Ao ver a foto dessa loirinha aí acima, você poderia dizer: “ela poderia muito bem ser minha colega na universidade”. Mas, aos 23 anos, Sanne Putseys, ou melhor, Selah Sue, seu cabelão e sua voz, já somam bons acessos em vídeos no Youtube – algo como 25 milhões – e ótimas vendas do álbum de estreia nas prateleiras europeias – já ultrapassam 400 mil cópias.
Foi com 15 anos que a pequena belga se apegou no som de gente grande como Lauryn Hill e Eryka Badu. Caiu na graça do reggae, soul e funk, descobriu que podia fazer algo – no mínimo – parecido.
O resultado veio em 2011. Com o debut homônimo, Selah levou pra casa o prêmio principal no European Border Breakers Awards. E repetiu a dose em 2012, agora como a escolha do público. Raggamuffin, o segundo disco, chega aos EUA em agosto.
É sobre um pouco de tudo isso que Selah conversou com a gente. Recomendamos.
NOIZE: Onde você se encontra na música? Soul, neo-soul, hip-hop, reggae….
Selah Sue: Dá pra dizer que meu primeiro álbum estava mais para eletro que pra soul, hip-hop. Agora, no meu segundo disco estou mais focada no soul, com um pouco hip-hop, um pouco de eletro… Uma combinação de várias coisas, na verdade.
NOIZE: Você tem apenas 23 anos, já ganhou prêmios, muitos views no YouTube e etc. Você já quis ter sua “vida normal” de volta? Por exemplo, voltar pra Universidade e seguir uma carreira um pouco mais anônima?
Selah Sue: Na verdade, eu amo essa vida. Nunca estive tão feliz quanto nesses dois últimos anos. E não é só sobre o sucesso, mesmo que isso seja incrível. Eu tenho meus pés bem firmes no chão, mas eu realmente estou aproveitando o momento, eu posso ver o mundo, viajar, posso fazer música todo o dia, conhecer gente interessante. Estou amando. Estou muito, muito, feliz.
NOIZE: Dá tempo pra ser uma artista e só uma garota de 20 e poucos anos? Sobra tempo pra namorar?
Selah Sue: Para namorar? (risos) Eu administro bem o meu tempo, trabalho durante a semana, mas tenho meus finais de semana, não estou nessas de só trabalhar. Eu passo bastante tempo com a minha família, meus amigos, e garanto meu tempo livre, que eu possa ter mais de duas semanas em casa. Acho que eu administro meu trabalho/vida muito bem.
NOIZE: E falando em final de semana, você curte sair, fazer festa? Ou isso pode ser um problema para a sua voz?
Selah Sue: No início eu não estava muito focada, fazia mais o tipo whatever. Mas agora eu realmente tenho que cuidar da minha voz. Beber e fumar demais tem um efeito muito ruim sobre ela. Eu preciso das minhas 8 horas de sono. Mas não é algo muito difícil pra mim, não sou o tipo de pessoa que quer sair o tempo todo até as 6 da manhã.
NOIZE: Você já andou pelos palcos com Prince, Jamie Lidell, artistas há um bom tempo na estrada. Pra chegar até aí, sendo “tão jovem”, é preciso se impor de alguma maneira?
Selah Sue: Não, isso tem a ver com a sua personalidade. Você só tem que ser você mesmo. Agora eu tenho uma companhia, eu tenho que pagar pessoas, estou no meio do business. Nesse sentido é que tenho que ser forte. Mas para estar ao lado de pessoas como essas, eu só preciso ser eu mesma. Nunca fiz aula para aprender a cantar ou compor. É algo natural. Não é uma questão de ser forte ou não, só preciso fazer o que faço.
NOIZE: Você também se apresentou com Cee Lo Green, certo? Quem seria seu “sonho de consumo” para dividir o palco?
Selah Sue: Eu não me importo tanto em fazer parceria com grandes nomes, mas com gente realmente boa e talentosa. Seria uma grande honra trabalhar com Flying Lotus algum dia, é simplesmente incrível o som deles.
NOIZE: Qual é o instrumento que você mais gosta?
Selah Sue: Eu toco violão, eu tive dois anos de aula de violão clássico… De resto, tiro de ouvido, piano, guitarra. Mas eu amo bateria.
NOIZE: Você tem intimidade com a moda?
Selah Sue: Não mesmo. Não sei nada sobre marcas, designers. Mas assim como sei muito bem o que gosto musicalmente, sei com relação ao que gosto de vestir. Simplesmente visto o que eu gosto. Eu não ligo. Sempre foco no meu cabelo. Não sei nada sobre moda, mas adoro estar bem vestida, como toda mulher.
NOIZE: Você acha que as mulheres, no mundo da música, se preocupam mais com a aparência do que os homens?
Selah Sue: Sim, acho que de certa forma é importante. Mas também é importante não forçar. Eu gosto de me sentir bem no dia-a-dia e também nos palcos, então não se trata de um grande esforço para mim.
NOIZE: Você tem algum vício?
Selah Sue: Yeah, of course. Quando eu viajo, leio muito dessas revistas estúpidas de fofoca sobre famosos. E eu realmente odeio… Não me orgulho nem um pouco disso.