Bidê Ou Balde presta homenagem à Ipanema FM em novo disco

03/11/2015

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Marta Karrer

Por: Marta Karrer

Fotos: Ariel Fagundes

03/11/2015

A Bidê Ou Balde lançou seu último disco com dois shows no Theatro São Pedro no último fim de semana. Gilgongo! Ou A Última Hora de Transmissão da Rádio Ducher, que fecha a trilogia Kilgore Trio, é recheado de participações especiais desde a radialista gaúcha Kátia Suman ao virtuose Renato Borghetti, passando pelo grupo de rap Rafuagi.

O álbum presta homenagem à extinta Ipanema FM, que funcionou em Porto Alegre por mais de 30 anos no dial 94,9FM e foi fechada em 2015. Em Gilgongo! Ou A Última Hora de Transmissão da Rádio Ducher, a banda referencia a Ipanema simulando a última hora de transmissão de uma emissora imaginária antes de ela ser invadida por alienígenas. Em uma entrevista exclusiva antes do show, o vocalista Carlinhos Carneiro conversou conosco sobre o novo trabalho da banda.

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Como surgiu o conceito do álbum?
O conceito desse disco surgiu no meio do caminho. A ideia era fazer um EP com as sobras que a gente tinha de estúdio dos outros dois discos, pra fechar a trilogia. Desde o começo de 2007, como a gente tinha muito material, a gente pensou em fazer um disco duplo ou fazer três EPs, daí virou um disco, um EP, e esse é um outro EP que acabou virando um disco.
A gente tinha essas músicas soltas e a gente começou a colocar mais e mais música, a achar um monte de coisa legal e gravar músicas novas também. Do nada numa conversa que a gente teve com a Katia Suman ela falou que nunca tinha gravado um disco. Aí eu falei “então vamos dar um jeito nisso”. Depois eu pensei justamente em criar um programa de rádio que unisse essas músicas tão diferentes entre si.
A partir daí eu pirei nas coisas que o próprio Kurt Vonnegut, que tinha inspirado os outros dois discos também, falava nesse conto Gilgongo que ele cita no Café da Manhã dos Campeões, que era sobre uma civilização alienígena que vibrava com a extinção de vidas. Daí eu pirei que seria sobre esses alienígenas invadindo a Terra e vibrando com a extinção de uma rádio. Tinha também o material do Plato Divorak fazendo as receitas e tal, então a gente juntou essas coisas numa coisa só e criou o conceito. Mas isso foi uma das últimas coisas que a gente definiu no disco, inicialmente ia ser um disco puramente musical.

Qual a diferença entre Gilgongo! e o resto da trilogia?
Cada um tem uma produção bem diferente. No primeiro EP (Adeus, Segunda-Feira Triste) a gente já tinha duas músicas, gravamos outras e finalizamos tudo. No disco inteiro (Eles São Assim e Assim Por Diante) a gente já tinha as músicas, gravou todas só que por pedaços e depois colava e montava elas de outras formas, fazendo um tipo de cut-up e montou de um jeito maluco. Pra Gilgongo tinha alguns desses trechos de músicas que tinham sobrado de pedaços das músicas e a gente queria finalizar, acabar de usar. Tinha uma música inteira com o Borghettinho tocando, uma música inteira com o Plato cantando, e tínhamos músicas novas também se pintando. Inventar essa historinha da rádio, inventar tudo isso por trás foi um processo totalmente diferente. Os três são completamente diferentes mas de alguma forma a gente conseguiu juntar os três, tanto no clima meio absurdo quanto nas referências do Kurt Vonnegut o tempo inteiro.

Como foi unir essas referências tão diferentes?
O disco tem tanta participação especial, tanta gente diferente – não são escolhas comerciais. São escolhas entre amigos, pessoas que a gente admira, ou pessoas de dentro de bandas que a gente admira. chama um cara do Walverdes, um cara da Ultramen, uns amigos nossos que tão morando no exterior…dá um clima diferente desses discos com participação especial. Não é a gente chamando a Marina Lima, a Simone e a Fafá de Belém (risos). São os nossos amigos ou pessoas que a gente admira. E porque são próximos a nós também. O Frank Jorge participar do projeto todo faz muito sentido porque ele já tocou com a Bidê, fez mais de quatro shows quando a gente precisou de alguém pra tapar buraco.
A gente acaba homenageando a Ipanema por ser uma rádio que foi extinta, cuja voz mais icônica é a Katia Suman, onde eu tinha um programa com o Plato Divorak, onde ele fazia os Duchers, ele falava dos Duchers no nosso programa. Rola essa homenagem por trás de tudo, de todas as referências do Kurt Vonnegut.

Tu é fã de ficção científica?
Eu sou bastante fã de ficção científica. Eu era mais, agora sou fã dessas coisas que misturam loucuras. O Kurt Vonnegut tem essa viagem, ele fala sobre termos caros à humanidade sob a perspectiva desse escritor. Ele tem um personagem, um escritor chamado Kilgore Trout, e o nome da trilogia é Kilgore Trio. Desde os anos 50 até os 90 e tantos ele tava escrevendo sobre o Kilgore Trout. É sempre um escritor de ficção científica que só publica seus contos em revistas pornográficas (risos), então tem sempre essa coisa espacial. O [Leandro] Sá curte muito ficção científica, eles [o resto da banda] são meio abobados dos anos 80 que nem eu, então a gente curte aquele clima meio Blade Runner. (risos)

E como vocês escolheram as vinhetas?
A gente escreveu tudo. Nem todas estavam prontas quando a ordem do disco tava pronta. Eu sabia algumas, e a gente tinha toda o material do Plato. Ele (o disco) foi montado depois com o Petraquinho dos Cartolas, eu, o Sá, o pessoal da banda, o produtor do disco também. Tem um comercial de limão ali no meio (risos) que é a filha da Vivi (Peçaibes) quando era pequena cantando, ela inventou aquela música junto com o Sá há muito tempo atrás. Não que a Vivi seja velha (risos), mas a guriazinha era bem pequena. A gente propôs também que tivesse um comercial do estúdio onde a gente tava gravando e contrataram uma locutora portuguesa (risos). Não me pergunte porquê, se eu não entendo nem as minhas coisas, as dos outros eu não entendo também.

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03/11/2015

Marta Karrer

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