Disco é memória: 8 discotecas públicas que você precisa conhecer

14/09/2022

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Erick Bonder

Por: Erick Bonder

Fotos: CCSP/ Divulgação

14/09/2022

No mundo inteiro, existem instituições que se dedicam à preservação do patrimônio material que registra a história da música. No Brasil, a coisa não é diferente. As discotecas e os acervos musicais, públicos ou privados, estão espalhados pelo país, registrando nossa memória, guardando o nosso passado.

Antes do surgimento dos fonogramas, há mais de 100 anos, a escrita era o único meio para realizar o registro de composições. Depois, vieram os cilindros de cera, os discos de 78 rpm, os discos de vinil, as fitas em rolo e cassete, os CDs e, finalmente, os arquivos digitais. Mas todos estes itens precisam ser armazenados e organizados de alguma forma. Conheça algumas instituições dedicadas a esta atividade.

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CCSP/ Divulgação


Discoteca Oneyda Alvarenga

Pioneira, a Discoteca Pública de São Paulo, hoje chamada Discoteca Oneyda Alvarenga, está localizada no Centro Cultural São Paulo. Fundada pelo então Diretor do Departamento de Cultura de SP, o poeta e musicólogo Mário de Andrade, em 1935, a instituição ficou sob responsabilidade da folclorista e jornalista Oneyda Alvarenga até o final da década de 1960, quando foi rebatizada em sua homenagem.

O acervo é um dos mais importantes para a nossa cultura, sendo considerado patrimônio histórico da humanidade pela UNESCO. Na discoteca, estão alguns dos fonogramas mais antigos do país, como os primeiros registros de canções de povos originários brasileiros. Também estão armazenados no espaço os registros da Missão de Pesquisas Folclóricas de 1938, expedição organizada para que fosse realizada a coleta do cancioneiro das regiões norte e nordeste do Brasil.

O acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga contém cilindros de cera, discos de 78, 33 e 45 rpm, CDs e partituras, além de versões digitalizadas de grande parte dos registros. É possível realizar a consulta dos materiais no local, mediante agendamento prévio. Ou, você também pode conferir parte do acervo online.

Fundo Mário de Andrade/ Divulgação


Acervos do Museu da Imagem e Som do Rio de Janeiro

Outra instituição na vanguarda da preservação do patrimônio musical do Brasil foi a Discoteca Pública do Distrito Federal, fundada em 1941, no Rio de Janeiro. Em 2009, passou a fazer parte do Museu da Imagem e Som do RJ, tendo restaurado todo o seu acervo de raridades de 78 rpm. O MIS é guardião de mais de 60 mil discos, incluindo o acervo da Rádio Nacional e do jornalista e pesquisador musical Sérgio Cabral. É possível consultar a coleção agendando visita, ou acessando o arquivo online.


Discoteca Pública Natho Henn e Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

Em Porto Alegre, a Discoteca Pública Natho Henn, que carrega o nome de seu fundador, foi inaugurada em 1955. Hoje, o acervo opera no prédio da Casa de Cultura Mário Quintana, preservando e catalogando mais de 60 mil discos, de todos os gêneros e épocas. A consulta no local está restrita à pesquisadores, mediante aviso prévio. Em 2020, foram disponibilizados fundos estaduais para a modernização da discoteca, que passará a ser aberta ao público. Já o Museu de Comunicação Hipólito José da Costa, também em Porto Alegre, na mesma rua da CCMQ, possui, em seu acervo de Rádio e Fonografia, mais de 100 discos de goma-laca produzidos pela Casa Elétrica, a primeira fábrica brasileira de discos.

Reprodução


Reserva Técnica Musical do Instituto Moreira Salles

O Instituto Moreira Salles também é um agente importante na conservação da história musical brasileira. Fundada em 2000, a Reserva Técnica Musical do IMS possui acervos de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Baden Powell e José Ramos Tinhorão, entre outros. A instituição também mantém o projeto Discografia Brasileira, acervo online que conta com dezenas de milhares de arquivos digitalizados e restaurados a partir de discos de 78 rpm. No site, você encontra fonogramas raros, como “Isto É Bom”, de 1902, primeira gravação brasileira, feita em cilindros de Edison, e “Pelo Telefone”, de 1917, nosso primeiro samba.

Acervo Nirez

Cerca de 20 mil discos de 78 rpm disponibilizados pelo IMS têm origem em um mesmo lugar: o Arquivo Nirez. Esta surpreendente coleção é resultado de uma vida inteira de pesquisas do jornalista cearense Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, dono da maior e mais importante discoteca particular do Brasil. O arquivo fica em sua casa, em Fortaleza, próximo à reitoria da UFCE, na Rua Professor João Bosco, e está disponível para a visitação do público e de pesquisadores, mediante agendamento.

Arquivo IMS/ Divulgação


Discoteca Pública

Outro acervo pessoal tornado público é o de Edu Pampani, em Belo Horizonte. Em 2005, a partir de sua própria coleção, o pesquisador musical idealizou a Discoteca Pública, que hoje conta com mais de 20 mil discos. O acervo é formado somente por música brasileira e está disponível para consulta no Bairro Santa Tereza, na Rua Hermilo Alves. As informações sobre grande parte do catálogo também estão disponíveis no site da discoteca.  


Arquivo Rádio Gazeta

Para finalizar nossa lista, também vale citar o legado deixado pelas rádios. É o caso do Arquivo da Rádio Gazeta, um dos mais completos do país, que conta com mais de 120 mil discos preservados. A coleção contém raridades como o compacto original com a primeira gravação de “Chega de Saudade”, de João Gilberto, além de registros originais dos Festivais da Record da década de 1960.

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Todas essas iniciativas fazem com que nossa memória siga viva e consultável. Não fossem os arquivos, parte da nossa história já estaria perdida e nunca teríamos acesso a diversos registros essenciais para a nossa cultura. As discotecas e acervos musicais nos permitem saber quem somos. Que tal fazer uma visita a uma dessas coleções que citamos?

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14/09/2022

Erick Bonder

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