021, foi escrito pela jornalista e pesquisadora musical Kamille Viola, que pesquisou a obra de Jorge Ben por mais de uma década para registrar o exemplar.
Dentre as entrevistas, a carioca conversou com músicos como Gilberto Gil, Marcelo D2, Lúcio Maia, Jorge Du Peixe, Dadi, Gustavo Schroeter, BNegão, produtores, pesquisadores e até o jogador de futebol Zico, homenageado na faixa “Camisa 10 da Gávea”, para reconstruir a história do artista, processo criativo e os bastidores da produção do álbum que uniu o funk, o samba, o rock e o soul. A obra chega depois de A tábua de esmeralda (1974) e Solta o pavão (1975) e é considerada uma das mais emblemáticas da discografia de Jorge Lima de Menezes.
+ Entrevista | A alquimia afro-brasileira de Jorge Ben, por Kamille Viola
Entre os artistas entrevistados pela autora está Mano Brown, líder do grupo Racionais MC’s e fã confesso, que resume a importância de Jorge Ben: “É um cara que, igual ao James Brown, Marvin Gaye, e esses artistas muito grandes com uma obra muito grande, de tempos em tempos eles vêm em você. A música volta. Eu ouvi o Jorge Ben em várias épocas da minha vida, várias épocas da carreira dele. Eu lembro de muitas fases. […] Nas rodas de samba, a gente cantava Jorge Ben. Quem soubesse cantar Jorge Ben num ritmo de samba ia bem (risos)”.
Marcado por trazer a matriz da sonoridade dos terreiros, o disco exibe o momento em que Jorge Ben decide por trocar o violão acústico pela guitarra elétrica. Em entrevista concedida para a carioca, o artista afirmou: “Essa guitarra foi incrível porque eu ainda tocava com o [violão] Ovation e, um dia, um músico que tocava comigo, o Dadi, que é baixista, apareceu com ela e eu gostei da guitarra, achei linda, e falei: ‘Dadi, quer trocar essa guitarra, quer vender, quer fazer o quê?’. E ele: ‘Não, não’. Falei: ‘Dadi, você é baixista e eu tenho um baixo Fender. A gente pode fazer uma troca’. E ele topou na hora. Aí eu fiquei com a guitarra e pronto, começamos a guitarrar (risos)”.
A obra está sendo vendida nas Unidades do Sesc São Paulo, principais livrarias do país, em aplicativos como Apple Store e Google Play, e pelo portal do Sesc.
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