Fotos: Lucas Neves
Se sexo é o que importa, só o rock é sobre amor. É o que diz o titulo do primeiro disco da Bidê ou Balde, mas também é o que mostrou o show desta terça-feira no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.
Desde 1998, quando aquele grupo de amigos da faculdade resolveu montar uma banda e tocar coisas lindas para nossos ouvidos, ganhar prêmios, tocar no país inteiro, gravar clipes excelentes e discos mais ainda, a Bidê ficou bem pertinho dos fãs que tanto os amam. Nesse show, literalmente, eles ficaram a menos de um metro do público tocando aquele repertório que parece ter saído da cabeça dos fãs com músicas praticamente nunca executadas ao vivo.
O grupo começou tirando sorrisos do público com aquela narração chata de teatro, mostrando como se comportar e tal, mas neste caso narrada pelo próprio vocalista Carlinhos Carneiro. “Microondas” já fez todo mundo esquentar a voz para as músicas a seguir, com aplausos demorados e de pé por parte dos presentes – a alegria desta vez ficou estampada na cara da banda por estar ali, com aquele gente toda como fãs. Depois de “Matelassê” e “Tudo funcionando direito”, Carlinhos discursou como um pastor evangélico convertendo a galera em devotos dos seus instrumentos de percussão de cores diferentes emendando um coral uníssono de “Aeroporto” que deixou todo mundo sentindo que, apesar dos lugares marcados, a vontade era mesmo de pular e cantar o mais alto que puder como em qualquer casa de show. “Lucinda” chegou com um arranjo diferente depois de passar muito tempo longe das guitarras de Sá, já que o grupo não costuma tocar ela.
A primeira participação da noite veio com Maneco da banda 50 Tons de Blues acompanhando em “Tudo bem” com uma washboard (instrumento de percussão que mais lembra um tanque de lavar roupa), dando um ritmo de novidade para antiga música do primeiro disco de 2000. Ninguém mais segurou os joelhos dobrados quando anunciaram o primeiro sucesso, “Melissa”, que agora sim, com a voz bem preparada, foi cantada de pé em plenos pulmões pela plateia.
“Me deixa desafinar”, “Na mesma cidade” e “Gerson” prepararam o terreno para as declarações de amor que a banda dividia com todos ali. O vocalista dedicou “Pelo menos isso” para sua amada que estava presente e, em algumas canções depois, “Lucinha” para a dona do coração do guitarrista Rodrigo Pilla (para quem a música foi composta de verdade) e por último e não menos lindo, “+Q1 amigo” para sua filha que infelizmente não estava presente, junto com as outras crianças e bebês que estavam com seus pais, passando o gosto por gerações.
Vivi deixou os olhos e os ouvidos de todos brilhando assumindo o vocal na canção mais “coisa querida” composta por eles, “Soninho”, diretamente do já clássico disco, Outubro Ou Nada! (2002), já encaixando com “Cores Bonitas”, música com um dos clipes mais legais já feitos no país.
A segunda participação chegou logo com Serginho Moah do Papas da Língua, combinando com Carlinhos no terno e gravata e cantando “João da Silva”, bela música que ele divide os vocais no mais recente disco da banda. Citando fãs e amigos, e deixando por último “Eles são assim”, “Bromélias” e “Mesmo que mude”, a Bidê ou Balde se despediu dessa noite para ser lembrada no belíssimo teatro clássico da capital do estado com um tom mais acústico e arranjos novos. Mostraram que com certeza tudo é feito com muito coração e dedicação dos músicos, especialmente para os apaixonados pelo estilo e sinceridade da banda.
Cada um dos presente saiu com um belo sorriso no rosto, leves com a terça de diversão e sabendo que, seja de fãs, amigos, namorado(a)s ou mesmo de pai, só o rock é sobre amor de verdade, e que “Eles são assim, e assim por diante”…