Entrevista | Deekapz expõe sets inovadores e confirma álbum para 2023

27/09/2022

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Gabriela Amorim

Por: Gabriela Amorim

Fotos: Mayã Guimarães/Divulgação

27/09/2022

Ostentando uma identidade musical e visual ímpar, o duo Deekapz vem exibindo suas produções originais, remixes e flips, que mesclam suas influências do global bass com o contexto brasileiro de beats tropicais. Encarregados dos beats de seis faixas, das nove, presentes no disco Bluesman (2018), de Baco Exu Do Blues, além de realizar uma participação na música “Kanye West Da Bahia“, do mesmo álbum. Os amigos já conquistaram no portfólio projetos com nomes que passam por Criolo, Tropkillaz, Arnaldo Antunes, Rincon Sapiência, Pabllo Vittar, Kevin O Chris e outros.

Naturais de Campinas (SP) e Hortolândia (SP), cidades do interior de São Paulo, Paulo Vitor, 24, e Matheus Henrique, 25, se conheceram em uma B2B, ou seja, dividindo o set, ao mesmo momento, em uma festa privada. O projeto acabou nascendo e no primeiro momento a parceria dos amigos se destinava para o gênero do trap, no ano de 2014. “Sabe quando você consegue se identificar com aquilo? Eu não sabia como e nem quando, mas eu achava possível fazer isso [música eletrônica]. Depois comecei a me aprofundar mais na parte de produção musical, porque até então eu gostava muito de misturar as faixas, de enxergar novas possibilidades”, diz Paulo em entrevista concebida para a NOIZE.

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Vivendo na capital paulista, desde o primeiro semestre do ano, a dupla é residente em uma casa noturna, localizada no bairro de Pinheiros, onde discotecam toda quinta-feira. O trabalho de qualidade, derivado de uma fusão do Funk, Soul e House, já proporcionou a Paulo e Matheus duas turnês pela Europa, nos anos de 2019 e 2020. Hoje eles constam com outra tour na agenda, confirmada para dezembro, pelo continente europeu.

Alcançando oito anos de carreira em 2022, o duo Deekapz tem inúmeros EPs divulgados no mundo, sendo cinco deles, Voragem (2021), Jewel Gems (2021), Ensaio Sobre Você (2021), Poly (2021) e Super Funk (2021), revelados no decorrer do último ano. “A principal motivação é a curiosidade, brincar com os estilos musicais. Os EPs sempre surgem depois de um laboratório, nosso som não tem rótulo”, declara Matheus.

— “É muito massa entrar nesse circuito, ganhar esse espaço, porque querendo ou não, é muito difícil, ainda mais sendo preto, morando no interior, sendo de periferia. ” Paulo Vitor

Quando é o assunto é sobre o disco de estreia, os amigos transmitem com felicidade para os fãs que no próximo ano será lançado o tão aguardado álbum. “Agora estamos produzindo mais, trocando mais ideia sobre o disco. Era um projeto que nós estávamos querendo fazer desde 2020”, assegura Matheus. “Ontem mesmo rolou a primeira audição do disco, a gente já está construindo ideias, trazendo para nossa equipe, e ano que vem ele estará aí.”, resume Paulo.

Agitando as pistas com seus sets dançantes e únicos, a dupla não se priva a lugares e shows fechados, neste ano eles desenvolveram a festa 0800, realizada no Vale do Anhangabaú, centro histórico de São Paulo, de um jeito democrático. O evento já recebeu três edições, sendo duas delas na capital paulista e outra no Rio de Janeiro, junto ao coletivo Wobble.

“A proposta surgiu de um dos membros da nossa equipe, o João Falsztyn, nosso diretor criativo. Ele já trabalhou com festas de rua, já organizou com outros coletivos. Ele veio com o propósito dessa festa e a gente animou muito, mesmo sem saber como iríamos fazer. Hoje fazemos em um bar, eles cedem a energia para a gente e nós fazemos a divulgação do espaço e todo mundo sai sorrindo”, brinca Paulo.

“Nas próximas edições nós queremos chamar pessoas de outros Estados do Brasil, que são difíceis da gente ver tocando aqui em São Paulo. Também estamos vendo como melhorar a nossa questão de estrutura, de pagar melhor os colaboradores, esse tipo de coisa”, ressalta.

Vivenciando uma criatividade efervescente resultado de uma construção musical forte, a dupla realizou na última sexta-feira (23) o evento Deekapz Experience, com participações de VHOOR e da DJ Esteves, no recém aberto Cine Clube Cortina. Com ingressos esgotados, a dupla performou quatro horas de set, um para cada ato, em uma experiência audiovisual. A instigação por estar em estado constante de produção, ao mesmo tempo que se tem como propósito os DJs sets, a pesquisa e a atração pela música, são os motores que estabelecem um vínculo entre as duas mentes férteis, sendo possível, assim, ir cada vez mais longe.

“Nós estamos vivendo muita coisa que a gente achou que ia demorar um tempo para acontecer. Sou muito grato por falar para minha família que eu vivo de música, eu falo com propriedade. É muito massa entrar nesse circuito, ganhar esse espaço, porque querendo ou não, é muito difícil, ainda mais sendo preto, morando no interior, sendo de periferia. Chega uma situação que a gente tem que empurrar nossa sonoridade, empurrar nossa identidade e chega um momento que não tem como, atura ou atura”, finaliza Paulo.

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27/09/2022

Gabriela Amorim

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